number one

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Hyna pov

Sentia algo gélido nas minhas costas, estava deitada. Não conseguia mexer minhas mãos, estavam presos em algo, meus pés se encontravam na mesma situação.

Abri meus olhos lentamente, percebendo que havia uma luz forte que impedia-me de abri-los.

- Ela está acordando! - uma voz masculina ecoou pela sala.

Consegui acostumar meus olhos com claridade do local facilmente, mas ainda sentia meus pés e mãos presos. Olhei para os lados vendo que estava em uma sala totalmente branca, deitada em uma maca, com minhas mãos e pés acorrentados. Tentei gritar mas saíram abafados, algo estava grudado na minha boca.

Ouvi passos se aproximando, então um rapaz que aparentava ter 40 anos, vestido com uma terno cinza e uma gravata vermelha, surgiu na minha visão fazendo-me gritar ainda mais.

- Não se desespere minha garotinha, o doutor apenas vai injetar um soro na sua veia, não vai doer, eu prometo! - ele sorri. Aquele sorriso me dava arrepios, sentia algo horrível toda vez que o olhava.

Ouvi uma cadeira com rodinhas sendo puxada para o outro lado da maca, olhei rapidamente, vendo um homem com uma máscara e na sua mão, estendia uma agulha com um líquido verde florescente dentro.

Eu estava com medo. Meu coração batia rápido e descontrolado, meu corpo inteiro suava. Em desespero, gritava mas algo atrapalhava meus gritos de socorro, tentava me soltar das correntes, falhando.

O doutor se aproximou, limpou meu braço direito com algodão, em seguida posicionando a agulha a enfiando com cautela no meu braço. Fechei os olhos rapidamente, os apertando com força. Logo, quando a agulha foi retirada, comecei a sentir formigar o local, que foi se espalhando pelo corpo inteiro. Não demorou muito para esse formigamento se esquentar, parecia que quanto mais segundos se passavam mais eu sentia que meu corpo queimava por dentro. Continuei a gritar por ajuda, ainda com os olhos fortemente fechados e tentando me soltar.

- Hyna, Hyna! Acorde! Hyna! - o homem de terno me balançava, mas ele logo se transformou em uma figura que eu conhecia muito bem e estava aliviada em vê-la.

- Vovó! - levantei rapidamente a encarando. Meus olhos marejaram ao perceber que apenas estava sonhando. Olhei em volta, vendo que estava deitada na minha cama.

- Querida, teve aquele sonho novamente ? - ela perguntou preocupada. Eu assenti permanecendo sentada. Minha respiração estava ofegando, meu coração batendo tão forte que eu conseguia ouvi-lo e meu corpo tremia. - Ah, minha linda Hyna, por que ainda tem esses pesadelos? - ela pergunta alisando meus cabelos ruivos.

- Eu não tenho ideia, vovó! Mas sempre é a mesma cena. Eu presa em uma maca, com um rapaz de terno cinza e um doutor injetando algo em mim que me faz sentir coisas horríveis preencherem meu corpo. - falei colocando meus pés para fora da cama.

- Que tal tomar um café da manhã, para se acalmar ? Eu fiz panquecas! - ela sorri. Levantei da cama, pegando em sua mão e a acompanhando até a cozinha.

Senhora Ryun não era minha avó de verdade. Ela me encontrou perdida em um beco quando eu tinha apenas 4 anos, com uma carta que haviam varias informações. Estava escrito :

"Cobaia número 2445

Espécie : Ymbrynin (metade humana, metade raposa). "

Senhora Hyun me explicou que eu era alguma espécie de híbrida. Sem a menor dúvida, ela me tirou dali e decidiu que iria me criar como uma filha que nunca teve. Apesar de ser coreana, eu não estava autorizada de sair pela rua, por causa das minhas orelhas e meu cabelo anormalmente longo e ruivo, mas vovó fazia meus dias não serem tão mórbidos.

- Hyna, querida, precisamos conversar. - Vovó chama minha atenção, me fazendo ignorar as panquecas e passar minha atenção apenas para ela.

- Prossiga, vovó! - falei sorrindo, a encarando.

- Hyna, sua avó não está mais tendo condições de criar você...estou com 87 anos e tenho medo de te deixar sozinha nesse mundo tão perigoso. - Senhora Hyun me olhou de uma forma triste. - Eu liguei para meu neto, e disse para ele cuidar de você quando eu lhe deixasse para sempre. Você entende isso, querida ? - ela alisou minha bochecha com seu polegar.

- Mas, a senhora não pode me deixar assim... - falei com os as lágrimas já escorrendo pelo rosto.

- Eu estou velha, não consigo mais cuidar de você minha querida! Lee Chan, meu neto, é um ótimo garoto e tem grandes amigos de tão bom coração...vão cuidar bem de você. Confia em minhas palavras ? - ela diz sorrindo fraco.

- Confio. - funguei.

- Ótimo, continue comendo, você precisa engordar um pouco. - ela ri tentando tirar o clima de tristeza que percorria a cozinha.

Senhora Hyun tem o dom de tirar toda a tristeza daquela casa. Não havia dias tristes e entediantes naquele lugar, eram sempre alegres e cheios de energia positiva.

Eu amava tanto a mulher que me criou e me tratou como uma filha por tantos anos. Eu não queria a deixar partir, queria ficar com ela para sempre.

7 meses depois...

Senhora Hyun nos deixou no dia 14 de outubro. Faleceu aos seus 88 anos com parada cardíaca. A mulher que sempre animava meus dias, a mulher que sempre cuidou de mim e fez tudo para me ver feliz é confortável. A mulher que me deu toda seu amor, gratidão e graça para o mundo.

Eu havia perdido a pessoa mais importante da minha vida inteira. E naquele momento, eu não sabia para onde iria.

Sentada no grande sofá que havia na casa, que agora, só habitava apenas eu. Lamentava minha perda, com inúmeros lenços de papel, secando cada lágrima que insistia em descer.

Meu momento de luto foi atrapalhado pela campainha. Já fazia uma ideia de quem era, mas não queria atender. Lembrei do que vovó havia falado, então, sem pressa, levantei do sofá ajeitando minha calça e meu moletom preto. Me aproximei da porta abrindo-a, encontrando um garoto que previa ser o Lee Chan ou como sua avó preferia o chamar, Dino.

- Olá, você de ser Hyna! É um prazer conhecer você pessoalmente. - ele sorriu gentil. - Eu vim buscar você, está pronta ?

- Para deixar essa casa ? Sinceramente, não. - respondi abrindo a porta para deixá-lo entrar.

- Você não esta sozinha nesse luto, noona. Eu amava a vovó, assim como você... - ele encara o chão. - Vou sentir falta dela. - sua voz falha.

- Ei, não fique desse jeito, vamos superar essa tristeza. Ok ? - me aproximei tocando no seu ombro.

- Eu sei que acabamos de nos ver mas, você pode me abraçar ? - ele pergunta com os olhos cheios de lágrimas.

- Claro. - sorri fraco. Entrelaço meus braços no seu peitoral e o mais alto abraça minha cintura.

Não conseguia segurar minhas lágrimas, então as soltei.

My Hybrid ❂ LEE CHAN Onde as histórias ganham vida. Descobre agora