Segunda Temporada - Capítulo 2

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Mas minha mãe não sorriu para mim. Ela estava me fitando como quem dizia "você está cometendo um erro", e isso me machucou porque desde que cheguei aqui ela foi a única a me apoiar. Eu não me sentia tão mal porque sabia que havia pelo menos uma pessoa que iria me dizer que eu estava fazendo o certo.

— Você não é mais a mesma, Louisa. Antes a casa era uma barulheira com você aqui dentro e lá do quintal eu podia ouvir sua gargalhada enquanto estendia as roupas.

Coloquei a xícara sobre a mesa de centro da sala e respirei fundo. Olhei para ela, tentando ler seu olhar e entender o que ela queria dizer com isso tudo, mas não consegui obter nada. Respirei fundo.

— Não sabia que eu tinha que dar gargalhadas enquanto tem uma pessoa tentando me matar.

Ela abriu a boca, mas não disse nada. Merda, porque eu falei isso? Ela começou a fazer cara de quem sofreu só de ouvir o que eu disse.

— Mamãe, por favor, me desculpe, eu não quis...

— Eu vou terminar de lavar a louça.

E então ela se levantou antes de eu conseguir tocar a perna dela com a mão e me desculpar. Fiquei ali sentada vendo suas costas tensas se afastarem de mim. Ela podia estar apenas preocupada, mas eu não compreendi. Os dias que passo trancada dentro de casa apenas me deixa estressada.

Disquei o número de Treena no telefone fixo e aguardei os toques até ela atender. Precisava falar com alguém. Estava me sentindo culpada pelo que disse para minha mãe.

— Alô?

— Treen, sou eu, a Lou.

— Ah, Louisa, puta merda, porque você não me ligou antes?

— Desculpe. Eu estava com medo.

Puta merda — Ouvi uma voz ao fundo e era Thom repetindo o palavrão. — Thomas, não diga isso, é muito feio. Não diga! — Ela tapou o bocal com a mão e apenas ouvi alguns sussurros abafados de ensinamentos. — Você até fez eu falar palavrão na frente do meu filho!

— Desculpe.

— O que você tem feito nesses dias? Quero que saiba que o Will bate aqui em casa pelo menos duas vezes por dia para saber de você. E tem sempre um carro preto passando aqui pela frente com um dos seguranças dele. Acho que está pensando que você está aqui.

Fiquei em silêncio por um minuto. Ele está me procurando. Fechei os olhos, segurando o choro, me convencendo pela milésima vez que só estou aqui para o bem dele.

— Eu não coloco um pé para fora de casa. É tediante.

— Você vai deixar o cara sem informações até quando?

— Até eu ter certeza de que não há mais perigo.

— Por que você sempre quer ser a heroína da história?

Hein?

— Desde pequenas você sempre quis ser a protagonistas, Treen. — Bufei. — Deixei-me fazer alguma coisa decente a primeira vez na vida.

— É verdade, eu nasci para ser o centro das atenções. Mas achei que a frase combinava com o momento.

Uma risada inesperada saiu de mim. Surpreendi-me, porque essa foi à primeira vez na última semana que eu sorri.

— Sinto sua falta, Treen. — Despejei as palavras sem pensar.

— Também estou com saudades, Lou. Volte logo para casa.

É o que eu mais quero.

— Só depois de eu concretizar meu papel de heroína. — Ela riu alto do outro lado da linha. — Acho que mamãe está pensando que eu estou depressiva. Hoje mesmo estava reclamando que eu não sorria, e acho que fui um pouco cruel com ela.

Como eu era antes de você (Hot Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora