Peder girou na cama e observou a janela onde os raios faziam reluzir as gotas de chuva que escorriam pelo vidro.

Voltar à corte da Dinamarca após tanto tempo lhe pareceu melhor do que esperava. Após a aquisição de terras tiradas da igreja católica, após o país ter se tornado protestante, e com a sua brilhante inteligência para gerir negócios ele estava prestes a se tornar no nobre mais rico, e os demais, por interesse, apinhavam-se ao redor dele quase lambendo suas botas. Entretanto, o que mais o deixou feliz ao retornar para a corte foi a bela visão de lady Catherine. Mulher linda...

Riu sozinho ao lembrar da selvageria dela.

Ajeirou-se na cama cruzando os braços atrás da cabeça e os usando como apoio.

Dormia mal com barulho e os trovões da chuva, que chegara de madrugada, deveriam ser incômodos, mas não foram pois sua cabeça estava perdida nas belas curvas que lhe marcavam a memória.

- Frederick, seu bastardo. Não pode sempre ficar com os melhores vinhos, vossa alteza.

Peder era um conquistador e Catherine era a mulher à altura de seus galanteios. O desafio perfeitamente arriscado no qual se jogaria de cabeça. Que Frederick arrumasse outra amante, aquela beleza divina seria de Peder e ele estava ansioso pelo desafio de fazê-la ceder e ir além do limiar do medo.

O raio que iluminou o quarto revelou o sorriso largo no rosto do nobre. Era tão bom em conquistar mulheres quanto era com terras.

- Catherine, vejamos até onde consegue resistir.

A manhã seguinte ao baile foi um dia estranho para um início de primavera. O sol que costumava ser fraco, mas que aparecia timidamente entre as nuvens, não quis dar o ar de sua graça. Estava tudo assombrosamente cinza.

Catherine já estava de pé, tinha dúvidas se havia dormido em algum momento após deixar o quarto do rei. No entanto com o nascer do dia cresceu a esperança de que todos os tormentos do baile ficariam para trás. Que os pensamentos em Peder seriam esquecidos.

Não esperou que sua criada lhe trouxesse o desjejum, estava sem fome e ansiosa por ocupar a cabeça e se livrar dos assombros pensamentos sobre uma possível punição.

Com uma pressa notada pelos criados, Catherine atravessou corredores e escadas até o ateliê de Merriam. Quando apoiou a mão sobre a porta, estava um tanto ofegante. Mas ajeitou o cabelo e a postura antes de entrar.

A condessa quase espetou o dedo em uma agulha com o susto provocado pelo estrondo das portas se abrindo.

- Catherine! O que faz aqui tão cedo? – Colocou o tecido que bordava sobre uma mesa na lateral da sala e se levantou.

- Perdoe-me se é tão cedo. Eu estava bem ansiosa.

- Ansiosa para que, querida? Não me recordo de estar lhe preparando outro vestido.

- Não é isso, Merriam. Frederick me permitiu ajudá-la.

A condessa gargalhou.

- E porque a cortesã do rei que pode possuir qualquer coisa que deseje, espetaria seus dedos e ganharia calos nas mãos ajudando-me a fazer vestidos?

- Meus dias são bem tediosos. Acredite.

- Mãos ásperas podem ser de desagrado do rei.

- Ele pouco se preocupa com as minhas mãos. – Catherine bufou.

Merriam olhou para os seios fartos que eram exibidos pelo decote do vestido e compreendeu as palavras de Catherine.

- Tudo bem. Tenho muito trabalho e não vou negar uma boa ajuda.

A cortesã do rei ( Degustação)Where stories live. Discover now