Prólogo

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Londres, 1880.

Uma nova temporada se iniciava. Era época em que as mulheres corriam para todos os lados atrás de uma boa costureira para lhe fazerem os melhores vestidos, para estarem à altura da sociedade aristocrática. Tanto as mães quanto as filhas, ficavam extasiadas com a oportunidade de conseguirem um bom partido. Um Conde, Duque ou Marquês, não importava o título, desde que tivesse posses e condições de lhes oferecer uma vida abastada.

Para Alice Hack Kaufmann era sua primeira temporada e seus olhos já haviam brilhado por um dos membros da sociedade. E de certa forma, ele também se mostrara interessado na menina. Pudera, era uma jovem excepcionalmente bonita, traços marcantes. Cabelos castanhos, olhos marcantes, possuidora de curvas que deixavam qualquer homem louco de desejo.

Alice não era de uma família excepcionalmente rica e poderosa, entretanto, possuíam alguma coisa que lhes davam certo conforto. Não ao extremo, e exatamente por isso, sua mãe lhe dizia que deveria casar-se com alguém que lhes proporcionasse o triplo do que estavam acostumadas.

Lucius Oldenberg era seu nome. Alto, esbelto, cabelos claros e olhos azuis, herdeiro de um condado. Era preciso pedir algo mais? Alice estava tão feliz com a ideia de finalmente ter encontrado seu verdadeiro amor que deixou de ver as coisas que aconteciam a seu redor.

E elas aconteceram rápido demais. Lucius, rapidamente a visitara com um ramalhete de rosas amarelas e lhe comunicou seu interesse em um matrimônio com a jovem. Viviana, sua mãe, suspirou de felicidade e se dispôs a preparar tudo para que dentro de um mês se casassem.

Penélope Ristoff era sua melhor amiga, haviam crescido juntas e se mostrava contente pelo matrimônio que sua amiga conseguira conquistar. Sua amizade era tanta que por várias noites, chorara no colo de Alice, dizendo que jamais conseguiria chamar a atenção de algum homem que valesse a pena. Alice, bondosa como era, acariciava os cachos dourados de sua amiga, rogando para que se acalmasse e lhe garantindo tudo daria certo, e que ao final, quando estivesse casada, conseguiria um marido digno para ela, que mais considerava como uma irmã.

Se passaram os dias e Alice não percebia os olhares trocados por Penélope e Lucius. Eles riam em suas costas e a pobre jovem acreditava que tudo estava bem e em breve estaria casada com seu grande amor.

Até que em certo dia, em um baile qualquer, Alice procurou por Penélope e não a encontrou em lugar algum. Perguntou aos criados se haviam visto a senhorita Ristoff e todos eles negavam. Procurou por Lucius e também não o encontrou, até que um criado disse que o vira subir as escadas.

― Creio que se sentiu mal... – Alice sorriu timidamente. ― Vou procurá-lo.

Não era certo uma dama ir atrás de seu noivo em lugares que estavam fora do alcance de olhares meticulosos, entretanto, algo dentro de si dizia que deveria ir atrás de Lucius.

Alice subiu lentamente as escadas e percorreu o extenso corredor. As músicas do salão formavam ecos no local em que estava. Ouviu vozes abafadas e risos vindos de um dos quartos. No mesmo instante, uma tremedeira se apossou de Alice e a sensação de que algo não estava bem.

Com a curiosidade à flor da pele, colocou a mão na maçaneta e a girou lentamente. Foi então que seus olhos flagraram aquilo que temia. O casal nu em cima da cama parou o que fazia e a encararam. Todos em silêncio.

Alice não viu mais nada, pois sua visão se embaçou com as lágrimas que rolavam por seu rosto. Lucius se levantou e procurou por suas roupas.

― Eu... não...

― Como pôde trair-me desta maneira, Penélope? – gritou, interrompendo o homem a sua frente.

Alice não se dirigiu a Lucius imediatamente, primeiro cravou os olhos em sua amiga ou... que pensava ser sua amiga. Penélope não mostrou nenhum sentimento a não ser indiferença e quando Lucius quis sair para falar com Alice, esta o puxou de volta.

― Me espere!

Oldenberg gritou no instante que a viu sair correndo. Vestiu suas roupas rapidamente, ignorando os protestos de Penélope. O arrependimento gritou em seu peito, mas já era tarde demais.

Alice correu como louca. Esbarrou em alguns criados que deixaram a bandeja cair fazendo um barulho ensurdecedor. Finalmente alcançou a porta e quando olhou para trás viu seu noivo na ponta da escada.

Estava tão atordoada, por Deus! como ele pôde enganá-la daquela maneira? E o pior, como Penélope, que dizia ser sua melhor amiga podia ter se deitado com o homem de sua vida?!

Chorou a dor que estava presa em seu peito e abriu a porta, correndo pela escadaria e desviando-se de algumas carruagens. Com a visão embaçada, avistou um cavalo e o criado distraído demais para ver quando ela montou desajeitadamente e incitou o animal para que corresse.

― Menina volte aqui! Esse cavalo só pode ser montado por quem o conhece!

O criado gritou, mas era tarde demais. Alice só percebeu quando o cavalo relinchou e ficou em pé nas patas traseiras, demonstrando que não aceitava que desconhecidos o montassem. A jovem não teve forças suficientes e então caiu no chão, sentindo a dor agonizante quando suas costas atingiram a grama.

― Alice!

Ouviu algumas vozes gritando seu nome, porém, mas a dor era tanta que seus olhos se fecharam e não sentiu absolutamente mais nada.


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Traga-me para a Vida (Os Thompson's - Livro I) (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now