Not Good...

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"Ainda sou eu, sei que você não me reconhece maisPorque eu não me reconheço tambémPra mim, tudo ainda é novo

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"Ainda sou eu, sei que você não me reconhece mais
Porque eu não me reconheço também
Pra mim, tudo ainda é novo."
Turista -Haikaiss.

Sarah Torres

Eu acordei mais humana na manhã seguinte, a alegria que senti ao olhar Spencer deitado ali, dormindo calmamente foi quase insuportável.
Liguei o som baixinho e fui pra cozinha.
Claro que ainda doía, mas eu não podia parar.
Acho que era um pouco mais que isso, mas não me importei.
Tudo que eu queria era fazer panquecas e deixa-lo acordar com calma.
O telefone dele tocou no criado mudo e eu corri pra atender.
-Torres. - disse.
A linha ficou muda.
-Sarah? -Penélope perguntou. 
-Sim. - Digo apoiando o telefone entre o pescoço e o ombro
-O pretty boy tá bem? -Ela me pergunta
-Dormindo.  -Eu digo simples.
-Ah...-Ela parece supresa. -Temos reunião em uma hora.
-Claro.  Nós vamos. -Digo jogando a panqueca pra cima.
-É bom de ter de volta pretty girl -Ela diz e desliga.
Eu desligo o fogo e jogo o pano em algum lugar da cozinha, pego umas frutas na geladeira e um pote de mel, arrumo os pratos rapidamente e coloco duas cápsulas de café na máquina.
Spencer ainda dorme mesmo  depois do barulho então eu me ajoelho na cama.
-Spence? -Chamo devagar -Spence!!!
Ele faz um som baixo de despertar.
-uh?
-levanta baby, você vai fazer a gente se atrasar.
-Eu.. Eu o que?- Ele pergunta abrindo um olho por conta da claridade.
-Tá tarde, e nós temos uma reunião em 50 minutos. -Eu digo dando um beijo no rosto dele.
-É cedo...Você já tomou banho? - Perguntou me olhando com cara de cachorrinho pidão.
-Não... Vem. -Eu o pego pela mão, e ele joga o braço em volta de mim.
-Vamos ficar... Você voltou e eu quero recuperar o tempo.-Ele diz.
-Doutor Reid, você vai ser negligente?
-Eu? - Ele diz beijando pescoço -Eu só queria um pouco de paz.
Me sinto culpada, porque sei que fui eu quem tirou a paz dele nesses últimos meses.
-Me desculpa. - Digo sincera- Eu sei que não fui muito boa, na verdade eu sei que eu não fui humana nesses meses.-Eu tento me explicar.
-Sarah, querida... Eu sei que foi difícil pra você, foi pra mim também... Só que você se isolou, e entendo que há formas diferentes de lidar com o luto, mas foi assustador demais pra mim te perder assim.-Ele diz abrindo a porta do banheiro sem me soltar.
-Spencer... Eu não sei como vou te explicar... Mas quando eu ouvi que tinha perdido o bebê foi como se eu tivesse morrido.-Eu tento dizer a ele - Eu só consegui pensar na pessoa horrível que eu era, eu tinha matado um homem e perdido meu filho. Quem eu era sem minhas únicas convicções? Spence... Tirar uma vida é a única coisa que eu jurei que nunca ia fazer... Mas naquele dia eu perdi duas, e mesmo que o Arthuro merecesse morrer não queria ser eu a faze-lo. -Eu digo ligando o chuveiro sem coragem de olha-lo nos olhos.
Spence ajusta a temperatura, grudando seu corpo nas minhas costas, e eu percebo que finalmente estamos voltando ao ritmo normal.
Funcionamos como um só de novo.
-Sarah... Você fez o necessário, perdeu uma vida apenas.-Ele diz  pegando meu rosto dos dois lados e me fazendo olhar nas suas profundezas verdes -A única vida perdida foi a que você carregava, e pelo que eu ouvi do médico não foi culpa sua, tudo foi culpa de Arthuro,  ele te drogou. -Ele me diz, me queimando com os olhos.
-Eu sei mas... Eu só consigo pensar nos meus punhos cheios de sangue...-Eu digo. -Eu sonho com isso.
-Eu sei.-Ele me empurra pra água morna. -Olha... Lembra daquela música que você ama?  A das bicicletas? -Perguntou e eu aceno um positivo- Não vou ganhar nada mexendo nas feridas do passado.
Meu olhos enchem de lágrimas por ele citar minha música favorita.
-Eu te amo doutor.- digo.
-Nós vamos nos atrasar.-Ele diz jogando sabonete líquido em nós dois.
***
Saímos do banheiro apressados e as panquecas já estavam frias,as ele roubou as do meu prato enquanto eu roubava seu mirtilos.
Meus dedinhos azuis estavam pegando a cabeça de café quando me dei conta que nós estávamos absurdamente atrasados.
-Meu deus o Hotch vai nos matar. -Eu digo olhando pro relógio.
-Eu sempre chego meio atrasado...-Ele diz pegando as  chaves e eu pego as canecas.
A porta é trancada e nós corremos pro elevador.
É uma cena bonita de se ver no espelho, duas pessoas descabeladas e amarrotadas por dormirem demais com canecas de café fumegante meio abraçadas num elevador.
Spencer me deixou dirigir apenas pelo meu total desprezo as leis de trânsito, só pra garantir alguns minutos a menos de atraso em nossas contas.
-Sarah... Querida, isso é café quente, e as canecas não cabem no porta copos, você tem que  fazer as curvas mais devagar ou eu vou chegar ensopado na reunião. -Spencer me diz sorrindo.
Eu alcanço uma delas quando paramos no sinal vermelho.
-Estamos muito atrasados?
-Dois minutos e contando.
Assim que o sinal abre eu devolvo a caneca já pela metade e piso fundo.
Chegamos ao FBI com oito minutos de atraso, e duas canecas vazias.
Largo as na minha mesa e entro na sala de reuniões de mãos dadas com Spencer.
Pares de olhos me encaram.
-Bom dia, desculpem o atraso... Alguém aqui dormiu demais-Digo sorrindo envergonhada e isso parece assusta-los
-Bom dia Sarah... Bom te ver bem,  já tomou café?- Dave é o primeiro a se pronunciar.
Eu sorrio abertamente.
-Sim.
-Bom dia. -Respondem os outros.
Me jogo numa cadeira, e Spencer aparece do meu lado.
Hotch nos encara enquanto JJ  apresenta o caso.

Quebrados / Trilogia Amores Livro I Where stories live. Discover now