Pedaços

3.5K 169 6
                                    

Sarah Torres


Nós estávamos na frente de metade do clube quando liberamos o perfil.
Cada policial, bombeiro, guarda e homem dos Lake Wards livre na hora da coletiva estava lá.

“Nosso Unsub é um homem, entre 30 e 45 anos, branco, religioso, e ele enxerga os membros do Clube como uma ameaça em potencial.
Ele é bastante possessivo e organizado, estamos procurando alguém com conhecimento em anatomia e explosivos. Uma pessoa solitária,  que pode ter sido prejudicada pelas ações do Clube.
O método sugere uma ligação pessoal com as vítimas e aparentemente isso não foi um caso isolado, nós encontramos os corpos que o Unsub considera dele...”

A descrição continuou e meus olhos estavam o tempo todo sobre Baylee e sua barriga enorme de grávida e o oficial K9 chamado Heart parado do seu lado.
Aaron está olhando os possíveis suspeitos enquanto a equipe passa as informações necessárias.
Eu só quero sumir dali.
JJ parece notar meu desconforto
–  Você está bem?
–  Eu já vi isso JJ. Já passei por isso. – Digo baixinho.
–  Spencer, você pode levar a Sarah pra sala de arquivos? Ela não comeu nada e está passando mal. – Ela diz em voz alta.
Eu arregalo os olhos, como um prato.
– N-não precisa. – Me apresso em dizer.
– Eu acredito que precise, você está pálida e tremendo. – Spencer diz se aproximando de mim, ele me oferece o braço como apoio.
Eu o olho e considero, e deixo que ele pegue meu braço antes de notar o olhar de Arthuro sobre mim.
Ele parece a ponto de explodir bem ali.
– Spencer... Você sabe que pra eles eu ainda sou propriedade de Noxx não é? – Pergunto.
–Você faz questão de não deixar ninguém esquecer. –Ele resmunga.
–Spencer ... Eles levam lealdade a sério, eu sou uma Old Lady por causa do que eu fiz. Eu sou leal ao clube, eles me tiraram de um momento ruim e depois que ele se foi eles me sustentaram de pé. Até a NSA me arrancar deles porque eu fui “retirada do caso”. Dói muito vê-los aqui, reunidos de novo pra se despedir de alguém que amam. – Minhas lágrimas caem livremente agora qie estamos no corredor fora da vista de qualquer pessoa.
Não sei quando acontece, mas quando dou por mim já estou lá com o rosto enfiado no peito dele chorando.
–E-e-eu tenho que p-parar de faz-zer isso c-c-om vo-você. – Digo em meio as lágrimas.
–Aparentemente você gosta de estar aqui. Você sabia que a mente humana geralmente desabafa problemas em pessoas que parecem ser o oposto do que se passa dentro de si. –Ele fala rápido.
–Eu sei Spence... Até onde eu me lembro eu sou formada nisso aí – Digo sem conseguir conter uma risadinha.
–Eu já te disse que esse é um som bonito? –Ele pergunta sério e essa é a hora que Hotchner decide sair da sala com um arquivo nas mãos.
–O perfil já foi... O que vocês estão fazendo assim? –Ele muda a pergunta no meio da frase.
–Eu passava mal, por causa  da sala cheia de homens olhando pra minha cara e sentindo pena de mim. – Digo
–Spencer vá com a equipe, eu e a senhorita Torres vamos conversar. –Ele decreta e com relutância Reid vai embora.
Aaron reabre a porta da sala de arquivos e eu entro lá esperando o sermão sobre a falta de capacidade emocional para lidar com esse caso.
–Sarah... Você está bem? –Até eu me surpreendo com a pergunta.
–Não muito, mas eu preciso fazer isso pelos meus amigos. – Eu coloco uma das mãos no rosto –Dói demais Aaron... Eu vejo eles ali com esperanças de pegar quem está caçando os nossos e é exatamente igual a quando nós tivemos que procurar Marco.
Ele caminha para o meu lado e ao contrário do que eu posso pensar passa os braços em minha volta.
–Eu não vou ser tão gentil assim, não faz o meu tipo. Então se quiser me contar o que aconteceu eu estou aqui pra ouvir. – Ele diz enquanto eu estou lá me sentindo segura.
Eu nunca compartilhei isso, nem sequer Jocelyn ou Matthew sabem direito.
Eu o conheci quando ele foi designado pra me proteger, eu estava descripitografando uma base de lançamento invadida remotamente e tinha que me manter viva. Houve um ataque, e nós ficamos presos num bunker embaixo da  base por três dias. Ele me deu toda a água, não bebeu até que a desidratação estava tão séria que eu forcei água na garganta dele.
“Depois disso fomos resgatados, eu conclui minha missão e ele pediu a transferência para minha unidade. Nós viramos uma pessoa só, estávamos o tempo todo juntos. Nem sei quando aconteceu... Quando a NSA liberou meu veículo a moto foi sugestão dele, e nós tínhamos outra missão em conjunto: Capturar o Serial Bomber. No meio de tudo isso ele me apresentou o motoclube.
Em uma briga de bar um cara sacou a arma, era a terceira vez que eu vinha no bar, e eu vi a raiva nos olhos do homem. Ele levantou a arma e mirou, eu nem sequer pensei, me joguei na frente do cara. O tiro explodiu meu baço,  o que é irônico porque tinha tantos lugares para a bala acertar. Nós ficamos um mês juntos antes de acontecer... O serial bomber enlouqueceu, e começou a me perseguir, ao invés de caça-lo eu era a caça. Nós nos escondemos aqui na cidade, e finalmente Marco me deu o patch, ele me declarou propriedade dele.
Isso era um compromisso,  maior que qualquer coisa que eu já tive. Mas Ben me encontrou e pegou Marco no nosso apartamento, houve luta. Muita luta.
Mas eu não estava perto, eu estava com o resto da equipe pra cuidar da denúncia.
O safado tinha sequestrado e escondido uma criancinha pra nos distrair, e Marco foi pego.
Quando nós demos por falta dele era tarde demais. 
Eu o encontrei amarrado na nossa cama, tinha tanta nitroglicerina presa no corpo dele...
Eu ainda ouço os gritos...
Eu ainda ouço ele mandando eu fugir Hotch, eu ainda sinto os pedaços do corpo dele acertando minha pele.”

Quebrados / Trilogia Amores Livro I Where stories live. Discover now