Eu abri um sorriso sem emoção, encarando a taça de água na minha frente. Era surreal que Joana estivesse supondo que a mulher que eu amava estava em uma vibe diferente da minha. Não ela, não a minha Camila.
- Camila é diferente. – ergui meus olhos para ela e entrelacei os dedos em cima da mesa. – Você precisa estar apenas meia hora com ela para notar isso. Ela já estava nessa página antes mesmo de eu estar. É decidida, intensa, tão madura que as vezes parece ser a mais velha desse relacionamento. Camila não é nada parecida com tudo que eu já tenha visto antes. Pode ser jovem, livre, mas quando ama algo, ama intensamente. E acredite, ela me ama como ninguém jamais amou.
- E você ama de volta, eu posso ver. – ela sorriu compreensiva, pegando em uma das minhas mãos sobre a mesa. – Fico mais tranquila assim. Só quero te ver feliz, Lauren. Você merece isso.
- Eu estou feliz, Jo. – acariciei sua mão pequena e delicada. – Felicidade hoje é meu sobrenome.
Joana concordou com um rápido aceno de cabeça, parecendo imensamente satisfeita com minha resposta. Ficamos conversando um pouco mais sobre Camila, Noah e nossas expectativas para o futuro e quando fizemos nossos pedidos ao garçom, não demorou muito para nossos pratos ficarem prontos. Parecia estar uma delícia e logo começamos a comer como quem há muito tempo não prova algo tão bom. Quando terminamos, eu já não conseguia manter a ansiedade para saber o que diabos Joana queria me falar, então decidi perguntar de uma vez.
- Agora que já comemos e falamos sobre nossas vidas, por favor, me fale logo o assunto principal. – limpei a boca com um guardanapo e Jo me encarou com um olhar distante. – Não aguento mais enrolação.
A japonesa suspirou, tomou um gole de água e se jogou contra o encosto da cadeira, começando a falar. Ouvi palavra por palavra com atenção e, à medida que a história ganhava mais detalhes, meu coração batia um pouco mais rápido. Eu estava recebendo a bomba de uma vez só, mas a sensação era de estar no meio de um ataque, com explosões de todos os lados. Nem ao menos percebi quando o garçom retirou nossos pratos da mesa, Joana pareceu não se importar tampouco. Quando ela terminou, ficamos em silêncio e não consegui disfarçar, me sentia um pouco perdida.
- Tem certeza que não quer ficar lá em casa? Tem um quarto sobrando. – tentei convencer Jo enquanto caminhávamos de volta para o hotel. – Sabe muito bem que eu não me importo.
- Fica tranquila, Laur, você precisa do seu espaço e sei bem que Camila vai lá hoje pelo que você me disse. Eu quero conhecê-la, saber se é isso tudo que a propaganda diz, mas agora não é o momento. Prefiro ficar hospedada no hotel, assim posso sair e entrar a hora que quero e dar um pulinho na Microsoft mesmo sem você por lá. – ela se distraiu vendo algumas pessoas andando na orla e vi suas bochechas corarem. – As pessoas aqui usam pouca roupa na praia, né?
- Isso é normal, não tem nada de feio.
- Feio?! Isso é lindo. Aquele homem correndo com o cachorro então... queria eu estar naquela coleira. – nós duas nos encaramos e soltamos uma gargalhada em conjunto. – Você se deu bem vindo para o Rio de Janeiro, esse lugar é lindo demais.
- Sinto que finalmente achei a minha casa.
- Você se encaixa mesmo aqui. – Joana segurou meu rosto e deu um beijo de cada lado. – Nasceu no país errado, não tenho duvidas. – trocamos uma risada cúmplice. – Bom, vá para casa, relaxe, faça um bom sexo com a sua garota e depois nos falamos.
- Acho que vou aceitar seu conselho. Quer dizer... parte dele.
- Faça o que achar melhor e mais vantajoso pra você.
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Águas de Março
FanfictionRio de Janeiro, berço do samba, das poesias de Drummond, da Boemia de Chico Buarque, das noites na Lapa, da Gafieira. Rio de sorrisos, do futebol de areia, da água de coco, da cerveja gelada. Lar dos cariocas, das mulheres perfeitas, dos playboys ma...
32 - Idas e Vindas.
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