32 - Idas e Vindas.

Começar do início
                                    

Eu abri um sorriso sem emoção, encarando a taça de água na minha frente. Era surreal que Joana estivesse supondo que a mulher que eu amava estava em uma vibe diferente da minha. Não ela, não a minha Camila.

- Camila é diferente. – ergui meus olhos para ela e entrelacei os dedos em cima da mesa. – Você precisa estar apenas meia hora com ela para notar isso. Ela já estava nessa página antes mesmo de eu estar. É decidida, intensa, tão madura que as vezes parece ser a mais velha desse relacionamento. Camila não é nada parecida com tudo que eu já tenha visto antes. Pode ser jovem, livre, mas quando ama algo, ama intensamente. E acredite, ela me ama como ninguém jamais amou.

- E você ama de volta, eu posso ver. – ela sorriu compreensiva, pegando em uma das minhas mãos sobre a mesa. – Fico mais tranquila assim. Só quero te ver feliz, Lauren. Você merece isso.

- Eu estou feliz, Jo. – acariciei sua mão pequena e delicada. – Felicidade hoje é meu sobrenome.

Joana concordou com um rápido aceno de cabeça, parecendo imensamente satisfeita com minha resposta. Ficamos conversando um pouco mais sobre Camila, Noah e nossas expectativas para o futuro e quando fizemos nossos pedidos ao garçom, não demorou muito para nossos pratos ficarem prontos. Parecia estar uma delícia e logo começamos a comer como quem há muito tempo não prova algo tão bom. Quando terminamos, eu já não conseguia manter a ansiedade para saber o que diabos Joana queria me falar, então decidi perguntar de uma vez.

- Agora que já comemos e falamos sobre nossas vidas, por favor, me fale logo o assunto principal. – limpei a boca com um guardanapo e Jo me encarou com um olhar distante. – Não aguento mais enrolação.

A japonesa suspirou, tomou um gole de água e se jogou contra o encosto da cadeira, começando a falar. Ouvi palavra por palavra com atenção e, à medida que a história ganhava mais detalhes, meu coração batia um pouco mais rápido. Eu estava recebendo a bomba de uma vez só, mas a sensação era de estar no meio de um ataque, com explosões de todos os lados. Nem ao menos percebi quando o garçom retirou nossos pratos da mesa, Joana pareceu não se importar tampouco. Quando ela terminou, ficamos em silêncio e não consegui disfarçar, me sentia um pouco perdida.


- Tem certeza que não quer ficar lá em casa? Tem um quarto sobrando. – tentei convencer Jo enquanto caminhávamos de volta para o hotel. – Sabe muito bem que eu não me importo.

- Fica tranquila, Laur, você precisa do seu espaço e sei bem que Camila vai lá hoje pelo que você me disse. Eu quero conhecê-la, saber se é isso tudo que a propaganda diz, mas agora não é o momento. Prefiro ficar hospedada no hotel, assim posso sair e entrar a hora que quero e dar um pulinho na Microsoft mesmo sem você por lá. – ela se distraiu vendo algumas pessoas andando na orla e vi suas bochechas corarem. – As pessoas aqui usam pouca roupa na praia, né?

- Isso é normal, não tem nada de feio.

- Feio?! Isso é lindo. Aquele homem correndo com o cachorro então... queria eu estar naquela coleira. – nós duas nos encaramos e soltamos uma gargalhada em conjunto. – Você se deu bem vindo para o Rio de Janeiro, esse lugar é lindo demais.

- Sinto que finalmente achei a minha casa.

- Você se encaixa mesmo aqui. – Joana segurou meu rosto e deu um beijo de cada lado. – Nasceu no país errado, não tenho duvidas. – trocamos uma risada cúmplice. – Bom, vá para casa, relaxe, faça um bom sexo com a sua garota e depois nos falamos.

- Acho que vou aceitar seu conselho. Quer dizer... parte dele.

- Faça o que achar melhor e mais vantajoso pra você.

Águas de MarçoOnde histórias criam vida. Descubra agora