21 | luke rudenko

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Andava tranquilamente pelo Chelsea depois do treinamento, e de buscar insaciavelmente por algo que pudesse socar, sem ser alguém. Sendo mais objetivo, sem ser o Costigan. Ignorei todas as chamadas, todas as mensagens, sinal de fumaça e até mesmo recados por amigos. Ignorei tudo. Pelo bem da minha sanidade mental. Esse trabalho, ou até mesmo infantilidade, já tinha alguns dias.

Três dias, no caso.

Três dias de puro gelo.

Eu acredito piamente em carma, e bom, nesse caso, posso dizer que é exatamente isso que está acontecendo. Quanta ironia, não é? Eu estava correndo atrás, e servindo de tapete por causa de um rabo.

E que rabo, devo dizer.

Georgia havia me pegado pelo traseiro, e pior ainda, ela fazia o que bem entendesse comigo. 

E bem pior: ela não sabia do efeito que tinha sob mim.

Sempre machuquei, pisei e fui cruel com todas as mulheres que cercavam meus dias. Começando por minha mãe, que eu lhe devolvia com gosto toda falta de amor e afeto. Devo dizer, havia aprendido esse dom com ela. Depois foi com Brittany, que sempre, mesmo com todos os efeitos, esteve ali por mim. Brittany sempre estava ali, aguardando o grande momento, onde eu afundaria em todas as mulheres que conseguisse, e depois voltaria para os seus braços, buscando por mais sexo.

Como um cachorro louco atrás de sua presa.

Me acostumei à isso.

Me acomodei à isso.

E quando apareceu ela, a primeira garota que não demonstrava um pingo de vontade em me presentear com o que havia no meio de suas pernas... E cara, que pernas. Eu havia ficado de quatro por ela. Como um cachorro sarnento e fodido. Para ela era apenas amizade, mas para mim já havia passado disso.

Sorte que sou ótimo em engolir sentimentos e guarda-los no lugar mais obscuro do meu ser, onde ninguém nunca acharia.

Não houve abraço.

Não houve dialogo.

Não houve nada.

Apenas o afastamento depois daquele episódio na boate. Eu jurei por mim, e por todos os santos, que creio eu havia inventado, que não afundaria em Georgia naquele dia, mesmo que meu amigo estivesse à ponto de bala, mas não o faria. Queria algo diferente.

Puta que pariu, a merda estava feita. Eu havia sido pego mesmo pelo traseiro, e ela estava mirando para o além.

Georgia me jogaria sem dó.

Os nós dos meus dedos já estavam quase transparentes devido a força que depositava ao segurar as sacolas. Passei pelas escadas externas, não estava afim de sorrir ou parecer simpático, como sempre fui. Assim que abro a porta, a figura do meu pai estava ali, sentado no sofá, com as duas mãos no joelho, lábios crispados em pura ansiedade. Assim que Gregers me viu, levantou seu rosto e me encarou.

Seus olhos recheados de um brilho.

Conhecia aquele brilho.

Era o mesmo brilho que recebia quando era moleque, e tinha todo seu amor.

Cerrei as mandíbulas, pronto para jogar fora todos os desaforos por vê-lo ali. E por saber que ele havia corrompido o porteiro para deixa-lo entrar. New York sempre fora governado por quem tinha mais dinheiro.

— Posso saber o motivo da ilustre visita? — Com a voz controlada questionei.

O homem se levantou, ficando na mesma altura que eu. Suas mãos se remexiam em desespero. Seu cabelo grisalho perfeitamente alinhado, olhos azuis como os meus são. Nós éramos mais parecidos do que imaginávamos.

THE REFUGE ✔Onde as histórias ganham vida. Descobre agora