31. ESCONDE-ESCONDE

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No domingo pela manhã, o café-da-manhã no lar da família Meneses Montez foi palco de uma guerra fria diferente. Enquanto nos dias antecessores Luna tinha assumido o papel de apaziguadora entre seus pais, após a bronca sem sentido de Esteban pelo telefonema de Thalía, a garota estava do outro lado das trincheiras.

Naturalmente, o papel de apaziguadora coube à Olga, que não estava diretamente envolvida naquele conflito:

"Luna, por que não vai ajudar o seu pai na loja hoje?" Sugeriu a mulher, que podia muito bem tolerar um conflito com o marido, mas lhe causava extrema angústia ver a filha desgostosa com o próprio pai. "Pelo que a Dulce me disse, o Beto vai estar ocupado e não poderá ir...".

"Não precisa", resmungou o homem, antes mesmo que Luna pudesse responder. "Eu contratei um garoto. Ele cuida da loja enquanto eu faço minhas coisas".

"Como assim contratou um garoto e nem sequer me disse nada?" Indignou-se a matriarca.

Esteban apenas deu de ombros, pois não achava que aquilo era um problema. As decisões da carpintaria e da loja sempre foram suas, então por que essa seria diferente?

"Quem é o garoto?" Insistiu Olga, diante do silêncio detestável do marido.

Esteban ficou de pé, como se assim anunciasse que tinha terminado de comer e também de conversar.

"Você não conhece".

"Esteban Montez!".

Olga levantou para seguir o marido e Luna soltou um suspiro exausto, de repente se perguntando quando foi que a sua casa se tornou essa zona de guerra em que tudo era motivo para uma discussão.

Ela ainda conseguia ouvir as vozes dos pais conversando alto na sala, mas tentou se desligar da conversa ao quebrar a regra de Olga e mexer no celular enquanto terminava sua xícara de café.

Estranhamente, aquela também era a sua primeira manhã tranquila de domingo em muito tempo e quase não havia notificações em seu celular. A única exceção era de um número desconhecido e bastante exigente, que tinha lhe mandado uma série de mensagens para que ela soubesse bem de quem se tratava:

Você me desafiou e eu cumpri, Maria Antonieta. Falei com o Beto e consegui o seu número, então é bom fazer a sua parte do acordo agora.

Caso não tenha ficado óbvio, sou aquele cara lindo em que você esbarrou.

Estou brincando, gata. Será que dá para me responder? Estou começando a achar que o Alberto me passou um número qualquer, porque eu me recuso a acreditar que você vai continuar me ignorando. Acordo é acordo, Luna. Você não tem palavra?

Luna revirou tanto os olhos que sentiu quase como se eles tivessem virado do avesso. Infelizmente, não foi o caso e ela não teria aquela desculpa para escapar dessa furada, porque, sim, acordo era acordo, mas a garota não conseguia parar de pensar que tinha alguma coisa de errado com o interesse de Fernando. Era isso que a deixava tão relutante e convicta de que Beto havia lhe enfiado em mais um problema, mesmo que sem querer.

Luna: Ainda não são nem oito da manhã de um domingo. Você não podia mandar mensagem em um horário mais comercial?

Ou nunca, embora essa alternativa fosse sonhar demais. Algo que ficou ainda mais óbvio quando a resposta do rapaz veio quase imediatamente:

Fernando: Atrapalhei o sono da princesa?

A vida inteira dela, mais especificamente.

Luna: O meu café-da-manhã.

CRUSH - Em Busca Do Garoto PerfeitoWhere stories live. Discover now