CRUSH - Em Busca Do Garoto Perfeito

16. LUNA DESCOBRE A EXISTÊNCIA DO OBOÉ

Na quinta-feira pela manhã, aproveitando-se do fato de que a professora de matemática ainda não tinha aparecido para dar início à primeira aula do dia, Luna atualizou os amigos sobre tudo o que aconteceu no dia anterior, a começar pelo mais importante:

"O Daniel me chamou pra sair, exatamente como você disse que ele faria", ela falou isso olhando para Mariana, que sorriu com uma expressão visivelmente satisfeita.

"Ele me pareceu ser um cara legal, pelo pouco que nós conversamos quando perguntei se ele gostaria de sair com você...", Mariana não queria criar expectativas que facilmente poderiam ser frustradas como tinha sido em dois dos três encontros da garota, mas realmente teve uma boa impressão do rapaz.  "É um pouco desconfiado, feito o Oliver, mas ainda legal", quando Luna assentiu em concordância, ela se sentiu um pouco mais tranquila. "Por acaso vocês já decidiram quando vão sair e para onde vão?".

"Só combinamos de sair na sexta à noite, após o ensaio dele", disse Luna. "Nós ficamos de trocar mensagens para combinar o lugar, mas ele ainda não me respondeu, o que está me deixando com o pé atrás. Ele realmente pareceu legal quando conversamos ontem, mas essa demora não me parece um bom sinal depois do Miguel".

"Esse garoto estragou completamente a sua confiança", percebeu Maressa, ao que Luna fez piada consigo mesma de que não tinha como Miguel destruir o que ela nunca teve, mas guardou a conclusão para si mesma. "Pode ser que o Daniel só seja tímido ou ocupado".

"É, nem todo mundo tem a obrigação de ser comunicativo feito a Mari, sabia?" Júlio apoiou Maressa e recebeu um olhar questionador de Mariana acerca daquela comparação, o que o fez erguer as mãos em falsa rendição quando explicou: "Eu só quis dizer que você é simpática com todo mundo e que a maioria das pessoas não é assim. Só isso".

"Sei...".

Luna tinha que dar o braço a torcer sobre a existência daquelas possibilidades, por mais que estivesse se preparando antecipadamente para mais uma possível decepção que a levava a se atentar a qualquer sinal minimamente negativo.

"Tudo bem. Desde que ele não seja um babaca como o João Pedro ou um completo sem-noção como o Miguel...", ela deu de ombros, tentando se convencer de que não tinha como as coisas serem piores do que já tinham sido. "De qualquer forma, essa não é a única novidade que eu tenho. Ontem foi a minha primeira monitoria com o João Vinícius e vocês não vão acreditar no que ele fez".

"Ih, lá vem!" Clara nem mesmo era daquela turma, mas tinha se esgueirado até ali para ficar a par de tudo, mesmo que significasse chegar atrasada para a própria aula. Agora a garota tinha um sorriso de divertimento no rosto, já antecipando uma nova sessão de reclamações vinda da amiga acerca do vizinho. "O João te deu um motivo plausível para você não gostar dele?".

"Mais ou menos isso. Depende do ponto de vista".

Agora Luna tinha toda a atenção dos quatro amigos, que a fitavam com expressões repentinamente curiosas sobre o que aquilo poderia significar vindo dela.

"Deixe de bancar a sonsa e explique logo o que quer dizer com isso, Luna!" Inquietou-se Júlio, impaciente. "O que foi que o João Vizinho fez, além de tentar enfiar química na sua cabeça oca?".

"Ei!" Luna fez cara feia e o empurrou de leve, ao que o amigo apenas riu. "Sei que vai parecer estranho, porque realmente foi estranho, mas, além de me ensinar química, ele praticamente me intimou a ir ver os filmes de O Senhor dos Anéis na sua casa, sábado à tarde".

Luna sabia que aquela novidade não seria recebida de outro modo senão com surpresa, já que ela própria demorou bastante tempo para digerir que isso realmente tinha acontecido. Portanto, foi totalmente cabível quando os quatro amigos a olharam em um silêncio que falou mais do que mil palavras.