melancolia.

eu sei como é.

parece tão difícil.
é tão ruim se sentir sozinho
com um buraco habitando seu peito.
a dor e a decepção
se alojam nas juntas dos seus ossos,
e os pensamentos ruins vem à noite para te fazer companhia,
já que não é possível dormir.
o gosto amargo de falta esperança
paira sobre sua língua áspera.
o lado que resta da sua cama nunca está vazio,
pois é lá que seu medo descansa
com você o dia todo,
no lugar de onde você não sai.
ele é as correntes que te prendem à confortabilidade do seu colchão,
protegido do mundo lá fora.
eu sei como é péssimo
sentir-se tão pesado,
como se o universo em sua infinidade
fosse jogado bem nas suas costas;
você mal consegue se aguentar de pé.
parece o fim do mundo
quando você sente um vazio dentro de si
e nada no mundo é capaz de te preencher.
nada faz sentido...
nada se encaixa...
parece tudo tão desbotado...
sempre foi assim?
os nós emaranhados na sua mente
que você não conseguiu desatar
estão ficando mais apertados.
eu não consigo mais aguentar,
pois eu sei como é não conseguir respirar,
sentir como se estivessem
brincando com seu coração tão frágil.
como é tentar remendar a sua alma
à cada rasgo e ter que viver
encarando as cicatrizes
que estão constantemente sendo abertas após cicatrizarem.
quão confuso é habitar dentro de si,
como em uma prisão,
a qual não se pode fugir...
ou melhor,
se pode,
mas não é a forma mais convencional.
tudo dói,
tudo machuca;
o mundo parece ser um grande urso faminto
louco para devorar uma preza fácil
e desprotegida.
desprotegida
e exposta,
como um alguém nu em público.
não é o fim do planeta,
mesmo que pareça ser.
é simplesmente o fim
da sua sanidade mental;
um colapso existencial,
que te faz cambalear
e cair num penhasco de desespero.
e não tem fim;
é pura angústia,
ansiedade
e vazio.
tudo em intensidade irracional.

eu sei como é.