Capítulo 2 - Helena

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A manhã passa lentamente, estava focada nos arquivos Boletim de Ocorrência que precisavam ser arquivados, pois já estavam vencidos quando ouço dois toques na porta, pedi que entrasse.

- Ei Helena, sei que está ocupada com os arquivos mas só vim aqui pra te apresentar o Davi, ele será o delegado que vai me substituir nas minhas férias. Eu tomei um verdadeiro susto quando o vi, ele estava com o olhar diretamente pra mim, sim ele estava com aquele olhar matador, acho que ele deve estar acostumado a fazer esse olhar que nem percebe. Acabei deixando cair alguns arquivos que estava em minhas mãos, rapidamente me abaixei pra pegar e ele acabou colidindo comigo ao abaixar para tentar me ajudar.

- Ai..

- Nossa, me desculpe, fui tentar te ajudar e acabe te machucando...

- Não machucou, já peguei tudo, obrigada! – Agradeci e ele ficou me encarando. – Seja bem vindo Sr. Davi!

- A Helena é estagiária aqui na delegacia e sempre mantém os arquivos em organização. Será uma ótima delegada no futuro, tenho certeza. – Dr. Marcelo interveio.

- Quer ser delegada? – O novo delegado me pergunta curioso.

- Sim, sempre foi meu sonho! – Respondo, ele continua me encarando.

- Como foi o concurso para escrivão? – interveio Dr. Marcelo.

- Ainda não saiu o resultado mas estou confiante! – Digo em resposta.

- Tenho certeza que será aprovada! – Interferiu o novo delegado. Agradeço com um sorriso forçado para não parecer que estou incomodada com a situação, mas a verdade é que estou muito incomodada, ele não para de me encarar.

- Bom, não vou mais te atrapalhar, vou terminar de apresentar o Davi ao resto de pessoal!

- Ok. - Respondo.

Ele para de me encarar quando sai da sala, me deixando totalmente confusa e frustrada, porque ele fica me encarando tanto? Porque eu me sinto desse jeito na frente dele? Deixo esses pensamentos incômodos de lado e voltou a focar no meu trabalho.

Quase no final do meu expediente, vejo que tenho que ir à sala do novo delegado ver se tem documentos a ser arquivado, como eu faço com o Dr. Marcelo, para deixar tudo em dia. Dou dois toques e peço licença ao adentrar. Ele estava de olho em uma montanha de papéis, me parecia perdido. Vou até o armário onde Dr. Marcelo costumava deixar os documentos para ser arquivado, o escrivão já havia saído para o almoço e Dr. Marcelo já não estava mais, provavelmente também foi almoçar.

- Helena? - O ouço dizer, meio espantada me viro pra ele. Porque ele está perguntando meu nome?

- Sim? - Respondo com a voz meio fraca. Não sei por que eu estava me sentindo assim na frente desse homem.

- Os documentos que estavam ai, estão aqui. Sinceramente não sei como você consegue se virar em meio a essa papelada, peguei para ficar por dentro do que se passa aqui, mas estou completamente perdido. - Ele diz remexendo nos papéis o bagunçando mais ainda. - Poderia me ajudar? - Aquela voz, voz que seria capaz de deixar qualquer mulher de pernas bambas e de calcinha molhada se fosse dita ao pé do ouvido. Não me deixo abater.

- Si-sim, me deixa dar uma olhada - começo a separar os papéis. - Esses são os do Boletim de Ocorrência, esses também são, mas o escrivão não fez o lançamento pra serem arquivados, esses são os casos já resolvidos, e esses são alguns dos que o senhor tem que averiguar... - Continuo falando, não sei se ele está prestando atenção em mim ou no que falo, o olhar dele é o mesmo que me encarou hoje pela manha. Tento agir normalmente, falar normalmente, até mesmo pensar, mas tudo se torna difícil e quase impossível quando tem um homem desse te encarando.

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