Capítulo Único

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24.12.2016
23:27

Dou os últimos retoques na árvore de Natal na minha frente, colocando alguns pisca-piscas pra cima ou alguns sinos de natal para baixo. A última coisa está dentro da caixa, a estrela. Prometi que colocaria com Nina e não estou nem perto de quebrar essa promessa.

Arrumo os presente embaixo da árvore, com cuidado com as joias que comprei para ela. Lindos brincos de ouro, com um colar e uma pulseira para acompanhar. Agradeço a Filipi, meu melhor amigo, por comprá-los. O namorando e ele tinham que comprar outros enfeites mesmo. Mas ele comprou com um sorriso no rosto! Ele sempre me disse como eu tive sorte de encontrar alguém como Nina, de ter chance com ela.

Acendo algumas velas e deixo o champanhe no balde de gelo, hoje seria perfeito!

Escuto a campainha tocar. Com um sorriso no rosto, deu uma ajeitada na minha roupa e vou abrir a porta.

Nina estava linda, para variar. Um vestido vermelho até os joelhos, uma meia calça preta e saltos da mesma cor. Sua maquiagem a deixava mais bela ainda e seu cabelo enrolado realçava sua covinhas.
Mas algo me incomodava. Seu olhar estava vazio, mesmo com o sorriso em seus lábios.

Dou espaço para ela entrar, seus saltos fazendo barulho conforme ela anda, seu perfume me da um tapa e sua roupa balança conforme entra na casa.

Fecho a porta e me viro, olhando e me sentindo sortudo por encontrar uma mulher como aquela.

–Tão bonita.- ela comenta, olhando para as decorações.

–Elas me lembram o seu sorriso.- digo, me sentando no sofá, a puxando comigo.

–A árvore também está belíssima!- ela comenta novamente, sorrindo ainda mais.

–Ela me lembra do nosso primeiro beijo. Você se lembra? Debaixo daquela árvore, naquele acampamento de verão estupido. Você mordeu meu lábio, você me puxou para perto. 

Ela riu, começando a rir, como se tivessem escutado a piada mais engraçada do mundo.

–Falta a estrela.

–Estava esperando por você.- digo, pegando a estrela e a entregando. Ela se levanta, caminha até a árvore e me encara, com uma das mãos na cintura.

–Você sabe que eu sou baixinha para colocar a maldita estrela.- ela diz rindo. Caminho até ela e a seguro pela cintura, dando impulso, fazendo ela sair do chão e conseguir colocar a estrela.

Quando a coloco novamente no chão, ela me encara e mexe no meus cabelos. Sorrio com gesto carinhoso.

–Seu cabelo está mais espinhando que o normal.

–Acho que não consegui arruma-lo.

–Eu acho que é hora dos presente!- ela diz sorrindo ainda, batendo as palmas como uma criança, se sentando no sofá novamente.

Sorrio e vou buscar seu presente de baixo da árvore, depois vou até a cozinha, colocando duas taças de champanhe para nós.

Volto e lhe entrego uma taça. Ela agradece e bebe um gole, me dando espaço para sentar ao seu lado.

–Parece que estou bebendo as estrelas!

–Okay, primeiro o meu presente.- digo, ignorando seu comentário sobre o champanhe, fazendo ela me dar um olhar mortal, mas rir logo em seguida.

A entrego e espero, olhando sua reação ao ver os brincos e seus acessórios.

Como o esperado, ela sorri, coloca a mão sobre a boca e me olha, agradecendo infinitamente e me pedindo para ajudá-la a colocá-los. Tiro seus cabelos, deixando eles do lado do seu pescoço, colocando o colar e dando um pequeno beijo ali. Ela tira os brincos de argolas que estava usando e os substitui pelos novos. For fim, pego seu pulso e coloco a pulseira, nem tão apertado mas também não tão frouxo.

Ela olha novamente para mim, como se nem acreditasse no que eu estava lhe dando, e me abraçou.

–Eu também tenho um presente, mas ele não é tão bom quanto os que você me deu. Na verdade nem bom é.

–Não se preocupe, amor, aposto que irei amar!

Ela me olha novamente, antes de me beijar, colocando os braços ao redor do meu pescoço e eu, automaticamente, coloco minhas mãos na sua cintura fina. Ela se separa e me olha com um olhar de culpa, me abraça e sussurra no meu ouvido:

–Eu estou apaixonada pelo Franck.

Demoro alguns segundo para processar o que ela acabou de me dizer. Franck...

Franck, meu chefe?!
Franck, meu quase irmão?!
Franck, o Rico?!
Franck, o preferido?!
Franck, meu melhor amigo?!

Ela está apaixonada por aquele Franck?!

–Mas ainda podemos ser amigos?

A empurro e a olho nos olhos, na esperança de ver algum olhar brincalhão dentro daqueles olhos cheios de maquiagem. Nada.

Me levanto, pego a maldita árvore de natal e a jogo no chão, fazendo um barulho altíssimo e milhares de enfeites caírem. Rasgo toda a decoração.

–Você está louco?! Está perdendo a cabeça?!- ela grita.

–Você é um maldita vadia, vai embora daqui! AGORA!

Nina nem pede desculpas ou algo do género, só sai pela porta, me deixando sozinho com minhas lágrimas.

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Acordo com as lembranças do dia anterior. Pego meu celular.

25.12.2016
13:48

Olho as notificações e nenhuma mensagem ligação de Nina.

Me rendo e ligo para ela.

Chama, chama e nada.

De novo.

Nada.

Jogo o celular do outro lado da sala e me levanto. Ah, aquela vadia vai me ouvir.

Pego meu gorro vermelho e saio de casa. Nem me importo em pegar meu carro, só saio andando pela neve.

Depois de 15 minutos, 2 bolas de neve e 5 velhinhas me perguntando se estou bem, chego na casa dela.

Pego neve nas mãos e jogo na sua janela, esperando alguém me ouvir. Repito a ação, só que dessa vez alguém veio.

Franck.

–Olha, cara, Stuart, sabe que horas são? Não se acorda um cara a esta hora em uma manhã de Natal.- ele fala, coçando os olhos. Quando para olha para mim e começa a rir.- Me-Meu Deus. AMOR, o Papai Noel trouxe um gnomo pra gente!

Olho para mim mesmo e noto que esqueci que vim só de pijama. O meu velho pijama, um verde forte com alguns desenhos de doces natalinos. Droga!

–O que...- ela aparece na janela, coloca a mão na boca, tentando não rir.- Stuart, o que você está fazendo aqui?

–Espero que você esteja feliz consigo mesmo, porque eu não estou rindo! Você não acha que é meio merda o que você fez nesse feriado?! Quando eu te dei meu coração, você o rasgou em pedaços! Como um papel de embrulho de lixo! Eu até escrevi uma canção para você- grito o mais alto que posso, chamando a atenção de alguns vizinhos.- Espero que você cante junto! E é assim: Feliz Natal, Vá se fuder!

Saio daquele lugar antes que alguém possa em xingar. Vejo alguns rostos chocados, alguns rindo, uma velhinha fazendo o sinal da cruz e uma outra, ao seu lado, mandando beijos para mim. Ela mulher tem idade para ser minha mãe!

Volto para casa e coloco uma roupa apresentável. Ligo para Jalip, um outro amigo, e o chamo para sair.

Eu estou tão cansado de ligar pra ela!
Então, foda-se aquela garota, eu vou sair! Eu tinha dado a ela tudo de mim, mas eu estou amando uma parede agora. Estou curtindo o natal, todo mundo está rindo. Vamos beber até os bares nos expulsarem

Eu acho que é disso que se trata o Natal.

O romance de verão do ano passado é a tristeza do inverno deste ano.

Merry Christmas, Kiss my AssWhere stories live. Discover now