O Abrigo

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Encontrar um jeito de atravessar a pista movimentada foi um desafio. Galileu foi até o acostamento, e esperou que o movimento diminuísse. Os carros passavam tão rápido, que desequilibravam Galileu com o vento que faziam. Foi preciso esperar um bom tempo até que fosse seguro atravessar. Ainda assim atravessaram correndo, com medo dos carros que vinham em alta velocidade.

Quando estavam do outro lado, Galileu e as amigas buscaram um esconderijo. Não seria inteligente ficar andando desprotegidos tão perto do Abrigo. Podiam ser capturados.

Atrás do Abrigo havia uma mata, e ao redor, um campo coberto de um mato alto. Para Galileu e a gatinha, seria fácil passar despercebido por ali. Eram pequenos e o mato os cobriria. Mas para Pandora seria quase impossível atravessar o campo ao redor sem ser notada. Era muito grande, e mais alta que o mato.

Por esse motivo, Pandora foi deixada na mata na parte de atrás, enquanto os dois gatos investigavam o Abrigo. A maioria dos funcionários estava indo embora. Era final de tarde, o horário que os humanos voltavam para casa. Ainda assim dois funcionários não deram sinal de que iriam embora. Se despediram dos que partiam, mas continuaram dentro do prédio. A gatinha abanou o rabo com impaciência.

― Affe! ― Ela fungou. ― Eles não vão embora. São os vigias. Ficam aqui a noite toda para evitar que intrusos entrem.

Galileu olhou com atenção para os homens fardados.

― E agora? ― A gatinha perguntou para ele.

― Entramos mesmo assim. ― Respondeu Galileu.

Voltaram para perto de Pandora. A labradora abanou o rabo para eles com felicidade. Eles se sentaram e começaram a decidir o que fariam.

― Podemos esperar até eles irem dormir. ― Sugeriu Pandora. Ela se coçou, espantando os mosquitos que insistiam em lhe incomodar.

― Eles não vão dormir. ― Disse a gatinha. ― A função deles é exatamente essa: passar a noite inteira acordados e vigiando.

Pandora fungou decepcionada. Não podiam esperar o dia seguinte, já que a cada dia que esperavam, as chances de escolherem Luna para passar pela porta, aumentava.

― Teremos que entrar assim mesmo. ― Disse finalmente Galileu.

Pandora olhou para ele, com uma expressão cética, sem acreditar muito que ele teria coragem de fazer isso. Os três observaram de longe o Abrigo. Era um prédio baixo, que se espalhava pelo terreno mal cuidado, com mato crescendo ao redor. Era delimitado por uma cerca de tela verde resistente, que impedia que eles entrassem com facilidade.

― Como vamos atravessar a cerca? ― Perguntou a gatinha.

Galileu olhou para Pandora e sorriu.

― Ora, ― miou ele. ― Por baixo.

Os três atravessaram o mato em direção a cerca, se escondendo o máximo que podiam. Pandora quase se arrastou para evitar ser vista. Quando chegaram na beira da cerca, Pandora começou a cavar. Jogava terra para todo lado, sujando os gatos. Levou vários minutos para que o buraco fosse fundo o suficiente para eles passarem, pois o chão era muito seco e duro, e demandava mais esforço de Pandora. Mas finalmente conseguiram abrir uma passagem, ainda que apertada, por baixo da cerca.

Pandora atravessou primeiro, arrastando-se para conseguir passar. Logo depois foi Galileu, e por último passou a gatinha. Os três estavam agora em território inimigo. Galileu atravessou o enorme terreno coberto de grama mal cuidada em direção ao largo prédio que ficava no centro. Atrás dele a gatinha o seguiu e Pandora ficou esperando sentada, guardando a saída deles.

Gato PretoWhere stories live. Discover now