Liberta-me de mim

Capítulo 05 - Victor

Guerras camufladas

Desculpe não exibir o meu melhor sorriso hoje, porque eu voltei de uma guerra. Uma guerra que constantemente me envolve, meu coração tem lutado para não ser como a maioria das pessoas.

Estou sem malas ou bagagens, mas levo minhas cicatrizes. Ser do bem é difícil. Você chora, é traído... mas Jesus também passou pela mesma coisa. É por isso que tenho forças, porque tenho a força dEle em mim.

Minhas orações já não são as mesmas de sempre. Não digo que não orava de verdade antes, mas era algo que já estava me acostumando a pedir demais e agradecer de menos, por aquilo que Deus colocou delicadamente em minha vida. Aos caos que Deus trouxe ordem.

Combater um bom combate nem sempre é fácil. Eu posso chorar por vários dias, mas o brilho de Jesus estará em meus olhos como no primeiro dia em que me encontrei no Seu amor.

Não posso impedir as lágrimas, mas elas jamais impedirão o brilho dEle em meu olhar. Os resultados de cada experiência com Ele, guerras vencidas ao lado de Deus. E eu não desistirei de lutar, no fim ainda direi: combati um bom combate, acabei a carreira e guardei a fé.

Na maioria das guerras, a paz vem logo após elas, isso vale o mesmo para as guerras dentro dos nossos corações, aquilo que "apenas nós" conhecemos.

Mas Deus, com sua infinita sabedoria sabe de cada detalhe e de cada guerra dentro de nós mesmos também. As guerras assustam, abalam, machucam, mas elas passam.

Confiarei que dará tudo certo, pois estou acompanhado do maior Vencedor. Deus está nessa guerra lutando por mim.

{...}

Após o estudo com os jovens da igreja, eu iria visitar o meu pai. Toda noite fazia questão de estar com ele naquele hospital, já que a minha mãe e minha irmã iam quando ainda era dia.

Aproveitaria ao máximo as minhas férias do emprego, para me dedicar totalmente a estar com o meu pai.

Deixá-lo sozinho era como um incômodo profundo em mim. Assim como uma agulha, que por mais que fosse pequena, era capaz de fazer uma ferida que doesse.

Fui com o meu amigo Felipe, que insistiu em me dar uma carona, que me ajudou a chegar ainda mais rápido.

Em frente ao hospital já estava muito deserto, e a hora marcava 21:18pm.

Quando entrei, dei o nome do meu pai e a sala que ele estava para a moça da recepção.

Via muitas pessoas doentes que queriam que os seus filhos dessem a mesma atenção que eu dava ao meu pai. E isso, com toda certeza, me deixava triste só de pensar.

Após ser atendido pela recepcionista, adentrei à sala em que se encontrava o meu pai.

E ali estava ele, debilitado. Escutei os aparelhos que mediam as suas batidas cardíacas sinalizar normalmente, naquela sala totalmente branca.

O meu pai, Marcos, havia sofrido um acidente grave. Mas que graças à misericórdia de nosso Deus, ele teria sobrevivido e escapado de algo pior.

O acidente aconteceu quando ele estava indo de volta para casa, após o seu trabalho.

Lembro como ontem.

Eu, minha mãe, e a minha irmã estávamos ansiosos para a chegada dele, pois seria o seu aniversário, e queríamos fazer uma pequena surpresa.

O meu pai sempre foi empenhado na casa do Senhor, uma verdadeira inspiração para mim e para toda a minha família. Tudo o que sou, pude aprender com ele.

Quando ainda era apenas um garoto, dizia que queria pregar como ele! Sempre foi um verdadeiro companheiro pra mim, que me ajudava a caminhar em todos os meus passos na vida.

Mas, vê-lo naquela circunstância me fazia querer estar no lugar dele, sofrer o que ele estava sofrendo no lugar dele. Mas não poderia fazê-lo.

Saber que ele já estava completamente bem, seria uma das coisas mais importantes para mim.

Mas, como ele sempre nos disse: Deus sabia de todas as coisas. E em tudo aquilo, havia um propósito que nenhum de nós ainda sabíamos. Mas que confiamos que um dia iria acabar.

Assim como uma guerra, que um dia, chega ao seu fim.