2- A Reunião

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Faltando exatos dez minutos para a bendita reunião, Mary bate na porta e eu já estou ciente do motivo. Chegou o momento tão esperado.

Indo em direção ao elevador, desço para o 10º andar onde fica a sala de reuniões. Uma mesa extensa de mármore preto, com vinte lugares, orna o centro. Assim como no meu escritório, paredes de concreto dão lugar a janelões de vidro, porém permanecem com persianas para evitar a claridade.

Quando abro as portas da sala, percebo que só falta uma pessoa para a reunião começar: eu. Todas as dezenove cadeiras estão ocupadas, só restando a minha, de cabeceira, livre. Vou cumprimentando todos os funcionários que fazem parte da diretoria da empresa, um a um. Muitos deles me viram crescer, mas estão cientes de que eu não sou apenas um rostinho bonito ou uma "filhinha de papai". Eu lutei para conquistar meu espaço.

Continuo andando e paro de repente, começando a hiperventilar. Meus joelhos ameaçam dobrar, mas seguro firme em uma das cadeiras, chegando a ficar com os nós dos meus dedos esbranquiçados pela força que eu estou fazendo. Nem as diversas sessões de terapia me prepararam para este momento.

De uma hora para a outra, toda minha confiança, adquirida ao longo do tempo, é abalada, afinal, está aqui, na minha frente, nada mais, nada menos que Paul Mayer, o motivo de eu não querer estar nesta reunião; a razão de eu ter brigado com meu pai por tê-lo indicado como novo diretor executivo da Ryan Corporate. Mas não há nada a ser feito.

Ele fará parte da empresa, juntamente comigo, pois esta é a vontade de Bill, que diz que os negócios estão acima de "paixonites", como ele costuma chamar a relação que eu e Paul tivemos no passado.

Agora, Mayer está aqui, em carne e osso, quatro anos depois de eu tê-lo flagrado transando com uma ruiva, na mesma cama que havíamos compartilhado diversas vezes, já que éramos namorados na época.

Esta lembrança me nocauteia, fazendo com que eu sinta náuseas, mas aos poucos vou recobrando a razão, lembrando a mim mesma que eu sou forte e que tudo está sob controle. Volto ao normal, sem que ninguém perceba o conflito interno que estou travando.

"Ninguém" é modo de dizer, mas uma pessoa, em especial, percebe o que está acontecendo e sua expressão não é diferente da minha. Paul também está sentindo a dor que irradia dos meus olhos.

Já recomposta, consigo analisar como ele está elegante. A combinação do terno preto bem cortado e a camisa social, igualmente preta, com a gravata azul clara, lhe dá um ar maduro, realçando seus límpidos olhos azuis, seu rosto bem moldado com uma barba por fazer e seu cabelo louro raspado - mas não muito– que só o deixa ainda mais sexy. Balanço a cabeça para afastar meus pensamentos– estes que eu não posso me permitir ter sobre Paul– e estendo a mão para cumprimentá-lo, como a ética profissional pede, tratando-o da mesma forma que todos os outros presentes na sala.

 Balanço a cabeça para afastar meus pensamentos– estes que eu não posso me permitir ter sobre Paul– e estendo a mão para cumprimentá-lo, como a ética profissional pede, tratando-o da mesma forma que todos os outros presentes na sala

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Misteriosa Essência - Livro 1 - série EnigmasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora