Capítulo 12

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---Narrado por Lisa------------
Meu corpo estava suado e a respiração ofegante. John era bom de cama. A sua fama de galinha era justa. Deitei no meu lado do travesseiro, ele sorriu.
–Gostou?
–Muito bom, podemos outra vez?
–Já foram duas sem pausa. –Ele me olhou surpreso. –Você é um furacão na cama loirinha.
Eu ri. Meu celular tocou e me estiquei para pegá-lo. Era um numero desconhecido.
–Alô?
–Lisa! –Matt gritou.
–Caramba! Precisa gritar?
–Vá para o Hospital São Luiz, Celina e eu sofremos um acidente.
–O que? –Meu corpo todo se arrepiou.
–Não tenho tempo de explicar, só vá até lá.
Matt desligou. Levantei da cama e corri para o chuveiro. Como ele me joga essa bomba e desliga? John veio atrás de mim.
–O que foi?
– Dois amigos meus sofreram um acidente. – Os meus olhos encheram de lágrimas. Não podia ser verdade, não eles.
                                           ***
Matt estava jogado na sala de espera, a cabeça com curativos e as mãos enfaixadas. Aproximei-me, ele me viu e começou a chorar. Sentei ao seu lado e o abracei. Ele se encolheu como um filhote assustado. Seu choro cortou meu coração. Vi Colin correndo em nossa direção.
–Eu vim o mais rápido que pude. Como ela está?
–Eu não sei. –Respondi com um no na garganta.
–Matt? –Colin apertou o ombro do amigo. Matt não disse nada, ele só chorava.
–São parentes da Srtª Barcelos? –Perguntou o médico.
–Sim. Como ela está? –Levantei-me.
–Foi um acidente muito grave. A paciente está com fraturas em suas costelas e sofreu uma contusão na cabeça. Há também queimaduras de primeiro grau nos membros inferiores.  – O médico olhou para a ficha e continuou a falar – Ela precisará ficar em observação por algumas horas. Estamos aguardando os resultados dos exames para que eu possa lhes dar um diagnóstico preciso.  No momento ela está medicada e pode ser que demore a acordar.
Matt cobriu o rosto ainda chorando. O médico acenou e se retirou. Meu Deus! Minha miga.

–----------Narrado por Celina------------
Abri meus olhos assustada. A última coisa que ouvi foi Matt gritando. Onde eu estava? Olhei em volta e vi um quarto. Havia maquinas em volta e fios no meu braço. Desesperada, tentei arrancar os fios. Foi quando uma mão segurou a minha. Olhei para a pessoa, era Matt. Ele sorriu para mim, mas era um sorriso sem vida. Ele estava intacto, não parecia com alguém que acabou de sofrer um acidente. Meu Deus! O acidente.
–Matt...
–Você esta bem, fique calma.
–Mas... Aqueles homens?
–Fomos confundidos com outra pessoa.
–Sim, com Daryl... Seu irmão.
–Não. Eles queriam outra pessoa.
–Mas... –Franzi.
–Eles queriam outra pessoa. –Ele disse mais serio.
–Tá. –Devia ter policia atrás dos caras e ele não queria envolver o irmão. Eu jamais falaria com alguém sobre isso, mas ele não precisava ser tão frio.
–Precisamos conversar.
Oh não, eu odeio essas palavras.
–O que?
–Você ficou em observação por quase seis dias, e nesse tempo eu pensei bastante.
–Espera... O que? –Franzi.
–Não podemos ficar juntos.
–O que?
–Eu confundi nossos sentimentos.
–O que? –Repeti com raiva. –Você vem aqui e me diz que fiquei dias, isolada.  Agora quer terminar comigo?
–Terminar o que Celina? Você ama Gabriel.
–O que? Não, eu não...
–Você chamou por ele varias vezes, eu não vou ficar nessa com você. Seja feliz com ele. –Matt soltou minha mão e caminhou para a porta.
–Você simplesmente vai fugir?
–É o que eu deveria ter feito há dias.
–Matt! –Gritei. Ele abriu a porta e foi embora.
Tentei ver qual foi meu erro, mas nada encontrei. Ele foi atrás de mim, ele tentou ir embora, mas então voltou. Qual foi meu erro? Eu devia ter o deixado ir embora. De novo ele me pisou sem pensar nos meus sentimentos. Como assim eu havia chamado por Gabriel?  Minha cabeça começou a doer e eu estava confusa. Furiosa seria o certo. Acabou... Ele não vai mais brincar comigo, nunca mais. Limpei minhas lágrimas. Essas seriam as ultimas.
Três semanas depois...
Hoje minha vida voltaria ao normal. Foram semanas de recuperação. Não voltei a ver Matt. Lisa dizia que ele estava bem e que tinha ido para Miami com Colin. Por mais que eu quisesse odiá-lo por me deixar, eu não conseguia. Matt era tudo que eu poderia querer. Enfim, ele quis assim. Sofri demais nessas três semanas. Hoje retorno para a Carter e todos souberam do acidente. Meu apartamento ficou cheio de flores. Várias pessoas da Carter me mandaram melhoras, ate a vaca da Cassidy me enviou flores e um cartão.
Assim que entrei na Carter fui recebida por Lisa, que me deu um abraço de urso. Atrás dela o próprio senhor Carter, Mark e Gabriel. Lisa ainda estava me sufocando, preferia anos abraçando ela a ter que enfrenta-los. Mas ela me soltou.
–É bom ter você de volta. –Lisa disse.
–Srtª Barcelos. –Ryan Carter me abraçou. Seu perfume me causou um leve arrepio. –Fico feliz que esteja de volta.
–Obrigada. –Me afastei.
–Não se esforce demais. –Dito isso ele se foi.
–Que susto deu em todos nós. –Mark me abraçou.
–Ah, essa sou eu. –O abracei.
–Não faça mais coisas assim. – Ele se afastou. Matt contou a eles que ambos estávamos bêbados e batemos contra um carro.
–Não farei. –Sorri.
Mark assentiu e virou-se para Gabriel. Os dois trocaram olhares. Eu não entendi essa. Mark foi em direção ao elevador.
–Oi. –Gabriel disse. –Que bom que... Você está bem.
–Obrigada.
–Eu posso?
–Tá, claro. –Sorrindo me aproximei dele. Gabriel me deu um forte abraço. Envolvi meus braços em sua cintura. Lembrei-me das palavras do Matt sobre ele. Foi um abraço demorado, eu tive que me afastar.
–Senti sua falta.
–Ah... –Vi Mark nós olhando, o elevador fechou antes que ele pudesse desviar o olhar. Será que ele sabia de alguma coisa. –Eu também senti... Falta daqui.
–Eu vou... Te vejo depois. –Gabriel saiu muito rápido de perto de mim.
Lisa se apoiou no meu ombro e riu.
–O que você causa nos homens?
–Confusão. –Eu ri.
–Matt chegou de Miami faz dois dias, ele esta bronzeado.
–Lisa... Eu não quero falar sobre ele.
–Isso vai ser difícil, olha quem vem vindo ai. –Lisa me empurrou. Colin e Matt estavam se aproximando. Ela tinha razão, ele estava com uma bela cor. Lembrei do nosso sexo, em seguida o acidente e logo depois o hospital.
–Seja bem-vinda. –Matt estendeu sua mão pra mim.
–Obrigada. –Apertei o mesmo.
–Bem vinda. –Colin se aproximou e me deu um rápido abraço.
Sempre vi Colin como uma pessoa fria, mas ali ao lado do Matt eu tinha duvidas. Nos olhos do meu amado moreno, eu não vi nada, eram vagos, vagos e sem cor. Matt acenou e sem dizer mais nada se foi. Colin o seguiu. Nessas três semanas eu imaginei como seria minha volta, e nenhuma das cem vezes se parecia com isso.
                                          ***
Matt estava em sua mesa olhando para o teto. As mãos apoiadas na cabeça. Ele já estava assim por um tempo, não trocamos uma palavra o dia todo. Eu sentia falta da animação dele, sentia falta do meu amigo. Ele me odiava?
–Srtª Barcelos?
Ah não, por favor, não.
–Sim? –Virei para Cassidy.
–Vejo que esta inteira. –Ela cruzou os braços. –Assustou a todos nós, felizmente você esta bem.
–É... –O que? Como assim? Essa vaca estava sendo boazinha?
–Conversamos muito nessas três semanas. –Ela se aproximou, gentilmente tocou meus ombros. Olhei assustada pra ela. –Eu peço desculpas por meu comportamento.
–Ah... Tá. Esquece isso.
–Que bom. –Ela sorriu. –Vamos almoçar qualquer dia?
–Claro. –Não. Pelo amor de Deus. Isso não estava acontecendo, ela não era boazinha, ela estava me enganando. Ela queria algo, tinha que ser isso.
–Ótimo. –Sorridente ela se virou e acenou para Matt.
Ele estava com a testa franzina, com certeza ouviu nossa conversa. Seguiu Cassidy com os olhos e me ignorou mais uma vez. Voltei ao trabalho. Foi difícil me concentrar tendo meu local de trabalho essa bagunça de comportamento. O que viria depois disso?
                                     ***
Nos dias que foram se passando, as coisas ficaram ainda mais estranhas. Cassidy de alguma forma conseguiu meu telefone. Me mandava mensagem quase o dia todo, me chamando em sua sala. Tudo bem que era pra me entregar uns papeis, mas não senti coisa boa vindo dela. O mais estranho foi me pedir para ir à sala do Gabriel, ele não estava lá e ela ficou um pouco brava. Disse que devia entregar os papeis na mão dele. Eu ate esperei por ele, ate que meu coração me mandou ir embora. Deixei os papeis na mesa dele e sai. Lisa me pediu para tomar cuidado, era muito estranha essa mudança da vaca.
Finalmente era domingo. Acordei com disposição. Tomei um café reforçado e resolvi sair pra correr. Ir ao Park era algo que eu amava fazer antes de entrar na Carter, agora eu mal tinha tempo. Com fones nos ouvidos, comecei a correr. Era como estar limpando meu espirito. Todas as preocupações, as mágoas e o medo se foram.
Dei algumas voltas ao redor do lago, estava fora de forma. Abaixei-me ofegante. Era humilhante para alguém magra como eu. Ao levantar, notei o olhar de um homem, ele estava dentro de um carro preto. Fechou a janela e saiu cantando pneu. Na hora tudo que eu consegui pensar era no acidente, e se fossem eles? Apavorada, corri de volta pra casa. Era só o que me faltava. 
–Bom dia Srtª Barcelos.
–Bom dia Jose. Com tem passado?
–Muito bem, e a senhorita?
–Estou bem. Tenha um excelente dia. –Virei-me.
–Srtª espere. Deixaram isso aqui não faz muito tempo.
Ele pegou um buquê de rosas colombianas vermelhas, não acreditei quando vi. Eram absolutamente lindas.
–Obrigada. –Peguei o mesmo, havia um cartão. Entrei no elevador curiosa sobre quem me daria tal coisa. Puxei o cartão para ler, mas ele estava colado na fita que o decorava. Entrei as presas no meu apê, peguei a faca e cortei a fita. Corri para o sofá, queria ler o bendito cartão.

''Bom dia linda! Não sou bom com palavras, mas você precisa saber o que se passa aqui neste coração. Em meu peito a cada dia que passa, percebo a falta que você me faz. Hoje pela manhã, enquanto estava passando por uma floricultura, olhei para estas lindas rosas colombianas e vi algo nelas, era você e teu sorriso encantador. Por que não juntá-las a você? Hoje posso dizer que você se tornou mais que uma parceira de trabalho e a mulher que deu rumo a minha vida. Eu quero estar com você sempre, toda vez que você olhar para estas mesmas rosas, lembre-se de como você e especial para alguém. ''
Virei o cartão procurando um nome, não havia nada. Quem seria louco de mandar tal coisa e não assinar? Só se ele não quisesse ser descoberto. Sorri. Eu tinha um admirador secreto. Era mesmo isso? Me encostei no sofá e bufei, e se fosse um deles? Caramba, mas problema pela frente.

Is It Love Gabriel (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora