Is It Love Gabriel (Livro 1)

Capítulo 9

–------------Narrado por Celina--------------
Hoje a casa estava vazia, aproveitei para dar uma faxina. Já fazia quatro dias que estava aqui, e tenho que dizer o ar era revigorante. Já não me sentia aquela patética garota, eu estava nova em folha. No almoço peguei as chaves da picape e fui ate o mercado, precisava comprar comida. Michele tinha feito uma enorme lista, ela sempre muito gastadeira.
Dirigir me trazia boas lembranças, umas que eu não lembrava até agora. Aqui em Vermont eu vivia livre, me sentia viva. Meus cabelos dançando no ritmo do vento, a calmaria da cidade. Droga, eu sentia falta de tudo isso. Mas a cidade é minha vida, o trabalho na Carter. Meu coração acelerou só de pensar na empresa.
Chegando ao mercado fui de acordo com a lista. Não queria passar a tarde toda nisso. Coloquei meus fones e uma música alta, nunca foi tão divertido fazer compras. Parei na melhor parte do mercado, produtos pra cabelo. Agachei-me pra ver melhor, eram tantas variedades de shampoo. Tirei os fones enquanto lia a embalagem de um pote de creme.
–Não acredito. – Alguém disse.
Com o susto perdi meu equilíbrio e cai de bunda, olhei brava para a pessoa. Era ele, meu primeiro namorado. Loiro, olhos azuis e seu porte físico muito forte. Ele estava sorrindo feito um pateta, típico dele.
–Alex?
–Celina. –Ele se aproximou e estendeu a mão pra mim.
–A própria. –Peguei sua mão, ele me puxou. –Obrigada.
–Isso parece dejávu. –Sorriu. – Foi aqui que te conheci.
–É... Eu me lembro. Como você está?
–Bem. Tenho uma pousada agora.
–Uau! –Sorri. Quando crianças ele falava muito sobre isso, queria ser dono de um lugar onde as pessoas se sentissem felizes, onde os problemas deixassem de existir.
–É. – Ele olhou para o lado.
Oh não, eu conhecia esse gesto. Ele ia me convidar pra sair. Senhor, por favor, não.
–Se quiser conhecer a pousada... Ou tomar alguma coisa.
–Ah, é que eu tenho planos com Michele.
–Oh, tá, tudo bem. Não tem problema. –Ele coçou a cabeça, seu rosto endureceu. –Sinto sua falta, foi embora e nunca mais deu notícias.
–Eu tive que ir. –Cruzei meus braços. –Tudo bem. Aceito conhecer sua pousada e quem sabe depois podemos beber alguma coisa.
–Serio mesmo? – Ele sorriu.
–Sim. Eu só preciso terminar as compras.
–Eu te ajudo.
Alex me ajudou com tudo, ele sabia também qual carne escolher. Às vezes pegava seu olhar pra mim, eu só esperava que ele não quisesse nada mais que amizade. Meu coração já tinha dono, na verdade eram dois donos. O pensamento me fez rir. Alex me ajudou a colocar tudo na picape, ele me seguiu com seu carro até a casa. Depois de arrumar tudo, subi para tomar um rápido banho. Escolhi um vestido azul e uma sandália de dedo. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo.
–Podemos ir. –Disse enquanto descia a escada, ele me olhou e fez que sim com a cabeça.
–Você está linda.
–Obrigada. –Eu ri.

–--------------Narrado por Matt---------------
Era muitas casas em Vermont, eu estava perdido. Tirei o capacete, olhei para uma senhora sentada na varanda. Desci da moto e fui até ela. Dentro da casa, duas jovens corriam sorridentes. Eu imagino que viver nesse lugar deve ser maravilhoso. Por um momento me vi naquela casa, com Daryl. Nossa relação de irmãos impecável, ele feliz com tudo. A dor atingiu meu peito, essa era uma vida que eu queria muito. Meu irmão me faz tanta falta, por onde será que ele anda?
–Boa tarde. –A senhora disse.
–Boa tarde, desculpe chegar assim. Sei que a senhora deve ficar assustada com um motoqueiro.
–Alguns sim, mas você não. –Ela sorriu gentilmente. –Está vindo de muito longe?
–Não muito.
–No que posso ajudá-lo?
–Eu vim procurar uma amiga, mas estou perdido.
–Entendo. Você sabe onde ela está?
–Eu sei que é uma casa de campo.
–Há muitas casas assim. –Ela sorriu. – Sou Mirna. Vamos entrando, você parece faminto.
Eu estava mais que faminto, sorri e a segui para dentro da casa. As duas meninas agora estavam sentadas no sofá brincando com bonecas.
–Margo e Lívia são minhas netas. – Mirna apontou pras meninas. Elas acenaram e riram. As duas deviam ter uns seis anos, talvez sete.
–Olá. –Acenei.
–Você é bonitão. –Disse uma delas.
–Margo! –Mirna riu. –Desculpe por isso.
–Não tem problema. –Fui ate elas. –Eu sou Matt.
–Matt, o que você faz aqui? –Margou soltou a boneca.
–Eu vim procurar uma amiga.
–Você a ama? – Lívia pegou minha mão e me fez sentar. –Quer beijá-la como nós filmes?
–Elas assistem muita televisão. –Mirna disse.
–Vocês são inteligentes. –Sorri.
–Eu sou mais. –Margo cruzou os braços.
–Não é! – Lívia a empurrou.
Enquanto elas disputavam quem era mais esperta, eu me vi com Daryl, e vovó fazendo de tudo para nos acalmar. Estar nessa casa não estava me fazendo bem, eu precisava sair daqui. Mirna voltou com um prato de comida e uma cerveja.
–Parem agora com isso, as duas para o banho.
Elas ainda brigando, correram para o banheiro.
–Elas são lindas. –Sorri.
–Sim.  Elas são minha vida. Os pais deram no pé.
–Sinto muito.
–Coma, e me conte sua história. –Mirna sentou na poltrona.

------------------Narrado por Celina-------------------
A pousada era magnífica, atrás dela um lago com um balanço. Ele pensou em tudo, um lugar maravilhoso para esquecer os problemas. Sentamos na varanda do segundo andar, ele me deu uma cerveja bem gelada. Olhando aquela maravilha, pensei na possibilidade de viver aqui. Seria uma boa pra esquecer Gabriel e Matt. Eles jamais saberiam onde me encontrar, e quem sabe ate me apaixono de novo. Vi Alex me observando.
–O que foi?
–Você esta diferente. –Ele riu.
–Eu mudei. –Dei de ombros.
–Você também parece preocupada.
–Como assim?
–Está aqui, mas não esta realmente aqui em Vermont.
–Ah.
–Problemas?
–Todos temos, não é? –Sorri.
–Sim. –Alex se aproximou. –Mas as pessoas não bebem como você. Está tão tensa que precisa disso?
–Eu não...
Alex tirou a garrafa da minha mão, ele estava tão perto. Meu coração bateu acelerado, ele não queria mais homens e nem eu. Mas antes que eu pudesse agir, Alex me beijou. Seu corpo duro me prendeu na parede, suas mãos seguraram minha cintura. Eu não senti nada, absolutamente nada. Devolvi o beijo por curiosidade, nada. Chocada com a recente informação me afastei. Não era possível. Eu beijei Mark aquela vez e senti algo bom. Quando parei de sentir atração por outros homens? Quando comecei a me travar?
–Desculpe Celina. –Alex se afastou.
–Não, tudo bem. –Respirei fundo. –Foi legal te reencontrar, eu preciso ir.
–Não quer que eu te leve?
–Não. –Saí da varanda às pressas. Desci as escadas e corri. Não era muito longe da casa da Michele. E andar me ajudaria a pensar... O que estava acontecendo comigo? Beijar sempre foi minha atividade favorita na vida.

-----------Narrado por Matt------------
Abri meus olhos ouvindo passos na casa, eu estava deitado no sofá. Mirna insistiu bastante, eu estava cansado acabei aceitando. Margo e Lívia estavam me cercando.  Em suas mãos havia uma bandeja de café da manhã. As duas estavam sorrindo.
–Bom dia. –Sentei. –Isso tudo é pra mim?
–Sim. –Lívia disse.
–Coma tudo para ficar forte.
–Ok. –Eu ri. Peguei a bandeja e coloquei no meu colo.
Tomei café na companhia de duas princesinhas, elas estavam mais calmas hoje. Depois fui tomar um banho. Mirna me pediu para levar as duas pra dar uma volta. Como eu negaria um pedido desses? Fomos pra fora, elas ficaram encantadas com minha moto.
–Matt?
–Sim, Margo.
–Como é a sua amiga?
–Linda. –Sorri.
–Somos lindas como ela? –Margo sorriu.
Margo com cabelo loiro até os ombros e olhos verdes. Já Lívia era morena e seus olhos eram negros.
–Vocês são lindas, tanto quando Celina.
As duas me encheram de perguntas. Quem diria que crianças podiam ser tão curiosas. Depois do almoço me preparei para partir, sentiria falta delas. Mirna me fez prometer que voltaria um dia, com certeza eu voltaria. Elas agora eram parte da minha jornada.
–Consegui esse mapa. Aqui estão as casas que sua amiga pode estar. –Mirna me entregou um papel.
–Obrigado. Aqui está meu telefone, ligue a qualquer hora.
–Eu espero que fique com a garota.
–Eu também. –Me aproximei dela e beijei seu rosto.

---------------Narrado por Celina--------------
Acordei com preguiça, nada me faria sair da cama hoje. Meus dias aqui estavam acabando, e meu peito doía a cada segundo que se passava. Passei a noite toda pensando em largar tudo e vir pra cá de vez, é o que meu coração quer. Respirei fundo. Cobri minha cabeça e fechei os olhos. Fiquei um tempo sem pensar em nada. Estava quase em sono profundo quando a campainha tocou.
Abri meus olhos no susto. Quem seria? Eu estava sozinha em casa, e não conhecia os novos vizinhos. De repente senti um arrepio, e se fosse Gabriel ou Matt. Meu coração acelerou, não tinha como ser nenhum deles. Ninguém sabia onde eu estava. Pulei pra fora da cama e de novo a campainha berrou. Abri a porta e fui lentamente espiar quem era. A porta era de vidro, vi perfeitamente a pessoa. Ele estava de jaqueta, capacete ainda na cabeça. Matt, mas o que?
Desci a escada furiosa. Quem deu a ele o direito de vir atrás de mim? Ele vai ouvir umas boas. Abri a porta, ele virou para mim, tirou o capacete, eu fiquei sem ar. Não era Matt.
–Bom dia, assine aqui, por favor. –Pediu o entregador.
–Claro. –Peguei a caneta e rapidamente assinei. Ele me entregou o pacote e foi embora. Deixei o mesmo no sofá e sentei. –O que foi isso?
Minha cabeça imaginando o que não é. Meu coração estava batendo tão rápido, que eu podia ter um ataque a qualquer momento. O susto acabou com qualquer sono, fui para a cozinha procurar o que comer. Fiquei um tempo olhando o nada, meus pensamentos traidores foram até Matt e Gabriel. Balancei minha cabeça negativamente, peguei o regador e fui pra varanda. As plantas ocupariam minha cabeça.
Não sei quanto tempo fiquei ali, meus pensamentos estavam longe. Até que ouvi o barulho de uma moto. Olhei na direção dele, a pessoa estacionou e desceu, em seguida tirou o capacete. Meu queixo caiu, Matt me encarou. Ele estava lindo com aquela jaqueta e calças jeans. Meu coração parou. Sim ele parou de bater. Minhas mãos estavam tremendo. Seria um sonho? Matt continuava parado lá me olhando, deixei o regador cair. Olhei meus pés molhados, pensei em olhar de volta para Matt, mas parei. E se não ser real?