Capítulo 13

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"Você sabe que eu gosto de você. Eu gosto muito. Mas você é quase meu irmão, meu bródi, quero dizer, foi um erro insistir nisso. Você me faz bem, mas eu não consigo gostar de você que nem você gosta de mim" eu tentei me explicar pra ele, mas me embolei toda e acabei falando nada com nada. O que parecia era que Mike sequer estava me ouvindo. Estava apenas ali, fitando o tapete branco. "Mike?" Eu o chamei, tentando acorda-lo daquele transe. "Eu indo então, ta?" Mike olhou pra mim, com os olhos tristes e eu me senti a pior pessoa do mundo "Posso te dar um abraço? Pelo menos..." ele perguntou, com a voz chorosa, e eu abri os braços, Mike me abraçou tão forte que eu senti minhas costas estralarem e perdi o ar. "Eu amo você, maçãzinha, seja lá quem for, se te fizer feliz, eu fico feliz também" Mike concluiu, me surpreendendo, apertando mais o abraço. Ele me levantou do chão e me girou, me fazendo gargalhar e gargalhando também. Eu amava Mike, de verdade, mas eu era de Vitória e, até quem não nos via, sabia disso.

(...)

Eu e Mike estávamos conversando na sala, como amigos mesmo, ele parecia ter aceitado bem, tanto que resolveu nem ir embora tão cedo. Ouvi a campainha tocar e Mike logo avisou que eu poderia ficar ali, que ele atendia. Deixei, eu estava com preguiça e, provavelmente, era alguém que ele conhecia, já que temos o mesmo grupo de amigos, praticamente.

Alguns segundos depois, Mike volta, junto com Vitória. Logo levanto do sofá e pulo nela, pra um abraço. E por algum motivo, ela recua no primeiro momento, e depois corresponde o abraço, mas não da mesma forma que faria em qualquer outro momento. Quando saio do abraço, me deparo com uma Vitória seca e fria, e eu ainda não entendo. "Ei, maçãzinha, eu vou indo já, ?" Mike me tira do transe, se despedindo de mim com um beijo na testa e de Vitória com um abraço. Após ele sair, tudo fica o mais completo silêncio e Vitória sequer falou comigo desde que chegou em casa. "Vi? Aconteceu alguma coisa?" Eu perguntei receosa e ela olhou pra mim quase que ruborizada. "Parece que eu tenho mania de atrapalhar vocês, né?" Vitória falou um tanto quanto irônica e um ponto de interrogação se formou em minha cabeça. "Do que que tu falando?" Eu perguntei, nem me fingi de desentendida, porque eu realmente não estava entendendo onda ela queria chegar. "Maçãzinha, né? Provavelmente o clima devia estar muito bom" Vitória continuou ironizando e tudo o que consegui fazer foi rir. Por Deus, Vitória estava com ciúmes, nem nos meus melhores sonhos imaginaria isso. "Vitória do céu" foi o que consegui dizer entre o riso e ela fechou a cara, me fazendo rir mais. "Qual é, Naclara?..." Vitória falou com o sotaque puxado que eu tanto amo "...Qual o motivo da risada? Tem alguma palhaça aqui? Num dia você diz que sente alguma coisa muito forte por mim e noutro eu encontro com o Mike te chamando de 'maçãzinha'?" Vitória falou e quase me pareceu que ela realmente estava brava, então controlei o riso. "Vamo lá, minha linda, xô te explicar, eu aproveitei que você tinha saído e chamei o Mike aqui, exatamente pra gente terminar, viu? E não tem mais nada entre nós, viu?" Eu expliquei, dando ênfase a cada 'viu' e sua expressão ficou boba. Ela sibilou um 'desculpa', e eu jurei que ela tinha ficado com vergonha. E você quer saber de uma coisa? Vitória com vergonha é minha coisa favorita no mundo. Ela veio em minha direção e me puxou pra um abraço e, quando nos separamos, deixei um beijo no canto da boca dela e a vi sorrir. Eu sorri junto, puxando-a novamente pro abraço.

(...)

Eu e Vitória estávamos jogadas na cama quando o telefone dela tocou "Oi, meu preto... Aham, vo ver aqui com Ninha e te ligo de novo, ?" Vitória desligou o telefone e me olhou com um olhar sugestivo "Enzo chamou a gente pra uma baladinha, vamo?" Fiz uma cara de preguiça e ela fez um bico após pedir vários "por favor" com a voz fininha. Eu sorri e cedi. Eu sempre iria ceder.

A jabuticabeiraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora