Franzo o cenho e gesticulo com a mão, me fazendo de sonsa.

—O quê?

—Você o matou ou mandou matar?

Começo a rir sem muita vontade.

—Queria muito que tivesse sido eu. —Digo de forma sincera, olhando em seus olhos claros. —Mas não fui eu, infelizmente.

Algumas lágrimas desceram dos olhos de mamãe, ela secou rapidamente.

—Eu já vi isso acontecer. Antes era Miguel... agora é você. —Ela se levantou, ainda enxugando os últimos vestígios de lágrima. —Espero que você tenha um bom álibi, porque eu não vou suportar ver a minha única filha na cadeia.

—Eu nunca menti pra você. Então por que desconfia de mim? Da sua ÚNICA FILHA?

Ela parecia está confusa, isso é bom. Se minha mãe, que é uma juíza, acreditar em mim, quem mais poderia desconfiar? Ela é especialista nessa área, mas eu aprendi com o melhor a disfarçar. Se eu quero fazer alguém acreditar na minha palavra, tenho que antes de tudo, acreditar em mim. E eu acredito. Eu não matei Aluísio, foi ele mesmo que se matou quando me ameaçou, quando me levou para aquele orfanato, quando simplesmente me negou uma chance de viver outra realidade que não fosse essa. Ele cavou a própria cova, eu apenas dei uma ajudinha de leve, nada de muito grave.

—Todos esses anos você nunca acreditou em mim. Agora, nesse momento, seria ideal para você me dá uma oportunidade. —Digo as palavras antes mesmo de conter a minha língua.

Ficamos em silêncio. Mamãe estava virada de lado para mim, provavelmente pensando ou tentando acreditar.

—Acredite no que quiser mãe. Estou farta de tentar provar algo pra você. —Falo e me levanto. —Diga que irei descer daqui a pouco. Prometo ser rápida. —Pego o celular e sem olhar novamente para ela, caminho em direção ao banheiro.

***

Assim que fecho a porta do banheiro, acesso site de noticias pelo celular e logo de cara encontro o que procurava.

''Empresário milionário é encontrado morto no hotel em Florianópolis. ''

Sorrio, olhando-me no espelho.

Não demora muito e Miguel aparece atrás de mim, de braços cruzados e com um sorriso malévolo, acompanhando-me na minha vitória.

Sorria enquanto pode. —Sussurrou. —Depois terá que fazer a melhor cara de sonsa que conseguir. Ou simplesmente fazer a sua cara normalmente. —Disse me zombando e desaparecendo em seguida.

—Um passo de cada vez.

***

Assim que termino de me arrumar, saio do quarto, antes de descer olho-me no espelho e percebo que eu estou ótima. Nada melhor do que estar maravilhosa no dia seguinte da morte do seu inimigo.

Desço de uma vez e encontro todos sentados na sala, bebendo café ou chá. Assim que entro, todos os olhares se seguem em minha direção.

—Bom dia a todos. —Digo e ergo a mão para cumprimentar os investigadores. Eles deixam a xícara de café e se ajeita na poltrona do sofá.

—Senhorita Lacerda. —Disse o investigador, formalmente.

—Só Emily, por favor. —Corrijo-o.

—Meu nome é Carlos e este é o meu parceiro Frederico. Somos investigadores da delegacia de homicídio de Florianópolis.

Assinto com a cabeça. Eles mostram os distintivos.

Obsessão PerigosaWhere stories live. Discover now