Capítulo 25

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Emily narrando

-Acorda. -Sua voz martelava na minha cabeça, repetidamente. -Acorda Emily, vai, acorda meu amor.

Abri os olhos e fiquei tonta com a luz forte que refletia no meu rosto. Miguel estava sentado no meu lado com o semblante preocupado. Olhei ao redor e percebi que ainda estava em seu quarto. Pensei que tinha morrido, isso com certeza iria aliviar a minha dor.

Ele passou a mão no meu cabelo e eu me afastei, assustada.

As lembranças dele em cima de mim apertando meu pescoço retornou como um flashback. Abracei meus braços finos, eu tremia de medo só de sentir sua respiração próxima a mim.

Eu vi a morte tão perto de mim e pela primeira vez em toda a minha vida, não senti medo de morrer. Pelo contrário, eu queria, mesmo que minha alma não fosse para o céu.

-A polícia está aqui. Quero que você cale a porra da boca, se contar algo eu acabo com a sua vida...-Ameaçou.

-Se você acha que eu ligo para a minha vida, está enganado. -Digo entre dentes.

Seu rosto tomou outra expressão, sua testa que estava enrugada, se relaxou. Ele firmou os lábios com tanta força um no outro, que os mesmos ficaram roxos.

Depois de alguns segundos me encarando com o seu olhar observador, ele diz:

-Eu mato a nossa mãe. Eu mato todas as pessoas que você ama, Emily, assim como matei seu gato. Grimy era o nome dele, não é? -Indagou com um sorriso doentio em seus lábios.

Meu sangue ferveu nas minhas veias. Eu sempre soube que ele havia matado meu pobre gato, mas ouvir isso da sua boca me fez ter mais raiva e ódio dele. Ele é estúpido, desprezível e nojento. Eu o odeio tanto.

Furiosa e mais corajosa do que antes, chuto seu corpo para fora da cama. Começo a bater com os punhos fechados em seu peito, até que ele paira minhas mãos, apertando com força meus pulsos.

Sua mandíbula estava rígida e seus olhos semicerrados, demonstrava a sua raiva sobre mim.

-Nunca mais me bata sua vadia. -Sussurrou furioso.

Ele me jogou na cama e se levantou. Pegou a camisa do chão e vestiu, fechou o zíper e ajeitou os cabelos escuros com as mãos.

-É melhor você ficar de bico calado ou eu cortarei a porra da sua língua fora, cadela. -Disse e saiu.

Quando ele abriu a porta, mamãe já não estava mais no chão como antes. Levantei as pressas e ajeitei o vestido. Nem me importei de vestir uma outra calcinha, apenas corri para o quarto de mamãe e a vi deitada, dormindo em um sono profundo. Pensei em acorda-la, mas depois de tudo que aconteceu eu só a deixaria mais nervosa.

Decidi agir, mesmo que essa seja a pior decisão da minha vida.

Corri até chegar às escadas e desci mais rápido ainda, não encontrei Miguel e nem nenhum policial na sala. Ouvi os murmúrios vindo do hall da porta. Andei em passos mudos até lá e por sorte encontrei o policial conversando amigavelmente com Miguel. Os dois até trocava sorrisos.

Miguel com toda certeza deve ter o enganado com o seu teatrinho barato de quinta categoria. Quando ele quer se um hipócrita, ele consegue.  

-Policial. -Gritei mais alto que podia mesmo estando uns dois metros de distância dele.

Ele levantou a cabeça por cima do ombro de Miguel para me olhar.

-Sim?

Miguel se virou igual a boneca exorcista e me encarou com o seu olhar opressor.

Obsessão PerigosaWhere stories live. Discover now