Obsessão Perigosa

Capítulo 2

Emily narrando:

Hoje era sábado e apesar do ocorrido estranho que eu tive com Miguel, eu me sinto melhor. Não conversamos mais, mas ele insistiu em vir dormir comigo como de costume. Mesmo não querendo ele ao meu lado, eu deixei. Praticamente essa semana toda choveu forte em Santa Catarina, e por ser muito medrosa em relação a trovões, me senti mais protegida com Miguel ao meu lado.

Levanto-me com preguiça, rastejo as minhas pantufas lentamente até o banheiro, adentro e faço minhas higienes pessoais. Amarro meus longos cabelos escuros em um rabo de cavalo mal feito, me encaro no espelho por alguns minutos e agradeço mentalmente por essa nova vida que estou vivendo.

Ainda de pijama caminho para a cozinha para tomar meu café, encontro meus pais adotivos sentados tomando café e logo meus olhos se prende com o olhar de Miguel. Só pelo jeito que ele me olhava não parecia estar contente com a minha presença. Às vezes penso que ele tem ciúmes da atenção que recebo de seus pais. Com uns pais tão bons como esses deve ser mesmo ciúmes...

-Bom dia, querida. –Cumprimentou a senhora Young me dando um beijo em meu rosto. Sorrio para ela e me sento à mesa.

-Bom dia, senhora Young. –Digo e ela faz cara feia. –Mãe. –Ela sorrir e põe sua mão em cima da minha.

Cumprimento o senhor Young e ele faz a mesma coisa que a Senhora Miranda, faz cara feia para eu dizer a palavra pai. Era um pouco difícil para eu dizer isso, não que eles não sejam bons pais, mas é que é muito difícil, especialmente quando Miguel me encara com fúria.

-Hoje vamos à festa surpresa que vai ter para o primo de vocês. –Anunciou a mãe.

Olho para ela que permanecia sorridente e depois para o papai que sorria de canto, mais sempre com o olhar parado no celular a sua frente.

-Festa do Eduardo? –Indagou Miguel, sua voz estava um pouco mais grossa e rouca.

-Sim, querido. Combinei com a sua tia Maria para fazermos uma festinha para ele. –Se explicou. –Ele fará doze aninhos, temos que comemorar isso. –Disse animada.

-Daqui a pouco já é um homem, assim como você filhão. –Disse o senhor Young.

-Eu já sou um homem! –Rebateu Miguel olhando feio para o pai.

Seu pai carinhosamente passa a mão nos cabelos do filho bagunçando e deixando-os mais bonitos do que antes, rapidamente ele ajeita os cabelos. Miguel ficou sério me olhando e poderia dizer que até um sorrisinho fraco surgiu em seus lábios rosados. Virei o olhar e me servi com uma fatia de bolo.

-Ainda falta muito pra você ser um homem, meu bebêzão. –Argumentou a Senhora Young, agora apertando a bochecha do filho.

-PARA. –Gritou ele. –Eu já sou um homem. –Disse raivoso.

Ele se levantou da mesa jogando com força seu guardanapo em cima do prato e caminhando para fora da cozinha. Todos ali ficaram em silêncio por alguns minutos e consequentemente ouvimos a porta do quarto de Miguel bater com força.

Continuei calada e cabisbaixa, cenas assim me deixava constrangida, não por mim, mas pelos meus pais adotivos.

Depois de alguns longos minutos, a senhora Young quebrou o silêncio.

-Verônica. –Ela chamou pela empregada. Imediatamente a Verônica se dispôs a sua frente. –Quero que você passe o vestido de Emily, aquele rosinha que comprei esses dias e a roupa de Miguel eu já separei, está guardado em seu guarda-roupa, dê uma passada também. –Ordenou.