Capítulo 55

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Emily narrando

Espero impacientemente na sala de recepção, ao meu lado estava Arthur lendo uma revista sobre bebês. Reviro os olhos toda vez que meu olhar pairava sobre ele. Havia umas cinco mulheres grávidas esperando atendimento, assim como eu, todas elas estavam acompanhadas pelo namorado, marido ou sabe Deus oque. Pareciam que queriam esfregar na minha cara a gravidez desejável de tanto que passavam as mãos naquelas barrigas imensas, outras nem tanto. Ainda estava cedo para a minha consulta, por outro lado não parava de olhar o relógio de ponteiro pendurado no alto da parede branca.

Oito e cinquenta, ainda.

Havíamos chegado uns dez minutos atrás, e mesmo ainda não dado o meu horário de consulta eu já estava surtando por ficar naquela sala perto de tantos hormônios de grávidas, fora a felicidade sendo esbanjada pelos quatro cantos.

Meu celular toca assim que pego-o na minha mão, quando vejo o nome de quem era logo arranjo um jeito de me afastar de Arthur.

—Vou beber água. —Minto e ele consente, voltando a sua atenção para a revista. Respiro fundo e caminho em direção ao bebedouro.

Atendo e escuto a voz animada da senhora Alessandra.

Alô? Emily?

Limpo a garganta com uma tossida fraca e a respondo.

Oi senhora Alessandra, algum problema?

Emily só liguei para confirmar a sua visita aqui amanhã na minha casa. —Disse de forma casual.

Senhora Alessandra, provavelmente seria a mãe do bebê atrevido que carrego. Por meses a fio ando pesquisando instituições adequadas para onde iria deixar o bebê e nessas pesquisas acabei encontrando Alessandra em uma dessas reuniões. Foi por acaso. Mas um por acaso ideal naquele momento. Eu vi uma esperança naquela mulher e uma grande necessidade em ser mãe. Ela está na fila de espera em uma dessas adoções que demora dias, meses e anos para finalmente ter uma criança ao seu lado. Por semanas venho conversando com ela, em particular, caso ao contrário, Arthur poderia atrapalhar tudo que ando planejando.

Havia decidido que iria dar o meu filho a ela assim que nascesse. Isso não é crime, já até consultei meu advogado. Se eu der todos os documentos do hospital e ela registra-lo como filho, está feito. E ela não vai mais esperar por mais um ano para conseguir a guarda de uma criança.

Sim. Amanhã irei, por volta das quatro horas, pode ser? —Olho atentamente para Arthur que não parava de ler nem por um minuto aquela maldita revista.

Todos os pais ali, acompanhado de suas esposas e namoradas olhavam espantados para o Arthur, e não é pra menos. Ele estava com uma bota preta, calça jeans escura, blusa preta e aquela jaqueta de couro preta. E o seu jeito de bad boy não ajudava muito para descrevê-lo como um roqueiro desesperado que está prestes a ter um bebê. Como se ele fosse mesmo o verdadeiro pai...

Certo. Vou lhe passar o endereço pela mensagem. —Disse animada. —Mas antes de desligar... —Ela pausou por um instante. —O bebê está bem?

Olho para a minha barriga pontuda e o sinto chutar pela primeira vez no dia.

Melhor impossível. Agora preciso desligar. —Digo e se despedimos.

Bebo um pouco de água para enganar Arthur e caminho novamente em sua direção, antes mesmo de sentar novamente, sou chamada para a consulta.

Arthur imediatamente se levantou e segurou a minha mão, com um sorriso largo no rosto me encaminhou pelo corredor que daria para a sala da doutora Karla.

Obsessão PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora