❀ Capítulo quatro.

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O caminho de volta foi um silêncio total. A maré estava subindo rapidamente e tivemos de fazer mais força que normalmente faríamos para chegar até a praia. Confesso que me meter em lugares afastados da costa em plena noite as vezes me deixa desconfortável, mas nada que me dê pânico. Depois de muitos suspiros e bufos para tentar amenizar a situação estranha, chegamos. Descemos da prancha e fomos andando lentamente.

- Então..- Cocei a garganta. - Adorei o lugar, vista linda – Sorri de canto.

- Saquei – Falou incomodado. Franzi a testa e respirei fundo.

- Bom, vou indo então – Coloquei as mãos na cintura e parei em sua frente.

- Tudo bem – Disse, sendo bem indiferente.

- Justin, qual seu problema?

- Normalmente sou eu quem te pergunto isso. Você é muito descabeçada, não sabe aproveitar nada mesmo.

- Eu não entendo você. Primeiro você quer se aproximar de mim sem razão nenhuma, depois você se aproveita da ideia de eu ser sua garota e me leva num encontrinho romântico? Qual sua intenção nisso tudo? Me usar? – Ele virou de costas e saiu andando. Corri atrás. - Você tem que passar a rever seus conceitos, garanhão. Já deixei bem claro pra você que não sou sua amiga nem nada a mais, a menos aja decentemente!

- Sarah, deu! – Ergueu a voz. - Vou ignorar todas essas merdas que acabou de me dizer, você é maluca.

- Ok então, Bieber. – Revirei os olhos, incrédula com a situação, e sai dali. Por que sempre que nos encontramos, acaba em briga? Fui até minha bicicleta, tirando-a do cadeado e peguei meu moletom que deixo sempre na minha mochila e vesti. A brisa ficou gelada e meu corpo molhado não colabora com esse tipo de tempo. Avistei Justin encostado no muro com os braços cruzados e cara amarrada encarando o chão. Estranho. Subi na bicicleta e pedalei rápido até minha casa.

POV Justin Bieber

Assumo que achei a Sarah uma pessoa interessante demais, não me parece ser aquele tipo de garota não me toque, que vive de frescura, ela tem uma essência simples, e é isso o que mais me chamou atenção nela. Me identifiquei total na garota quando a vi, ainda mais por fazermos a mesma coisa que amamos: surfar. Levei o toco na primeira vez e decidi ir atrás pra ver qual foi, deu ruim no final. Hoje acordei com uma vontade imensa de ir até a ilha que vou sempre para espairecer, lugar que meu pai me mostrou quando eu tinha apenas 5 anos de idade. Não sei o que deu em mim em lembrar de Sarah e ter uma vontade gigante de mostrar meu paraíso particular à ela. A menina parece curtir e quando o clima rola, novamente ela me deixa na mão. Porra. Ingratidão é algo que não suporto. Ainda mais ingratidão com falta de educação e atrevimento, um conjunto de suas piores características. Mais uma vez o dia acaba em bosta. Encostei no muro de um condomínio e a vi indo embora, pedalando como se estivesse fugindo de algo ou de alguém.

- Aquela era a Sara? – Ryan brota do meu lado, me fazendo levar um susto do caramba.

- Mano, chega devagar né – Coloquei a mão no peito. - É ela sim. Por quê?

- Ué, achei que não era real o pega de vocês – Bateu em meu ombro. – Tá safadão ein?

- Cala a boca! Não to pegando essa menina não, não comece a falar merda igual certas pessoas.

- Hmm, então tá bom né. Mas eai, vamos encontrar os garotos no bar e tomar uma? – Minha vontade de encher a cara é zero, mas Sarah me deixa tão puto da vida que dá vontade de descontar meus aborrecimentos em qualquer coisa que vier pela frente. Entre arrebentar o Ryan e beber, prefiro beber.

- Tá, vamos.

POV Sarah Williams

Estacionei minha bicicleta na garagem e entrei em casa. Chamei por meus pais e sem resposta, estou sozinha... ótimo. Minha cabeça está a mil por conta do que aconteceu e meu corpo está exausto, tudo que preciso no momento é um banho que leve todos meus problemas para o ralo. O telefone tocou.

Overboard ❀ justin bieberOnde histórias criam vida. Descubra agora