Living With Boys

Drew

Capítulo 1

*

Quando a minha mãe e o meu padrasto decidiram fazer a volta ao mundo, à um mês atrás, eu acreditava sinceramente que era uma piada de mau gosto. Mas infelizmente quando os bilhetes de avião foram oficialmente comprados, eu já não podia dizer o mesmo.

Eles iam embora. Para longe de Seattle. Para longe dos nossos hábitos. Mas no fundo era genial, não ?

Eles queriam descobrir as várias culturas estrangeiras, explorar sítios desconhecidos, e relaxar numa praia de areia fina... E foi aí que a realidade me atingiu, como uma violenta chapada.

A partir de agora terei de me desenrascar sozinha. Então, era-me preciso uma casa para ficar, urgentemente. Por falta de sorte as minhas pesquisas não deram em nada. Não achei nenhum sítio onde morar por um preço razoável.

E foi nessa situação que o meu irmão gémeo, Douglas, entrou.

Ele tinha aceito ajudar-me. Mas com ele, era sempre preciso algo em troca; e infelizmente, eu não tive muita escolha. Apesar de eu ter feito de tudo para evitar essa chantagem ele não cedeu e para conseguir ficar na sua casa, eu teria de fazer a limpeza, ir às compras, e fazer outras coisas desse género. Que abuso não acham ?

Enfim, se não precisasse tanto desta casa, eu já lhe teria dito para ir dar uma volta. - Saibam que eu não sou uma pessoa violenta mas no que toca ao meu irmão, um ódio vem das profundezas do meu corpo e eu torno-me numa pessoa muito diferente. -

    ⁃    Mãe, pára de dramatizar, reclamou o Douglas enquanto a minha progenitora continuava a chorar. Nós vamos conseguir sobreviver seis meses sem ti ! Então, relaxa.

    ⁃    Mas vocês são tão novos !

    ⁃    O quê ? Acabámos de fazer vinte e um anos ! gritou o meu irmão enquanto olhava para o teto do aeroporto onde estávamos, visivelmente chateado.

Os dois começaram a discutir sobre a diferença entre a idade e a maturidade, enquanto isso eu ouvia-os e sorria. Como sempre continuei silenciosa.

Eu prefiro ouvir os outros do que interagir com eles. Eu sou o oposto do Douglas. Ele, é mais do tipo falador, festeiro e excêntrico. São em momentos como estes que eu me pergunto como é que nós, dois seres totalmente contraditórios, podemos ser do mesmo sangue.

    ⁃    Bom, crianças, nós temos de ir ! A porta de embarque já abriu, declarou Woodley, o meu padrasto, vindo na nossa direção.

Os últimos adeus manifestaram-se. Um simples beijo na bochecha e estava feita a despedida. Sendo pudica, eu não faço parte do tipo de rapariga de dar muitos abraços, ou mesmo de dizer coisas amorosas aos meus pais.

O Woodley fez um gesto com a sua mão para nos dizer adeus, e a minha mãe limitou-se a sorrir, os mesmos foram-se afastando cada vez mais do nosso campo de visão. Era um novo começo para eles, e por um lado também era um para mim. O meu primeiro trabalho enquanto desenhista ia começar daqui a alguns dias, e pela primeira vez na minha vida, eu iria viver com pessoas que não conheço.

Tudo isto é novo para mim e é isso que me assusta mais.

    ⁃    Pronta para desfazer as tuas malas ?, perguntou-me o Douglas assim que os nossos pais desapareceram da nossa visão.