Just one yesterday

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Meus olhos ardiam por causa da noite anterior. Tinha ficado ali mesmo na grama, deitado e sofrendo. A noite fria não me permitiu dormir, havia pequenos orvalhos nas folhas, fazia um frio ameno. Mesmo assim sentia-me destruído e enganado.

Ouvi passos se aproximando a uma certa distância. Fechei os olhos e suspirei com força.

- Pete... - sua voz doce e inocente me chamou. - Vamos entrar, você passou a noite aqui, pode ficar doente desse jeito.

- Que diferença vai fazer? - respondi seco. - Você vai me matar de qualquer jeito.

- Não vai ser preciso, eu sei disso.

- Como posso saber se você está dizendo a verdade? Se há algumas horas atrás mentiu sobre Joe?

- Você está me dando uma chance... Ele e Andy não vão me dar, não gostam de mim.

- Eu também não gosto de você, deveria saber que so estou aqui, porque é o corpo do meu namorado que está sobre sua posse. Mas quando isso acabar, não vou precisar suportar você e seus trâmites.

Ele se agachou tocando meu rosto. Virei em resposta.

- Tem razão. Mas talvez quando acabar, eu não vá embora. - riu baixinho. - Eu sou imortal. Um hospedeiro que vai de corpo em corpo atrás de uma alma suja e pesada. E cada vez que encontro, me torno mais forte.

Abri os olhos fitando-o, sorriu. Seus fios loiros caidos pra frente, os lábios rosas eram chamativos. Toquei-os calmamente. Ele fechou os olhos como se me amasse meu toque. Por um momento coagitei isso, mas ele é um demônio, o Príncipe.

Puxei seu rosto pra baixo. Nossas respirações cruzadas, meu batimento acelerado. A necessidade de ter Pat novamente falava mais alto que qualquer resquício de razão que ainda me sobrava.

- Pat - Chamei antes de beijá-lo. - Você me ama de verdade?

Ele não me respondeu, apenas fiz o que desejava. Ouvi um gemido baixo abafado, suas mãos correram pela lateral do meu corpo em carícia.

Estremeci. Sua boca deliciava meu maxilar de uma maneira vulgar, descendo ao meu pescoço.

- Pat.

- Shiu Pete, apenas me deixe... me deixe te mostrar que posso amá-lo do mesmo jeito que ele.

Concordei ingenuamente, dentro de mim, bem no fundo algo gritava por socorro, algo dizia que aquilo era errado.

Patrick sentou em meu colo. O sol nascendo atrás do seu corpo, fazendo uma silhueta doce e angelical brilhar ao seu redor. Sorri aproximando-o mais de mim, olhei em seus olhos, um rápido brilho amarelo surgiu.

- Peter, eu estou queimando por dentro...

- O que?

- Isso é normal? Meu coração esquentar quando estou com você? - Sussurrou com o rosto enrubescendo.

- Isso significa que você me ama Patrick. É um bom sentimento. - Beijei a ponta do nariz o vendo fechar os olhos.

- Não Pete, isso não pode acontecer... Eu não tenho sentimentos. Eu não sinto nada Pete.

- Então são os sentimentos do Pat prevalecendo. - Passei meus lábios pelo seu pescoço, o cheiro erva doce formando um nevoeiro em minha mente, vi sua cabeça pender pra trás em um arfar do seu corpo. Depositei um beijo ali e foquei em tirar suas blusas.

- Eu o tranquei bem... não tem como.

- Mas você teve que matar Joe, uma parte de nós, uma parte que o deixou mais forte lá dentro.

- Você mesmo assim, quer ter uma relação comigo. Sabe que seu namorado está preso comigo e que matei seu amigo.

- O mundo nunca iria olhar para você da mesma maneira, agora eu estou aqui para te dar todo meu amor, enquanto posso enganar meus sentimentos.

Mentiras, apenas por enquanto, preciso domá-lo antes do exorcismo, preciso que ele confie em mim.

Mas tudo que sinto dentro de mim é sujeira e traição.

Eu trai Pat.

Eu matei Joe.

Eu sou o culpado disso tudo.

Porém, isso um dia, vai ser apenas um ontem.

Apenas um pesadelo numa noite quente.

Show me my demon || PeterickWhere stories live. Discover now