My songs know what you did in the dark

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Ele era um anjo.

Era o que todos pensavam.

Mas ele já foi isso, eu me lembro bem dessa época. Agora, não passa da mais pura maldade. A casca de um anjo possuído por um demônio. Isso que ele é. O que o doce e inocente Patrick Stump se tornou.

Nós sabiamos que isso uma hora ou outra iria acontecer, que Patrick não ia resistir muito tempo nessa luta que ele escolheu pra nos proteger. E não fizemos nada para ajudá-lo, principalmente eu. O vi sofrer e definhar, mudar completamente. O garoto que amava se tornou perverso. O ruivo se tornou loiro, não que isso fosse errado, mas Pat amava a cor do seu cabelo. Porém não existe mais Pat. E isso doía em meu coração.

- Você sabe o que ele faz depois dos shows Pete - Joe cochichou na roda para mim e Andy. - Ele injeta aquelas substâncias no braço, sente prazer nisso. Ele não é mais o Pat Lunchbox.

- Eu sei disso mais do que ninguém bro, mas o que podemos fazer? Quase nada! Não somos padres, nem exorcistas ou algo do tipo que lide com isso.

- Talvez, podemos ensinar ao Patrick a ser o Pat novamente, quem sabe, trazer ele de volta. Foi culpa nossa o que aconteceu com ele, logo é nosso dever resgatá-lo. - Andy cruzou os braços olhando em nossos olhos.

- O que tem em mente Andrew? - perguntei.

- Tem uma casa num campo distante daqui, é da minha família, ninguém sabe onde fica. Podemos tentar lá.

- Você esqueceu uma coisa meu querido Andy, Patrick não confia em nós dois - se entreolharam. - Cabe a Pete fazer isso sozinho.

Suspirei concordando. O risco que iria correr era extremo, minha alma estava em jogo ali.

Desde que o pai de Pat morreu, uma maldição assola sua vida, pra ser mais exato, ele era assombrado desde os sete anos de idade. Eu era seu único amigo na infância, o que acreditava e lhe dava apoio pra continuar. Até mesmo me arrisco a dizer que por muito tempo, fui a única família dele, uma vez que sua mãe havia ficado maluca e histérica pelos maus-tratos do marido.

Sr. Stump era um homem cruel. Um assassino árduo e impiedoso, por vez descontava no filho e na mulher quando as coisas saiam erradas, e Pat corria à minha casa quando isso acontecia, ou seja, era quase frequente ele estar comigo.

Um dia, a Sra. Stump não aguentou mais. Ela saiu de casa coberta de sangue com o garotinho nos braços, seus olhos azuis-esmeraldas eram o destaque em meio ao vermelho vivo. Quando tudo ja estava mais calmo, perguntei o que havia acontecido naquele dia.

- Meu pai nos jogou uma maldição quando mamãe o esfaqueou antes que atirasse em mim. - as mãos receosas sobre o joelho. - Consegue ver? Ele me deu essa marca quando nasci, ele disse que eu era frágil, e que seu amo precisava voltar a terra o mais rápido que conseguisse. - Levantou um pouco da parte de trás do cabelo mostrando um pentagrama avermelhado. - Eu sou o "príncipe que há de vir".

Então desde esse dia tentei proteger Pat, por muito tempo evitei isso e quando nos juntamos a Andy e Joe ficamos mais fortes pra protegê-lo. Mas ele se cansou disso e decidiu enfrentar seu destino. Um erro que podia ter evitado.

Quando ele fez 15 anos, se declarou a mim. Moravamos praticamente juntos, eu em meus 20 anos disse que não podia corresponder a seus sentimentos, que isso era errado. Mesmo assim, ele me deu um beijo, do qual nunca esqueci a sensação. Depois disso ele sumiu por uma semana. Foram os piores dias da minha vida.

Quando voltou estava mais magro, seu cabelo mais claro e um sorriso diferente no rosto. Corri a abraçá-lo, sua voz soou um pouco irônica e seus braços me circundavam fracamente, sem vontade.

- Tenha cuidado ao fazer desejos no escuro, não se pode ter certeza de quando eles batem sua marca.

- O que você quer dizer com isso Pat? - Me afastei olhando em seus olhos, o azul dava lugar a um amarelo forte.

- Além disso, nesse ínterim so estou sonhando em acabar com você Peter Wentz, há anos sonho com isso. - Sorriu, seus olhos voltaram ao normal e sua expressão de medo e alívio surgiram numa abraço apertado. - Pete...me ajude.

Seus olhos encheram de lágrimas, sabia que tinha chegado a hora, ele havia chegado por um momento de descuido e sentimentalismo.

Agora nós tinhamos que dá um jeito no que está saindo do controle, na verdade, eu tenho que dar, temo por sua vida e alma, que pode ser tarde demais.

Como tenho saudades do tempo em que podia confiar nele. Em que podia colocá-lo em meu peito e acariciar seu cabelo macio, lhe dizendo que tudo ficaria bem e que iria o proteger de todo mal.

- Você sabe que essa promessa não vai ser pra sempre Pete, mesmo que você e os meninos tentem, ele já está dentro de mim. Não há nada que podemos fazer, a não ser aceitar. Talvez não mude tanto. Tenho 20 anos, nesses 5 anos aprendi muita coisa de como controlá-lo.

- Irei fazer tudo o que for necessário pra manter você a salvo. Até mesmo me sacrificar. - Seu rosto levantou me fitando. Segurei seu queixo e alcancei seus lábios com os meus. Um beijo calmo e sereno, iluminados pela luz do sol que já sumia no horizonte.

- Mas eu não iria deixar, não posso perder você também - reencostou em meu peito. - Nenhum de vocês.

Meus devaneios  a essa época é constante, principalmente durante os shows, ele sabe disso e se aproveita dessa situação. Talvez seja por isso que ele confia mais em mim do que nos outros.

Ou pode ser apenas uma parte do Pat que ainda prevalece.

- Olá bonecas, sobre o que estão conversando? - apareceu encostado na porta.

- Pete quer um baixo novo, o Noturno já está "velha demais". - Andy interveio.

- Precisa é? E você já tem uma em mente Pete?

- Na verdade não...ainda estou pensando. Andy e Joe estavam me falando algumas lojas. Quem sabe não passo lá mais tarde.

- Posso ir com você? Adoraria passar um tempo com meu melhor amigo. - Sorriu sereno, como se fosse o antigo Patrick.

Olhei os meninos que concordaram levemente. Me virei ao loiro lhe devolvendo o sorriso.

- Claro que pode Pat, seria maravilhoso você ir comigo.

Show me my demon || PeterickWhere stories live. Discover now