III

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Diana


14/06/2016

Era mais uma dia de trabalho no Jornal local da cidade do Rio e eu me vi terminando de passar um texto para o notebook, enquanto Ana Paula e Rodrigo, que eram os âncoras, se preparavam para entrar no ar em alguns minutos.

Passei os últimos anos da minha juventude concluindo minha faculdade de jornalismo e tentando conseguir um estágio nessa área.

"Eu não poderia reclamar" "Eu tinha sorte" diziam meus colegas de trabalho.

Quando fui chamada para uma entrevista, já estava me imaginando sendo âncora ou indo atrás de notícias em primeira mão para as pessoas, mas eu percebi que a única coisa que chamou a atenção do diretor foi a minha beleza.

Eu sabia que eu era bonita, mas nunca usei dessa qualidade para me promover.

Apesar de subestimarem minha capacidade decidi aceitar o cargo que me foi dado, pacientemente planejei crescer dentro da empresa e futuramente chegar no cargo que eu achava que eu merecia, mas lá eu era apenas mais uma secretária que passava os textos para os jornalistas profissionais.

Os anos passavam e meu chefe não me dava chance nenhuma de eu mostrar o que eu poderia fazer.

Em cima da mesinha ao meu lado estava a minha bolsa, fiquei tentada a pega-la, nela tinha uma pasta com uma matéria, escrita por mim, sobre a morte do presidente e o que acarretaria ao Brasil.

Levantei da poltrona decidida a entregar a ele e fazê-lo ler, mas quando me aproximei do estúdio vi Ana Paula olhar para a folha na sua frente confusa e depois olhar para o diretor:

- Eu vou ter que falar isso mesmo?

David, o diretor, olhou pro rascunho que ele também tinha em mãos.

- Se esta no texto...

Ana Paula enrugou a testa e exclamou:

- Mas Diana estava lá... A versão dela é totalm...

- Você não é paga pra expor opinião, é paga para seguir o script!

Ana Paula fez menção de falar algo, mas foi interrompida novamente por David:

- Há várias pessoas querendo seu lugar. Se comporte como a profissional que você é se quiser continuar trabalhando nesse jornal!

Ana Paula olhou para David vermelha de raiva, ela parecia está preste a tomar alguma decisão, mas apenas ajeitou os cabelos e remexeu a cara se segurando. Olhou para mim descontente com o sermão que levou e por não ter conseguido me ajudar.

Então a voz de David soou no estúdio.

"No ar em 3...2...1"

Os repórteres deram o boa noite rotineiro e resumiram as notícias que passariam no jornal naquela noite. Nada muito chocante: assaltos; acidentes, um novo método de ter uma renda extra em casa. Coisas que aconteciam todos os dias no Rio de Janeiro e em todo País... pra ser mais especifica, no mundo.

Mas então Ana Paula começou a falar:

" Aconteceu hoje ao meio dia uma manifestação em frente a empresa do lobista José Mauro... - percebi que ela tentou ser o mais profissional possível- Que acabou em quebra quebra. Os seguranças da empresa agrediram 3 dos manifestantes e um deles, esta em estado grave. Leandro dará mais informações..."

E em uma tela grande atrás da mesa onde Ana Paula e Rodrigo estavam apareceu um jovem repórter que começou a falar sobre o ocorrido.

Eu não acreditava no que eu tinha ouvido, mas continuei assistindo de camarote a destruição social que estavam fazendo com José Mauro.
O repórter na tela afirmou que as agressões tinham sido a mando do empresário e começou a entrevistar uma suposta vítima

Eu estava lá naquele local exatamente na hora do ocorrido, eu sabia que tinham distorcido muita coisa naquela matéria.

Eu também sabia que José Mauro não deixaria isso barato, eu o conheci anos atrás, e sabia que ele arrumaria um jeito de desmascarar a mídia.
Eu sabia que ele tentaria fazer isso, mas eu duvidava que ele conseguiria, mesmo com todo o dinheiro que ele possuía a mídia já o estava alfinetando a meses, mas agora tinham passado dos limites.

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