Capítulo 24

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CALEB

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CALEB

O que é amor

A última vez que fiquei nervoso assim foi no dia do meu noivado com a Maya. Mas aquele momento era diferente. Eu estava prestes a entrar na frente do púlpito após semanas frequentando a congregação novamente. Ninguém me ofereceu, eu pedi. Queria abrir meu coração a respeito dos livramentos que vivi. Precisava honrar a Deus pelas oportunidades que Ele me dera.

Puxei a gola da camisa que parecia me sufocar, mas percebi que era só a falta de ar mesmo. O pastor João desceu do púlpito e me entregou o microfone, não sem antes me dar um abraço caloroso e sussurrar no meu ouvido "Deus é contigo". Dei um sorriso rápido pra ele e segui o caminho — quase infinito na minha cabeça — para me posicionar diante de todos os irmãos. A igreja estava cheia. Até quem só vinha de mês em mês, de repente, apareceu sentado num dos bancos dali, com os olhos cravados em mim.

Pus sobre o púlpito o texto que preparei e percebi que estava com as mãos trêmulas. Dona Marina não veio ao culto, mas a memória de suas palavras na cartinha que ela havia me escrito semanas atrás, fez minha ansiedade diminuir. "Meu querido, que estes doces tragam doçura para sua vida, que a luz do sol te lembre que todo amanhecer é valioso, que a noite escura te recorde que há abrigo mesmo em meio à escuridão e que, em qualquer momento que você passe, você nunca esqueça que há um Pai de amor, mesmo que não consigamos senti-lo. E Ele é a essência da nossa existência."

Fechei os olhos e entreguei aquele momento a Deus. Então, abri-os e saudei:

— Paz seja com todos.

A igreja respondeu em uníssono "amém".

— Preparei um texto para ler, caso eu esqueça alguma coisa, mas... — limpei a garganta, quando uma coceira chata quis me atrapalhar — sinto a necessidade de falar com meu coração, neste momento. — Vi Kevin sentado ao lado de Maya. De lá, ele gritou um "louvado seja Deus". — Posso começar dizendo que, se ainda estou vivo, é unicamente pela graça do Senhor na minha vida. O Criador dos céus e da terra a quem eu tanto busquei em toda a literatura. O mesmo Deus que eu procurei na Bíblia inteira e não encontrei enquanto não entendi que precisava me deixar percebê-Lo nas entrelinhas da minha vida. Nas vírgulas, nos sinais e nos pontos. Aquele que eu cria que existia, que era o Rei do universo, a quem entreguei toda a minha vida de todo meu coração, mas que eu me sentia longe demais, mesmo que conhecesse Sua Palavra. O Deus que estava a todo momento me mostrando o quanto eu era amado, mas eu não via... Ele esteve ali o tempo todo e me amou em todos os momentos. E foi Ele que me ensinou o que é o amor.

Continuei falando sobre os livramentos da minha vida, como o processo de depressão, os acidentes e meu isolamento social. Muitos irmãos se emocionaram. Também não consegui evitar a comoção, pois aquela era uma reconciliação que eu tanto quis, mas que sempre pareceu muito distante quando me trancafiei naquela casa.

Até que te ameiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora