Capítulo 17

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MAYA

Íris

Mônica estava eufórica com a inauguração da pista de patinação. Quando ouviu que os meninos iriam estar ali à noite, ela convocou nossa presença. Sofia e eu continuamos aconselhando-a a esquecer o Lucas por enquanto, e deixar isso nas mãos de Deus, mas nossa amiga não nos escutou. Queria fazer do seu jeito.

Então, lá estávamos nós, devidamente trajadas para aquele recinto, usando um conjunto de roupas composto por jaquetas, calças de patinação pretas sobrepostas por saias frouxas e óculos de proteção, além, claro, dos patins de gelo. Eu não me desgrudei da grade de segurança em nenhum instante, desde que pus aqueles calçados diferentes. Estava traumatizada com meu tornozelo e não queria torcê-lo tão logo.

— As pernas de vocês não estão tremendo? — Mônica quis saber, inspecionando com os olhos todo o ambiente.

Sofia deu uma risadinha.

— Não é seu nervosismo?

— Por que eu estaria nervosa, florzinha?

Lu — fingi um espirro — cas.

Ela deu de ombros, após o meu gracejo, mas não nos enganou. Mônica era a prova perfeita de que uma pessoa pode gostar muito de alguém e, ainda assim, não fazer o mínimo esforço para demonstrar isso.

Continuamos batendo um papo aleatório, antes de tentar esquiar, até que Sofia nos olhou decepcionada. Ela tinha visto algo atrás de nós.

— Ah, não...

Nos viramos. O sorriso de Mônica desapareceu instantaneamente. No final da pista, com as luzes cintilantes ao redor, Lucas surgiu, acompanhado por Jasmine. Eles não perderam tempo e já começaram a patinar juntos, sintonizados e com uma facilidade surpreendente, rindo e conversando muito.

Minha amiga murmurou algo que eu não captei. Continuou observando os dois, com uma sombra de tristeza nos olhos. Eu me direcionei ao lado dela, preocupada com sua reação.

— Você está bem?

— Não — ela desviou o olhar.

— Quer ir embora? — Sofia foi mais prática.

— Não.

Troquei olhares com minha amiga loira, na tentativa de chegarmos a alguma resolução.

— Uma de vocês pode ir lá e simplesmente atrapalhar aquela incrível sintonia dos dois? — foi o que ela sugeriu, com a voz tensa. Estava bem brava. Oh céus...

— Vou falar com o Joe, ele está vindo ali — Sofia fugiu da ideia, indo de encontro ao seu noivo.

— Vai ter que ser você, amiga.

— Não... eu não posso... — mordi o lábio inferior, mas a cara que Mônica fez me deixou com muita peninha. Meu coração amoleceu. — Eu não sei...

Deslizei pela pista de patinação, tentando imitar a elegância dos outros patinadores, mas minhas pernas pareciam ter vida própria. Mônica estava na beira da pista, os braços cruzados e uma expressão dramática no rosto. Ela me incentivou, gesticulando freneticamente.

— Vai lá!

Com um aceno hesitante, tentei direcionar minhas pernas desajeitadas na direção deles. Quase colidi com uma criança que patinava com destreza, me humilhando de todas as formas possíveis.

— Desculpa, pequena patinadora! — Tentei soar graciosa quando, na verdade, estava toda descabelada porque minha presilha tinha soltado e eu não conseguia amarrar minhas madeixas sem o apoio da grade.

Até que te ameiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora