O amor não é soberbo.
O amor não se ira facilmente.
O amor perdoa.Apoiando o queixo no punho cerrado, deslizo o dedo pelo teclado e vou direto ao site da AULRP. Sempre posso contar com os lêmures-ratos-pigmeus para me sentir melhor.
- Professor. - a Emily chama, e mais da metade da sala, inclusive eu, se vira para olhar para ela; sua mão parece um pompom chacoalhando acima da cabeça loira.
- Fale de uma vez, Srta. Dawson. - Sr. Krasinski diz num tom de completa exaustão. Não é segredo para ninguém que ele não vai muito com a sua cara, não desde que ela espalhou que ele traiu a esposa com a Srta. Preston, a psicóloga da escola. Uma enorme mentira que a Emily inventou após tirar uma nota ruim na sua matéria. O Sr. Krasinski ficou péssimo, porque na época a Sra. Krasinski estava esperando um bebê e quase perdeu a criança. Foi uma confusão, o Sr. Krasinski quase ficou sem o emprego, mas aí o Arran resolveu expor a mentira, e a Emily teve que se desculpar publicamente.
- Lembra quando o senhor me expulsou da classe por estar navegando na internet sem a sua permissão durante a aula?
- Eu não a expulsei, pedi que se retirasse.
- Tanto faz. - Emily joga os cabelos para o lado. - Eu só queria avisar que tem alguém burlando as regras e navegando em sites mixurucas quando deveria estar prestando atenção à aula. - Ela aponta para mim e meus olhos se arregalam.
Os olhares que estavam sobre a Emily, agora repousam sobre meu rosto aflito.
- Srta. Beene. - o professor chama. - O que a Srta. Dawson disse é verdade?
- Totalmente. - Emily interrompe. - Eu não sou uma mentirosa.
- Você não é a Srta. Beene, é?
Emily faz uma careta, botando a língua para fora e abrindo a boca como se fosse vomitar.
- Graças aos céus que não, eu me mataria se tivesse essa cara. - diz, baixo o suficiente para que apenas as pessoas próximas a ela ouçam, e o Oli é uma delas.
Risadas contidas enchem o ar ao tempo que o professor pede silêncio.
- Srta. Beene, desligue o computador e o ponha na minha mesa, devolverei quando a aula acabar.
Não é o fato de ter que entregar o computador que me machuca, mas a forma como o Sr. Krasinski falou, decepção escorria de suas palavras.
- Mas eu...
- Srta. Berne, o computador.
- Eu preciso fazer as anotações, ainda não terminei de digitar o que o senhor escreveu.
- Faça as anotações no caderno. Agora pare de argumentar e traga o computador.
Espreito os arredores, dezenas de pares de olhos expectantes pairam sobre mim, mas não os do Oli, eles estão fixos na página de uma apostila.
Sinto o coração trincar.
Se ele apenas olhasse para mim não me sentiria tão acuada e sozinha. Mas ele não olha, sequer parece se importar.
O amor te dá asas, para depois te fazer rastejar.
Sugo o lábio inferior com força, apertando-o entre os dentes numa tentativa de conter as lágrimas.
Não vou chorar, não na frente dessa gente, não serei a boba a animar a corte.
De cabeça erguida marcho pelo estreito corredor de cadeiras, engolida pelo silêncio de uma plateia cativa e expectante. Estou a apenas alguns passos da mesa do professor quando tropeço em algo, não tenho tempo de ponderar o que, o meu corpo é arremessado para frente como se pesasse pouco mais que uma pluma e, enquanto luto para manter o equilíbrio, assisto o laptop voar das minhas mãos e, em seguida, se espatifar no chão encerado.
YOU ARE READING
Viola e Rigel - Opostos 1
Teen FictionSe Viola Beene fosse um cheiro, Rigel Stantford taparia o nariz. Se ela fosse uma cor, ele com certeza não a usaria. Se fosse um programa de TV, ele desligaria o aparelho. Mas ela era apenas uma maluca expansiva e sorridente que infernizava a sua vi...
Rastejar
Start from the beginning