Capítulo I

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Era uma noite como todas as noites se não fosse o fato de ter dois olhos cinza penetrante me fitando a noite toda, era o mesmo cara dos últimos dois meses, seu nome: Raphael Alencar, vinha todo sábado à noite na boate Diamond, sempre chegava sozinho, bebia seu whisky duplo, deixava uma gorda gorjeta pra menina no balcão e depois ia embora, as vezes acompanhado mas geralmente era só, quando queria companhia a Renata era a escolhida, ela era a mais experiente e antiga e por isso tinha os melhores clientes, além de muito bonita e atraente a Renata também era uma pessoa com quem nós podíamos contar, ela sempre o acompanhava, mas desde que eu me recusei a sair com ele pela terceira vez, ele não ficava com mais ninguém, era sempre o mesmo ritual: chegava, bebia me observava atentamente e ia embora. Ele era um homem extremamente sexy, lindo de morrer, daqueles que você olha sem poder acreditar que sejam de verdade, enfim, escandalosamente gostoso. Mas havia algo nele que me incomodava, sua essência era um tanto dominante e me cheirava a problemas. Homens complicados estavam fora do meu cardápio. Ele é o CEO de uma empresa de tecnologia muito conceituada, se pudesse resumir em poucas palavras diria que é "absurdamente lindo e rico", mas as consequências que acompanhavam essas "qualidades" era um balde de água fria para qualquer garota desavisada. Ele tinha pele levemente bronzeada, corpo bem esculpido, por volta de trinta e sete anos, muito másculo e sensual, olhos e boca que convidavam para o pecado e arrogante até dizer chega, não posso negar que aquele sorriso fazia muitas calcinhas caírem, e apesar de muito cobiçado; era um solteirão assumido. Na primeira vez que me recusei a sair com ele, ficou irritado dizendo que cobria qualquer oferta para aquela noite, calmamente o chamei de idiota e isso se repetiu por pelo menos mais duas vezes, até ser grosseiro o bastante para me dizer que como as outras, eu tinha um preço e que eu ainda seria dele. Bufei de tanto ódio, ele era um estúpido, grosso, se achando superior com aquele terno importado feito sob medida que o deixava ainda mais gostoso, se é que isso era possível. Sabia que não deveria ter saído àquela noite, mas precisava ocupar minha cabeça com algo que não fosse o tratamento do meu pai, que tinha sofrido um AVC há um pouco mais de um ano e desde então tem precisado de tratamento e remédios, eu trabalho em meio expediente na biblioteca da faculdade em que estudo nutrição cursando o último período, a grana não dá para me manter por isso comecei a fazer bicos de garçonete nos finais de semana na boate Diamond, mas ainda assim não dava para pagar as despesas com o hospital, faculdade e outras contas, eu estava tentando vender o apartamento que tínhamos no centro, mas estava tendo dificuldades por questões burocráticas, então num ato desesperado por dinheiro acabei me tornando acompanhante de luxo, a Renata me indicou um de seus clientes e eu acabei cedendo à ilusão de que seria o caminho mais rápido e fácil de conseguir uma boa grana, já que as acompanhantes eram mais valorizadas nesse ramo. Tudo o que aconteceu naquela noite passou longe de ser fácil, e demorou uma eternidade, a dor, a tortura, o medo e a humilhação nunca mais me deixaram desde então, eu sabia que deveria desistir, mas me obriguei a continuar e aprendi a escolher meus clientes usando alguns limites e exigências, posso dizer que tive sorte, pois não precisei ter muitos como as outras meninas, eu tenho quatro clientes, eles são fixos e todos de meia idade. Sinto-me mais segura com o fato de serem mais maduros, eles me tratam muito bem e são bem generosos, na maioria das vezes eu faço apenas o papel de acompanhante, mas quando rola sexo eu me sinto à vontade pois ele flui de uma forma tranquila, sem taras ou fantasias loucas. Digamos que minha iniciação não foi das melhores e eu não suportaria reviver todo aquele pavor novamente. Abri os olhos para afastar aquelas lembranças amargas, dando de cara com aqueles olhos azuis acinzentados, frios e duros me encarando como um animal espreitando a presa. Lindo, másculo, um Adônis transpirando indecência por todos os poros. Minha calcinha deu o primeiro sinal de alerta sinalizando a umidade involuntária. Porra de homem tão gostoso. Sempre que me olhava assim eu lia em seus olhos a ordem "tire a calcinha". Puta que pariu, pularia tranquilamente em sua cama se não fosse um cachorro arrogante. Saio de um transe pervertido quando percebo passos firmes vindo em minha direção.

O ContratoWhere stories live. Discover now