Capítulo 63 - I'm with you

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 " Won't you take me by the hand/ Take me somewhere new/ I don't know who you are/
But I, I'm with you
" - I'm with you, Avril Lavigne  


~Melissa~

  - Gabriel, não, ele acabou de voltar! - falei.

  - Melissa, você acha que eu quero isso?

  - Então, tira essa ideia da cabeça dele!

  - Não dá! Ele já falou com o juiz. Já foi dada a sentença. É segredo de justiça. Se não for para Bella, ele vai doar para outra pessoa da fila de espera. É melhor que seja para a Bella.

  - Quanto à sentença, há recurso. Há volta, Gabriel. Ele é seu pai. 

  - Que está morrendo! - Gabriel me cortou.

Ele havia me ligado horas atrás, dizendo que precisava falar comigo, e assim que saí do hospital, às 20:00, ele me pegou e estamos em minha casa agora.

Bella continua internada. Dessa vez, Miguel disse que o estado dela é crítico. A qualquer momento, seu ventrículo pode vir a se romper. O tempo é meu maior inimigo agora.

Com tudo acontecendo, nem discuti com Gabriel a respeito de ele ter dormido na casa de Ella ontem. Eu já pensava que era muito para mim aguentar, e agora tem mais a notícia sobre o pai de Gabriel, que quer doar seu coração para Bella, já que sabe que vai morrer de qualquer jeito, com um fim deplorável.

  - Gabriel, nós podemos conversar com ele, vamos lá!

  - Não foi você mesma quem acabou de dizer que o quadro de Bella já mudou? Nós não vamos conseguir um coração a tempo, ela vai morrer!

  - Ela não vai morrer!

  - Ou vai ela, ou vai meu pai. Porra, Melissa! Entenda! - ele gritou.

  - Você só pode estar brincando comigo! Está brincando que concordou com essa ideia maluca de seu pai assim, do nada!

  - Não, eu não concordei. É claro que não! Mas eu prefiro vê-lo pela última vez saudável do que em uma cama sem poder falar, definhando aos poucos. - ele abaixou o tom de voz - Ele está certo. Se eu estivesse no lugar dele, não iria querer que ninguém me visse no leito de morte. Meu estado seria horrível.

  - Gabriel... olha,...

  - Não. Melissa, eu já decidi. Por favor, eu não quero vê-lo depois que a doença agravar. Não quero que minha última lembrança dele seja morrendo aos poucos...

Ele se virou de costas. Seu cabelo estava um pouco bagunçado e, ao correr os dedos entre eles, bagunçou um pouco mais. Ele usava um moletom preto, jeans escuro e tênis branco. A chave da moto pendia do bolso da frente da calça. Quando ele se virou novamente para me olhar, vi que seu semblante estava cansado.  Descobrir que vai ser pai, que a filha pode morrer e que o pai está com os dias contados é demais para qualquer um. Mas especialmente para ele, que já havia perdido tanto na vida.

  - Mel... - meu nome parecia bem mais bonito quando era pronunciado por sua voz - Por favor. Assine os papéis. É só o que eu te peço. Vamos ter alguns dias para nos despedirmos dele. - sua voz era branda. Convincente.

Eu já estava parte convencida. Mas como ele conseguia ficar calmo sabendo que, com minha assinatura, perderia a única família que lhe restou?

  - Como consegue raciocinar em meio a isso tudo? - perguntei, me aproximando - Como você ainda não...

  - Como ainda não pirei? - ele completou e sorriu de canto - Vem cá. - abriu os braços e me abraçou de lado - Eu tenho você para me puxar de volta quando eu estiver prestes a ter um ataque de raiva. Não quero pôr tudo a perder de novo com você. Mas, Melissa, se eu te perder também, pode ter certeza de que meu velório será no dia seguinte.

Os Opostos se Atraem? - Livro 2Where stories live. Discover now