- Qual? - olho para onde o dedo da Maethe aponta discretamente e vejo, a menina tem porte de modelo e parece simpática. - Uau.

- Olha discretamente. - Calango cutuca Guaxinim com o cotovelo.

Guaxinim que não é nada discreto, vira a cabeça parecendo a menina do exorcista.

- Acho que tô apaixonado. - ele se pronuncia.

Ficamos por exatos dez minutos incentivando ele a falar com ela. Quando ele finalmente se levanta, um loiro alto para ao lado dela e lhe entrega um sorvete de casquinha logo depois dando um selinho nela.

Guaxinim bate na bermuda tirando uma sujeira inexistente e se senta novamente.

- Ela nem era tão bonita assim. - desdenha com a mão.

- Agora eu quero sorvete de casquinha. - Rafa resmunga.

- Eu vou com você. - me apoio no ombro de Pk e me levanto.

- Tragam pra gente também. - Gabs aponta pra si e para Olívia me entregando o dinheiro.

Dou a mão a Rafael e vamos em direção ao carrinho de sorvetes.

Quando chegamos lá, ficamos no final de uma pequena fila. A nossa frente um homem pede licença a mulher que lhe acompanha dizendo que tem que ir ao banheiro. Quando ela se vira pra concordar, noto a saliência na sua blusa e sorrio. Cutuco Rafa com o cotovelo e indico a barriga da mulher discretamente.

- Que fofa! - sussurro.

Rafa sorri e acena com a cabeça, logo em seguida ele cutuca o ombro da mulher de verde na nossa frente.

- Com licença - ele cumprimenta, meigo. - De quantos meses a senhora está? - Rafa tentando falar formalmente com alguém me dá vontade de rir.

A mulher que antes estava toda sorridente fecha a cara automaticamente.

- Já está no final da gravidez? Já sei! Só podem ser gêmeos né? E vão nascer bem grande pelo que notei. - ele ri.

- Rafa? - tentei avisa-lo.

- Minha tia teve gêmeos, ela ficou com os pés inchados e mal conseguia sair do lugar sem ajuda. Seus pés estão maravilhosos para uma grávida de gêmeos! - ele continuou.

- Rafa...

- Você me parece muito nova, esta mesmo preparada para tomar conta dessas crianças? Quer dizer, eu não tenho nada a ver com a sua vida e tal. Mas tem muita crianças abandonadas por aí.

A moça parecia realmente jovem e agora, a ponto de chorar.

- Mas você sabe... - tapei a boca do meu namorado antes que ele falasse mais besteira.

- Desculpa moça haha, esse meu namorado. - ri sem jeito. - Ele não é uma graça? Sempre tentando fazer piada de algo.

Senti Rafa murmurando na minha mão e ignorei.

- Aproveita os sorvetes hein, deve ser desejo. - o loiro que se soltou da minha mão falou. Eu o puxava para o mais longe da moça que conseguia. - NÃO SERIA NADA LEGAL ELES NASCEREM COM CARA DE SORVETE DE CASQUINHA! - ele gritava. Como estava puxando Rafa, só senti o impacto quando foi tarde demais.

Bati em algo duro e me virei. O acompanhante da moça nos encarou vermelho de raiva.

- Rafa. - sussurrei tentando chamar a atenção do meu namorado. - Rafa!

Quando ele virou e encarou a montanha de músculos a nossa frente, tremeu.

- CORRE! - gritei e sai correndo como uma idiota no meio do parque. Sei que anunciar que vai correr não é algo muito inteligente a se fazer, mas é tudo que consigo sob pressão.

Eu passava me esquivando no meio dos brinquedos infantis e podia ver o brutamontes me seguindo. Porque eu hein? Logo a criança que era café com leite nas brincadeiras porque era asmática. Poxa tio! Corria atrás do Rafael que é mais rápido que eu com aquelas pernas de gazela dele.

Depois do que me pareceu uma eternidade consegui fazer ele me perder de vista. Me apoiei em uma árvore para descansar.

Não posso correr tanto assim, não tenho mais idade pra isso. Cinco minutos depois Rafa se junta a mim.

- Porque... não me disse... que ela... não tava grávida? - ele perguntou ofegante.

- Quando eu notei, você já tava falando aquele negócio sobre gêmeos. - ri. Ou ao menos tentei já que eu não tinha fôlego nem pra isso.

Rafa balançou a cabeça negativamente e me ofereceu a mão para voltarmos pro pessoal.

- Ué, cadê o sorvete? - Calango perguntou enquanto eu e meu namorado nos encarávamos e começávamos a rir.

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