- Rafa - chamei. - Eu tô entediada.
Rafael parou de jogar a bolinha de plástico no teto e me olhou.
- O que quer fazer?
- Eu não sei. - fiquei de cabeça pra baixo na poltrona.
- Eu estava pensando em começar um canal no YouTube, você sabe. - Rafa pigarreou.
- Acho uma ótima ideia. - me empolguei. - Quer dizer, você não sabe o que vai fazer quando o ensino médio acabar. E você pode gostar do YouTube.
- É. Eu só não sei sobre o que falar. - ele coçou a nuca.
- Você podia fazer gameplays, você é bom nisso. É só interagir com a câmera como faz com seus amigos e comigo.
- Sabia que você me ajudaria com isso. - ele me pega pela cintura e me joga nas costas como se eu fosse um saco de batatas.
- Aí Rafa! - tento chutar sua barriga mas ele me joga na cama e começa a me fazer cócegas. - Aí Rafaaa! Eu não... consigo... hahahaha... respirar.
Quando ele para, fico encarando o seu rosto e me perco em seus olhos. Os olhos de Rafael são uma das minhas coisas favoritas nele. Não por serem azuis, é só pelo fato de que todas as emoções dele são facilmente demonstradas ali.
- Eu amo você. - passei a mão no seu rosto e beijei sua bochecha. - Mas temos que começar a gravar. - Viro meu corpo por cima do seu e logo estou sentada em seu colo. - Eu tenho uma câmera em casa! Espera um pouco.
Quando tento me levantar, Rafa segura as minhas pernas e me derruba novamente na cama.
- Mas você não sai daqui nem fodendo.
- O quê? Por quê?
- Vestida desse jeito você não vai a lugar nenhum.
Só então me dou conta do que estou usando, uma camiseta preta do Rafa que bate nas minhas coxas.
- Ah - ri - Então você vai buscar.
Ele bufa mais se levanta, coloca a bermuda e sai do quarto.
Vou pra escrivaninha e ligo o computador. Quando a tela se ilumina, sorrio. O descanso de tela é uma foto minha e do Rafa com bigodes de milkshake.
Vou no Google e acesso o YouTube. Quando Rafa volta, vejo que ele está com a câmera e todos os equipamentos dela. Alex devia está sem paciência.
- Pedi a câmera e seu irmão me jogou tudo isso, ele tá bem?
- Ele brigou com a Olívia.
- Tá explicado. - Me levanto da cadeira e deixo ele sentar, depois sento no meio de suas pernas.
- Já pensou em um nome?
- Cellbit? - ele me olha confuso.
- Cellbits. Cellbit seria você. - Rafa concorda e abraça minha cintura.
Abro o Photoshop e começamos a tentar fazer uma logo legal para o canal. Quando terminamos tudo relacionado a aparência, Rafa tenta pensar em tipos de jogos.
- Não consigo pensar em nada, não quero ser aquele gamer chato.
- Que tal gameplays com jogos ruins? Você sabe, tem um senso de humor maravilhoso e uma risada engraçada. Poderia tornar os jogos ruins engraçados e ser um gamer legal.
- Já falei que você é maravilhosa hoje? - ele me aperta mais.
- Hoje não, ainda estou esperando minha cota diária. - finjo estar analisando minhas unhas.
Ele ri.
- Podemos tentar gravar agora? - começo a pular empolgada.
Mudamos a posição da escrivaninha para a câmera pegar os pôsteres da parede.
Ligo a câmera e sorrio, sinalizando para que comece. No começo Rafa demora um pouco para se soltar, depois de um tempo estamos rindo das idiotices gravadas. Ele edita e posta o primeiro vídeo com os olhos fechados. Falo pra ele que vai da tudo certo e caso não dê, sempre tem as segundas opções.
Naquela noite avisei aos meus pais que não iria dormir em casa. Fizemos brigadeiro - ou melhor, eu fiz brigadeiro já que o Rafael tem que está no mínimo a quinhentos metros de distância do fogão. Para segurança geral é claro. - E maratona de Doctor Who até eu cochilar no seu peito.
A cada dia descobria que Rafa era a pessoa escolhia pra mim.