Prólogo

134 21 32
                                    

Eu estava me sentindo estranha sentada naquela mesa no meio da praça alimentar. Não era o fato de estar sentada de frente para Erick, que parecia ignorar a minha existência, que estava me incomodando, nem por estar sentada ao lado de William, meu ex - namorado que, desde o último sábado, achava que eu ainda sentia algo por ele. O motivo era outro e eu não sabia explicar a mim mesma.

Haviam montado um palco na praça alimentar do shopping, algum cantor famoso iria se apresentar, mas eu não conseguia me concentrar na voz do apresentador, tudo parecia meio bagunçado e confuso junto com o balbúrdio das pessoas ao redor da minha mesa e das demais.

O barulho de pessoas falando e celulares foi aumentando e eu acho que eu estava fazendo alguma careta, pois Elly chamou minha atenção fazendo eu olhar para ela.

— O que?... — perguntei, os som das vozes diminuindo repentinamente.

Elly deu um risinho.

— Sonhando acordada de novo Emilly? — ela estreitou os olhos por traz dos óculos.

Olhei ao redor e percebi que Erick estava me olhando e tentou disfarçar. Então de repente: gritos, correria e BAAAAAAAAAAN!

Senti meu corpo ser arremessado contra uma parede com um baque forte.

Abri os olhos e com a visão meio turva vi uma poeira branca se misturando no ar entre destroços, mas continuei deitada no chão fitando o teto. Quando tentei me levantar sentir uma dor na perna e na clavícula e uma zoada alta e aguda como a de um apito entrou pelos meus ouvidos zunindo.

Olhei em volta caçando meus amigos, mas nada se comparou ao que eu vi a minha frente e tudo parecia estar acontecendo em câmera lenta: vi pessoas usando batas brancas e com máscaras de gás correndo em meio aos destroços; pessoas caídas no chão; vi um mascarado atacar um guarda com um lança chamas; vi a metade do teto do outro lado cair em cima do chafariz e de um grupo de pessoas assustadas; a uns 6 metros de mim, vi um dos mascarados encurralar Elly.

E então eu perdi toda a noção do tempo, medo e sanidade quando corri em direção a eles e o derrubei no chão com uma força de que não combinava com o meu corpo pequeno, mas ele conseguiu me dominar subindo em cima de mim, que já estava no chão e colocou as mãos em meu pescoço me estrangulando.

Eu só conseguia ouvir o barulho de tiros e gritos, entre eles reconheci os de Elly e eram desesperador. Me debati, sentido meu ar indo embora e meu sangue acumular nas minhas veias que pareciam que iam explodir na minha testa, me debati exigindo que meus pulmoes conseguissem trabahar mesmo sem oxigênio, minha visão escurecia a medida que meu cérebro parecia trabalhar a mil... imagens vindo e indo... meu coração acelerado parecia estar dentro dos meus ouvidos... e eu fui parando de lutar pouco a pouco.

Me perguntei por que Elly gritava tanto, porque ela não vinha se juntar a mim? Agora estava tudo como tinha de ser, lembrei de uma conversa que tinha tido com ela uns dias atrás, de como o mundo estava e de como ele iria acabar e qual seria nosso papel nesse meio tempo. Pensei na minha família e como lidariam com o meu adeus pra sempre, pois eu não queria mais resistir.

Então o ar voltou e tomou meus pulmões com tanta força que senti meus canais respiratório arderem, eu parecia esta tendo uma convulsão pelo modo que eu me debati enquanto minha respiração voltava ao normal.

Minhas mãos se agarraram forte a alguém que estava próximo a mim e depois de alguns segundos meu olhos conseguiram focar um rosto, então reconheci Erick agachado ao meu lado segurando a minha mão, o rosto sujo de sangue e de alguma coisa preta.

— Vamos! Levante! Temos que sair daqui...

Me levantei, mesmo contra a vontade do meu corpo que implorava descanso, olhei ao redor desesperada caçando Elly e a vi, os olhos encharcados de lágrimas e de medo, tentei bloquear a dor no meu ombro e corri para abraça - lá, ela retribuiu o abraço tremendo.

Quem Matou O Mundo?Where stories live. Discover now