Trabalho x Prazer

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              Apaixonada pelo Gustavo? Eu? Isso não era possível. Não podia ser e eu não queria que fosse. Como podia que ele, só por me dizer aquilo tivesse mudado tudo dentro de mim?

              Queria somente não estar passando por isso. Queria só não precisar perder o meu amigo. O meu sexo maravilhoso e sem compromisso. A paixão serve pra que? Olha só toda a merda que aconteceu depois que ele se disse apaixonado. Nós já brigamos, nos afastamos, magoamos a Sabrina, nos magoamos...

            Sentei na cama ao lado da Thays, e me abracei com ela.

- É, talvez eu esteja mesmo apaixonada pelo Gu. Talvez a imagem dele não esteja saindo da minha cabeça.  Talvez e só talvez eu esteja morrendo de saudade dele.-

Enquanto eu fungava e limpava o meu nariz, Thays afagava meu cabelo molhado.

- É Gabriela... Eu te disse que um dia você ia se apaixonar. É inevitável. Na verdade o normal é se apaixonar várias vezes na vida. Sofrer as desilusões para se fortalecer, para saber quando for real. Você não passou por nada disso, é como se estivesse acumulado dentro de você. O que você vai fazer agora?-

Passei a mão no meu rosto. E tentei pensar em algo bem ao meu estilo. Eu iria ignorar esse sentimento, ou ia simplesmente aceitar que eu enfim havia sido fisgada?

-Não sei Tha! Não faço a menor ideia do que vou fazer.-

                Os dias passaram enquanto eu começava a agitar a minha vida em Nova Iorque. Fui para um hotel , me instalei bem. Eu teria muita coisa para fazer. Evitei pensar em qualquer coisa que não fosse meu trabalho, o que era quase impossível já que meu irmão me ligava todo dia para contar como estavam as coisas por lá, e perguntava o que estava acontecendo por aqui.

              Não mencionei que havia enfim aceitado que estava apaixonada pelo Gustavo, até porque não queria ninguém já planejando um casamento pra mim sem nem mesmo saber.

              Era segunda feira, o tempo  estava perfeitamente agradável, Coloquei um vestido vermelho, com um decote quadrado, um bom salto alto preto, e um cabelo despojado.  Levei comigo um sobretudo, afinal ficar com frio não era uma opção pra mim.

               Já tinha alugado um carro, então entrei nele e fui até o escritório da empresa, afim de conhecer logo o outro arquiteto que iria trabalhar comigo. Como eu sempre trabalhei sozinha, achei que teria problemas para conciliar isso com um gringo qualquer.

             Subi o elevador e assim que entrei na sala, me deparei com muitos homens na sala. Na verdade só haviam homens.

- Bom dia cavalheiros! Me chamo Gabriela  Martins Soares. Sou a arquiteta contratada para o projeto.- Disse em inglês.

               Recebi os olhares de todos ali, dos homens mais velhos, os de meia idade e os mais novos. Se eu não estivesse trabalhando sentaria e cruzaria as pernas, só para ver as caras deles.

              Fui cumprimentada por todos, e apresentada ao meu companheiro de trabalho.

- Rodrigo Albuquerque, muito prazer.-

Brasileiro? Rodrigo era brasileiro como eu. Alto, cabelos raspados , porém loiros, olhos verdes... Ele tinha potencial.

-Muito prazer, será um prazer trabalhar com você, principalmente porque você é Brasileiro.-

               Apertando suas mão e olhando diretamente em seus olhos, eu o cumprimentei. Uma pena que ele estivesse trabalhando comigo, eu ficaria feliz de despir esse terno  nesse exato momento.

- Não tenho dúvida alguma Gabriela.-

              Voltei a colocar a minha face profissional, e me sentei na mesa de reuniões. Passamos o dia todo ali. Cansativo, mas muito motivador, eu estava dando um passo além na minha carreira. Na hora de sair, fui parabenizada  pelos engenheiros  e me senti confiante.

-Posso acompanhar você?- Rodrigo me alcançou no corredor.

-Claro que pode, para falar a verdade estava indo comer algo, quer ir?-

               Ele sorriu e afirmou com a cabeça.  Rodrigo era um homem que não lembrava em nada um ogro, na verdade tinha um certo tipo  de ternura. Nós sentamos e conversamos um pouco em um café. Ele parecia tímido, mas não tirava os olhos dos meus seios, enquanto não me pegava olhando para ele.

- O seu namorado veio junto, ou está esperando você no Brasil?-

Ele perguntou parecendo curioso.

- Namorado? Não, eu não tenho namorado.-

-Não tem?  Nossa isso é realmente uma  coisa  boa... é... diferente..hum...ruim?-

Eu ri! O que ele estava tentando fazer? Dar todas as opções para que eu pudesse escolher uma?

- Não tenho namorado porque não quero ter. Não acho necessário. Prefiro sexo casual, alguém que queira estar comigo, sem estar comigo! Deu pra entender?-

Um sorriso se abriu nos lábios dele.

- Gostei de você! Também sou a favor do sexo casual, e se não trabalhássemos juntos, eu me ofereceria para estar com você, sem estar com você!-

              Sorri um sorriso sacana. Que merda trabalharmos juntos, eu não era o tipo de pessoa que misturava trabalho com prazer, mas ele estava mexendo comigo.

- Você podia pedir demissão!- Sugeri rindo, mas deixando bem claro a minha intenção.

- Sinto muito, não posso. Mas não ligaria em fazer sexo casual com você em cima da mesa do escritório.-

 E com essa frase ele me tirou completamente do sério.  Levantamos do café e fomos passear um pouco. Meu telefone tocou.

- Oi Tha! –

Thays queria que eu fosse para casa dela jantar aquela noite.

-- Claro que sim. Posso levar companhia?-

Vi que ele me olhou de relance. Mas ignorei. Desliguei o telefone .

- Tá afim de ir comigo hoje em um jantar corriqueiro na casa de uma amiga?-

- Claro!  Ela curte sexo casual também?-

Ele parecia brincar, mas toda brincadeira tem um fundo de verdade.

- Não, ela é filha de pais religiosos e tem namorado.-

Não sei porque eu tinha a impressão de que eu e ele nos divertiríamos muito.

-Me passa seu telefone, e a gente marca de se encontrar.-

                Não ia adiantar eu não passar o meu telefone para ele, o cara trabalhava comigo. Então dei o meu e peguei o dele, ele me guiou até meu carro.

- Vou deixar você aqui, preciso ir para casa, o dia todo de terno, já estou fedendo.-

Cheguei perto dele, e senti seu cheiro devagar. Senti uma mão segurar meu braço, e logo eu e ele estávamos no beijando.

Seu beijo era diferente do que eu imaginava, seus lábios eram doces e suas mãos pesadas... Ele tinha pegada...

Isso ai Gabriela, envolva-se com seu amigo de trabalho para uma relação de sexo casual! Pensei!

Foda-se, eu nunca tive medo de nada mesmo. Enfim eu estava em Nova Iorque , e tinha a impressão de que eu e esse Rodrigo tínhamos muito para descobrir.

Pega, mas não se apega! (COMPLETO)Where stories live. Discover now