Entro no meu quarto e largo a água do lado da enorme cama, começando a me despir enquanto penso mentalmente em tudo o que eu tenho para fazer amanhã.

Vou até o banheiro e acendo as luzes, me esticando e ligando um dos dois duches do chuveiro porque só quero deitar e relaxar, o dia de hoje com a função do meu pai e o vôo não teve nada de bom, longe disso.

Quando saio do chuveiro, escovo os dentes e vou até o meu closet, pegando uma das milhares de boxers pretas que se encontram no mesmo, bem... Digamos que eu seja um grande fã de preto, sempre dizem que é a cor que menos demonstra algum tipo de sentimento, então de certa forma, me identifico com a mesma.

Coloco o celular para carregar e deito na cama, pondo ambos os braços atrás da cabeça e respirando fundo enquanto fecho os olhos, não demorando muito para apagar em seguida.

FlashBack On - 21 anos atrás.

Jeremy, isso é loucura, pelo amor de Deus! — Ouço os gritos da minha mãe, mas nem isso faz com que o meu pai baixe o ferro quente que aponta para mim.

— EU MANDEI ELE NÃO ENTRAR NA DROGA DO CELEIRO, CARALHO! — E com isso eu fecho os olhos, sentindo o ferro ser pressionado com tudo no meu corpo, mas não, ele sempre me falou que "homens não choram", então sem chorar na frente do papai, pois assim sou apenas mais castigado.

— PARA COM ISSO, OLHE PARA MIM! — Ela me empurra para trás e se põem na minha frente, segurando o rosto do meu pai e fazendo ele a olhar. — Jeremy, pelo amor de Deus! Você o quer como amigo, não faça ele te odiar enquanto pode te amar! Você não pode...

— Patricia, eu já falei para não se meter quando eu estou o ensinando! — Ele grita e tenta avançar até mim, mas a mamãe o segura.

— Jeremy, ele tem 6 anos, por favor... — Ela chora e consigo ver o como seu corpo treme. — Bate em mim, desconta os erros dele em mim, mas por favor... Eu realmente não acho que assim ele vá aprender. Você quer que ele seja um adulto sensato, não rancoroso e... — E ele ergue a mão, logo acertando um soco no rosto da minha mãe e me fazendo ver o corpo dela cair com força.

Eu ia correr até ela, mas o meu pai ergue o ferro e nega.

— Eu já falei e vou repetir, você não vai se rebaixar por mulher nenhuma. Sendo ela sua mãe, ou até mesmo o amor da sua vida. — Ele fala isso olhando nos olhos da mamãe, a mesma que apenas fica bem quieta e espera pelo pior, mas para a nossa surpresa o meu pai se vira e começa a sair, deixando só nós os dois aqui.

— Mãe, desculpa. — Eu falo mordendo minha boca para não chorar, mas ela nega, abrindo os braços e eu vou até ela, colocando meus pequenos braços na sua volta.

— Filho, eu que tenho que me desculpar... — Ela coloca a mão na boca e segue chorando, mas sem nunca me largar.

— Eu prometo não errar mais ou quebrar as regras, você e o papai sempre estão bem quando eu não faço coisas que não devia. — Seguro a mão dela, mas ela já fica mais séria e nega, me olhando fundo nos olhos.

— Eu já amei o seu pai, e muito. Mas chegou a um ponto de que eu estou aqui por você, querido. Eu não quero que ele te destrua, Justin. — E ela começa a chorar mais ainda, fazendo eu me sentir mal. — Seu nome tem diversas origens, assim como diversos nomes ao redor do mundo, mas escolhi esse em especial porque queria que você fosse "justo", nada igual ao seu pai. Ele simplesmente me engravidou e decidiu a partir desse momento como o seu destino seria traçado. — Ela fala negando e pondo as mãos no rosto.

— Mãe, não chora. A gente vai ficar bem, o papai te ama. Ele sempre fica brabo e faz essas coisas, mas ele te ama, eu sei que ele vai voltar. — Eu falo sorrindo, passando a mão e tirando o cabelo do seu rosto vermelho.

Criminal BloodWhere stories live. Discover now