Capítulo Onze - Frente A Frente

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Frente A Frente

Os corredores de paredes de pedra do covil que havia criado assim que voltara para Hamia eram quase como um labirinto, repletos de cômodos vazios e muito maior do que o necessário para abrigar simplesmente dois prisioneiros, o espaço aparentemente inútil guardava seus próprios segredos, conhecidos apenas pelo seu criador. O lugar era uma armadilha perfeita para um feiticeiro e somente Durendal sabia como usá-la, ele havia criado o local para responder a estímulos mágicos específicos, estímulos estes que ele mesmo havia escolhido e o resultado era que naquele lugar poucos feiticeiros teriam chance de derrotá-lo num embate direito. Apesar disso, ele não se deixava iludir pela chance de vitória certa dentro de seu espaço, seus passos calmos nada mais eram do que a representação do seu estado de espírito naquele momento, ele precisava manter-se atento a o que viria a seguir, sabia que os dois subordinados mandados por seu mestre nem de longe seriam capazes de derrotar nem mesmo seu sobrinho sozinho, muito menos acompanhado de outra pessoa, ele sabia que logo se encontraria com seus invasores e quando acontecesse ele estaria preparado.

O som de passos ecoava pela estranha construção subterrânea, Grakas caminhava cauteloso, com os sentidos atentos para qualquer sinal que pudesse levá-lo ao lugar onde Blenn se encontrava. Durante toda a busca dentro daquele estranho lugar ele não pode ignorar a grandiosidade da construção, perguntava-se qual seria a intenção de alguém em construir algo que ele só podia chamar de masmorras, e de um tamanho tão excessivo? Assim que encontra-se Blenn e tirasse-o dali ele mesmo pretendia dar início a uma investigação mais aprofundada sobre tudo aquilo, mas naquele momento ele tinha outra tarefa a cumprir.

Durendal encontrava-se em pessoa há poucos metros diante dele assim que virou o corredor. Por um micromomento, quando viu a imagem do seu tio, chegou a esquecer que era ele o principal suspeito de ter sequestrado o garoto e levado-o para aquele lugar. Mas agora já não havia mais dúvidas sobre o quem, restava apenas saber o porquê.

- Tio. - Ele falou com um tom seco. - O que significa isso? Que motivos o senhor tem para raptar aquele garoto?

Grakas não conseguiu esconder a raiva na sua voz quando verbalizou o que seu tio havia feito. Já Durendal permaneceu no mesmo lugar, com a mesma expressão, não moveu sequer um músculo nem demonstrou surpresa quando os dois se encontraram.

- Diga! - Grakas ordenou impaciente.

Um sorriso de falsa simpatia surgiu no rosto do homem, ele conhecia aquela expressão, see tio sempre a usava como forma de mostrar sua superioridade diante das pessoas, ele sempre achou desprezível. Durendal adorava dizer que era maior que os outros, melhor que os outros, de um jeito que se distanciava em muito do aceitável e esse foi um dos motivos que levaram os dois a serem tão afastados, já que eles não se conheceram durante a infância a sua infância e quando foram apresentados depois de adultos já havia barreiras entre eles. Grakas não teve tempo para reagir ao ataque.

Raízes irromperam ferozes e furiosas do chão de terra do local e tão rapidamente surgiram quanto derrubaram-no, assim como o envolveram e retiveram os seus movimentos. Foi como se num segundo ele estivesse à espera da resposta de seu tio e no outro se encontrasse retido por aquele feitiço. Grakas ainda tentou libertar-se por meio de força física, mas seus esforços foram claramente inúteis e quanto mais ele tentava mais as raízes o comprimiam ao ponto de tirar seu ar, mas isto não era o pior, parte de uma das raízes parecia ter sido estrategicamente colocada em sua boca, forçando-o a mantê-la aberta, de forma que aquilo o impedia de sibilar qualquer encantamento, seus lábios haviam rompido com a violência do ataque e ele já podia sentir o gosto férrico do seu próprio sangue em sua boca.

- Você quer saber por que sequestrei aquele garoto e o trouxe para cá? - Durendal falou calmamente agora que tinha o controle da situação - Mas não há sentido em lhe responder essa pergunta uma vez que você logo morrerá.

A Vocação Proibida - Antes Do Portal (Livro 01) (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora