Capítulo 8

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1 mês depois

Sophia

Se passou um mês desde a minha ida e das meninas ao morro. O Renan estava muito estranho, vivia jogando umas indiretas pra mim, falava várias coisas relacionadas a traição, eu não entendia nada, mas ele estava estranho, chegava em casa bêbado e me agredia constantemente, não estava mais aguentando. Hoje é um dia comum, eu estou todo dolorida, me arrumei pra faculdade, sai do quarto e tirei uma foto postando no facebook.

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Sophia Fontes

Deus, me dê forças para suportar essa tempestade 🙏

Deus, me dê forças para suportar essa tempestade 🙏

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Desci para sala de jantar,  a mesa do café já estava pronta, sentei e coloquei minha bolsa na cadeira ao lado. Tomei meu desejum calmamente, quando terminei fui escovar os dentes. Quando sai do banheiro, fui na sala, peguei minha bolsa e fui para garagem, entrei no meu carro e dei partida pra faculdade.

(...)

Quando a aula acabou a Babi me ligou, me convidando pra ir na sua casa, eu hesitei um pouco mas logo cedi, não tinha nada para fazer em casa. Avisei que iria pegar o Lorenzo e logo iria pra lá, nos despedimos e eu desliguei entrando no carro partindo para Barra. Como o trânsito pra lá esse horário era só na ida, eu não demorei muito para chegar. Desci do carro, fui em direção a entrada, onde as crianças estavam sendo liberadas. Não precisei procurar ele, pois logo sentir um ser humaninho agarrando as minhas pernas.

- Mamãe.

- Oi meu amor, mamãe venho pegar você hoje. Vamos na casa de uma amiga da mamãe.

- Que amiga ?

- Curioso demais, você não conhece. Vamos !?

- Vamos.

Coloquei ele dentro do carro na caderinha, fechei a porta e entrei no motorista. Segui em direção a Rocinha. (...) Tinha acabado de chegar na entrada principal da Rocinha, liguei pra Babi e ela disse que era pra mim ir para onde ela estava, que era na rua 1. Eu liguei o carro, fui seguindo o caminho que ela me mandava ir. Cheguei na tal rua 1, era o mesmo local aonde tinha acontecido o baile, estacionei meu carro, mas antes de descer veio uns caras armados e bateram no vidro do meu carro.

- Abre o vidro dona - Eu abri o vidro. - O que a patricinha que aqui ?
- Vim encontrar minha amiga.
- Quem é sua amiga ?
- Sou eu novinho, ela tá comigo. Pode deixar ela. -
A Babi veio na minha direção e parou do lado do menino.
- Oi amiga, desculpa pela confusão. Pode ir novinho. -
O tal novinho saiu e foi sei lá pra onde. Eu desci do carro, peguei minha bolsa, tirei o meu filho da cadeirinha e bati a porta, alarmando o carro.
- Babi, esse é meu filhote Lorenzo. Filho, essa é a tia Babi.
- Oi tia Babi.
- Oi Lolo, você é lindo.
- Obligado.
- Vamos almoçar ? Lá perto da onde a gente vai tem brinquedo pra você Lolo.
- Eba, vamos logo.
Fomos pro restaurante que a Babi indicou. Sentamos em uma mesa de quatro lugares, e o garçom veio até nós.
- Boa tarde, aqui o cardápio.
- Obrigado.
- Com licença.
Ele se retirou, e nós olhamos o cardápio.
- A comida aqui é uma delicia.
- Então vamos comer. - Fizemos os pedidos, o garçom anotou e logo saiu da nossa mesa. Ficamos conversando e logo os pedidos chegaram, foi bem rápido, acho que pela Babi ser irmã do dono do morro. Comemos entre risadas, o Lorenzo adorou a comida, e eu também. Quando ele terminou, pediu pra ir brincar nos brinquedos que tinha ali, fiquei receosa mas uma voz me tranquilizou.
- Deixa o moleque ir brincar, tá na minha favela, tá seguro.
- Rodrigo...
- Pode deixar po, moleque tá seguro. Te garanto.
- Tudo bem, mas ele vai sozinho !?
- Deixa que eu vou com ele amiga.
- Obrigada Babi.
- Vamos Lolo ?
- Vamos titia.
Eles foram pros brinquedos e o Rodrigo sentou no lugar da Babi.
- Como vai a vida ?
- Vai indo, não muito boa mas vai caminhando.
- Sabe que aqui na minha favela tem lugar pra tu e o Lolo né !?
- Eu sei, obrigada. - Ficamos conversando sobre tudo, quando deu duas da tarde, chamei o Lorenzo pra ir embora, ele esperneou mas aceitou. Nos despedimos da Babi e do seu irmão e fomos embora.

(...)

Hoje faz dois dias que eu fui na Rocinha. O Renan estava todo esquisito, vive chegando tarde da noite, fedendo a álcool e perfume barato. Hoje era mais um dia que eu estava deitada na minha cama, esperando ele chegar. Ouvi a porta bater, e logo ouvi passos na escada, fechei meus olhos e fingi dormir, enquanto ele abria a porta e entrou no quarto.
- Sophia, acorda. - Ele me balançou.
- Que foi Renan ? - Ele estava bêbado.
- Você estava com quem sua piranha ?
- De que você estar falando ? Tá louco ?
- To, estou muito louco. Viram você com um homem, e eu confio nessa pessoa que me contou. Eu vou te matar sua vagabunda.
- Renan, sai de perto de mim.
- Vem aqui sua vagabunda. - Ele veio na minha direção, eu até tentei correr mas ele foi mais rápido. Ele me segurou pelos cabelos.
- Me solta Renan, eu vou gritar.
- Pode gritar vadia, grita que hoje eu vou te matar. - Aí começou a sessão de pancadaria, ele me batia, me chutava, me dava soco e por aí foi. Quando ele parou, eu já não aguentava mais, meu corpo todo doía, eu não conseguia me mexer, só fiquei parada olhando pro nada.
- Isso é pra vc aprender a não me trair. - Ele saiu do quarto me deixado lá, jogada no chão. Eu me arrastei até à cabeceira da cama, peguei meu celular e disquei o número da Babi.

Ligação on

E: Babi, me ajuda, socorro.
B: Que foi amiga ? O que você tem ?
E: Ajuda, por favor.
B: Eu já to indo. Fica calma.
E: Rápido, por favor.

Ligação off

Eu estava tentando ficar acordada, mas não estava dando. Já tinha se passado uns vinte minutos, quando eu escutei a voz da Babi, assim que ela entrou no quarto, eu desmaiei.

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Rocinha - Do Asfalto Pra FavelaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora