Estou me perdendo

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Minha mãe abriu a porta quando eu havia chegado à esquina de casa, ela me obrigou a entrar na casa e sentar no sofá.

- Você não ia entrar aqui, estava voltando não é?

- Acho que sim, não tenho certeza. Onde está o pai?

- Ele está lá em cima, ele anda meio ocupado ultimamente...

Não consegui me conter, comecei a chorar ali mesmo. Minha mãe meio que se desesperou, ela não me via chorar em anos. Ela sentou ao meu lado e me abraçou.
Eu soluçava de uma forma espantosa, naquele momento, eu não queria estar ali. Não queria estar em lugar nenhum.
Depois de um tempo no sofá com a minha mãe tentando me acalmar eu subo para o segundo andar, penso em entrar onde meu pai está. Meu pai abre a porta antes que eu fizesse alguma coisa.

- Você chegou, não estou impressionado. Está com cara de choro.

- Oi pai, estou mal. Muito obrigado por perguntar. - falei com tom de deboche.

- Quanto tempo você vai ficar aqui? Tinha me acostumado a não ver sua cara de tristeza o tempo todo.

- Mentira, você nunca olhou pra mim.

Falei isso virando de costar pra ele, não vou ficar nessa casa aturando isso o tempo todo. Não preciso disso.
Entrei no quarto e fiquei sentado um tempo na cama. Essa casa não é mais minha.

****

Passaram-se dois anos desde que o Yurio se foi.
Obviamente tive que voltar pra escola, voltar ao psicólogo e tomar remédios.
E com isso voltei a apanhar na escola, de um garoto diferente. Mas até que está tudo bem. Tirando o fato de que nunca mais vi o Yurio, isso me deixa muito exaltado. Não consigo conviver direito com as pessoas, nunca consegui fazer isso sem assustar a pessoa em questão.
Meu pai saiu de casa. Ele foi embora com uma mulher qualquer do seu escritório. Não fiquei surpreso com isso.
Acabou que a minha vida voltou ao normal. Depressão, remédios, roxos, brigas.
Tudo está desmoronando. As vezes eu penso em ver o Yurio novamente.

O que o pai dele falou pra mim aquele dia mesmo...

Eu Precisava De Um Demônio Where stories live. Discover now