Capítulo 30 - Something Just Like This (Rafael)

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But she said, where'd you wanna go?

(Mas ela disse: para onde você quer ir?)

How much you wanna risk?

(Quanto você quer arriscar?)

I'm not looking for somebody

(Eu não estou procurando por alguém)

With some superhuman gifts

(Com algum dom sobre-humano)

Some superhero

(Algum super-herói)

Some fairytale bliss

(Alguma felicidade de conto de fadas)

Just something I can turn to

(Apenas algo a que eu possa recorrer)

Somebody I can kiss

(Alguém que eu possa beijar)

I want something just like this

(Eu quero algo exatamente assim)

Doo-doo-doo, doo-doo-doo

Something just Like This – The Chainsmokers feat Coldplay

4 semanas depois

Exausto era uma palavra que dava para começar a descrever como eu estava naquela sexta-feira, voltando para casa. Tinha passado o dia inteiro enfiado na areia, ensinado os dois pirralhos agendados no dia o básico de como ficar em pé em uma prancha. Eu não via a hora de finalmente podermos treinar no mar, mas eles ainda estavam muito no início das aulas e isso ia demorar um pouco.

Todo cansaço valia a pena, assim como a espera. A escolinha de surfe para as crianças do Leme vinha prosperando lentamente, mas pelo menos eu já estava começando a conseguir alguma receita e usando para pagar o financiamento que arrumei no banco. Ainda não eram muitos alunos por semana, mas eu recebia todos com o maior sorrisão. Era uma das únicas vezes que eu sorria no dia, também.

Mesmo quando as irmãs mais velhas que iam levar os alunos sorriam para mim, eu não conseguia sorrir de volta. Ainda tava tudo meio ferrado dentro de mim, então eu preferia simplesmente focar no que me dava satisfação no momento. Ou seja, no trabalho. Incrível, mas verdadeiro. Era difícil ver qualquer mulher sorrir e não pensar que o único sorriso que eu queria ver não estava acessível. O ano tinha virado, mas o silêncio de Bárbara perdurava.

Virei a esquina, soltando um suspiro profundo. Eu vinha colocando a vida inteira em ordem, mas o coração continuava todo cagado. Bárbara não dava notícias desde que eu tinha deixado a porta na sua soleira, o que só me levava a crer que ela não estava interessada em me ver nem pintado de ouro. E eu estava tentando dar espaço.

Meu cérebro, entretanto, não queria me dar espaço. Vivia me bombardeando com lembranças sobre ela e desarrumando tudo que eu vinha tentando construir sozinho. Eu fazia o possível para bloquear meus pensamentos, mas sorrir era simplesmente muito difícil. Mesmo assim, tentava focar nos pensamentos que não me traziam um coração apertado de brinde.

Por exemplo, as coisas estavam melhores em casa. Tudo começou muito ruim. Com muitos gritos, alguns socos na mesa e uma cota de lágrimas também. Estávamos todos reunidos na mesa de jantar, alguns dias depois do dia do dia do presente para Bárbara, quando eu resolvi que era um ótimo momento para compartilhar minha nova tentativa de carreira.

— O quê?! — Meu pai socou a mesa, fazendo um pouco do arroz da minha mãe voar do recipiente.

— Não vou advogar — eu repeti, lentamente. Não queria perder a paciência. Não queria gritar. — Vou abrir um negócio próprio.

Chinelo e Salto AltoWhere stories live. Discover now