— Ok. — Respirei fundo, com um pesar no coração. O que será que estava acontecendo com ela? — Me espera aí, estou chegando.

Desliguei e fui para casa o mais rápido que pude.

Assim que Mary abriu a porta do quarto, abracei-a o mais forte mesmo sem saber de nada.

— Maya... — Mary continuou chorando até mesmo quando nos sentamos frente a frente na cama. Eu não tinha percebido, mas ela estava com um papel nas mãos e o fitava com tristeza.

— O que houve, minha irmã? — Segurei uma de suas mãos.

— De todos daqui de casa, você foi em quem eu sempre confiei mais. Você nunca me julgou e nem me criticou por nada. — Ela deu um sorriso fraco e me entregou o papel. — Eu... não sei o que fazer. — Seus olhos ficaram distantes, e nesse momento eu li o que estava escrito. Não pude evitar a surpresa.

— Você está...

— Grávida. — Ela sussurrou e novas lágrimas começaram a descer em seu rosto. — Eu já desconfiava há alguns dias, quando te chamei no dia da inauguração e disse que precisava conversar. Era sobre isso.

Havia mil e um questionamentos em minha mente, mas decidi não assustá-la com aquela enxurrada de perguntas, senão me manter em silêncio. Então, sorri o mais doce possível e apertei sua mão forte.

— Bem... — limpei uma lágrima sua. — Você não precisa ficar assim. Sei que você deve estar assustada e...

— Como você pode estar calma? — Mary me olhou aparentemente impressionada. — Eu vou ter uma criança, Maya!

Pensei em tamanha responsabilidade e, por algum tempo, quis repreendê-la e elencar todos os pecados que minha irmã tinha cometido. Queria dizer o quão imprudente ela havia sido e o quanto ela tinha entristecido o Senhor com aquela atitude.

Mas, então, lembrei-me da minha última com Caleb. Sabedoria. Há palavras certas para os momentos certos.

— É — ergui os ombros, querendo dizer que isso era um fato. Agora, não havia como fugir. — E o que pode fazer agora senão entregá-la a Deus? Entregue essa criança e toda a sua vida.

Ela tremeu os lábios, voltando a chorar. Abracei-a.

— Você é minha irmã, e eu estarei aqui para o que der e vier — Mexi em seus cabelos, com todo carinho possível.

— Mas o bebê vai crescer sem pai. — ela fungou, com o rosto escondido sobre ombro.

Balancei a cabeça negativamente.

— Não, claro que não. Você sabe quem ele é? Nome? Endereço?

— Sei.

— Então nós vamos falar com ele. — Afirmei e Mary fez cara feia.

— Não... ele é um idiota. — ela lamentou. — Você não vai querer conhecê-lo.

Parei por alguns segundos e refleti. Estava com muito medo e nervosa, além de insegura, mas não podia demonstrar isso. Mary precisava de mim.

— Onde vocês se conheceram?

— Em uma festa. — abaixou o olhar. — Eu sou uma idiota mesmo... Como pude... Essa criança... Ela não tem culpa de nada. Ela não merece ter uma mãe assim.

— Ei... — Virei-a para olhá-la nos olhos. — Mary, não posso passar a mão na sua cabeça e dizer que o que fez foi correto, pois sabe que diante de Deus não foi. Mas olhe para o presente. É aqui, no agora, que está sua chance de arrependimento.

Até que te ameiWhere stories live. Discover now