31 - Vamos nos permitir - part1.

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: - Essa peste não vive sem mim... – Comentei com uma risada, apertando o botão para atender no viva voz. – Quié, piranha? Sentiu saudade?

: - Não te vi na faculdade hoje o dia todo, claro que senti saudade. – Abri um sorriso mesmo que ela não pudesse ver, e peguei uma faca na gaveta para cortar cebolas. – O que tá fazendo que não me ligou?

: - Estou cozinhando, sabe que fico distraída quando tô na cozinha. – Descasquei metade de uma cebola e comecei a picá-la, tomando cuidado para não espirrar nos olhos. – Mas eu ia te ligar quando acabasse, temos que marcar a hora de nos encontrarmos na Lapa.

: - Ué, por que não vamos juntas? Gostei disso não. Nunca chegamos separadas. Me trocou por quem, embuste?

: - Taylor vai também e não vai caber nós cinco dentro do Uber, né Mani? Então você vai com Dinah daí e eu com as duas daqui. – Funguei um pouco, piscando rápido com as lágrimas que se formavam em meus olhos. – Ai, caralho, que ódio!

: - Que foi, porra? Tá chorando por quê?

Eu ri entre lágrimas, com voz de choro.

: - Tô cortando cebola. – Terminei de picar e larguei a faca na pia. – Mas escuta, vamos umas 23:30, quero pegar o samba desde o começo.

: - Jaé! Dinah tá aqui em casa e aí fica mais fácil. Vê se não fica se fodendo com a Jauregui mais velha pra não nos atrasar.

Soltei uma risada alta, lavando bem as mãos com a água morna que saía da torneira.

: - Conhece a famosa "rapidinha"? Então...

: - Ah não, Mila, suas rapidinhas duram umas três gozadas. Assim não dá não, haja paciência e boceta pra aguentar isso.

: - Tchau, Mani! – Eu não conseguia parar de rir. – Me deixe terminar o jantar da minha mulher. Te ligo quando for me arrumar.

: - É tão vagabunda que nem me convida pra comer o rango. Melhor amiga de cu é rola.

: - Vai se foder, meu anjo! Adeus! – Ela soltou uma gargalhada, me fazendo sorrir. – Até mais, te amo!

: - Te amo, bunduda!

Desliguei a chamada e dei um suspiro com um sorriso. Normani era uma alegria imensa pra mim, eu podia estar na merda que bastava ela aparecer e as risadas saiam automaticamente. Nada como uma boa amizade para ter felicidade.

Juntei alguns temperos na panela e liguei o fogo no baixo, me deliciando com o cheirinho do alho e da cebola fritando no azeite. Como era bom aquele aroma, não deve existir nada mais gostoso do que sentí-lo ao cozinhar.

Corri até a sala e coloquei uma playlist de funk antigo para tocar no Spotify, deixando que as vozes de Claudinho & Buchecha invadissem o apartamento. Os vizinhos de Lauren, com certeza, iriam querer me matar.

: - "Olha, eu te amo e quero tanto beijar teu corpo nu... – Entrei de novo na cozinha e tirei a garrafa de vinho das sacolas enquanto cantava. – "não, não é mentira, nem hipocrisia, é amor. Com você tudo fica blue." – Eu fazia caras e bocas, balançando o quadril de um lado para o outro no ritmo da batida. – QUE HINO!

Gritei para o nada, rindo da cara que os vizinhos chatos deveriam estar fazendo. Tem coisa mais insuportável do que gente rica que detesta funk, pagode, forró, por achar que é música de pobre, favelado? Não, não tem. Bando de fodidos.

: - Ai, essa gente vai ter que me engolir, viu filho? – Fui falando com Joker, que me encarava sentado nas patas traseiras, com a língua de fora. – Exausta dessa gente cafona aqui do condomínio da mamãe Lauren. Vamos fazer eles ouvirem o que é bom. Eu quero é caos.

Águas de MarçoNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ