: - Essa peste não vive sem mim... – Comentei com uma risada, apertando o botão para atender no viva voz. – Quié, piranha? Sentiu saudade?
: - Não te vi na faculdade hoje o dia todo, claro que senti saudade. – Abri um sorriso mesmo que ela não pudesse ver, e peguei uma faca na gaveta para cortar cebolas. – O que tá fazendo que não me ligou?
: - Estou cozinhando, sabe que fico distraída quando tô na cozinha. – Descasquei metade de uma cebola e comecei a picá-la, tomando cuidado para não espirrar nos olhos. – Mas eu ia te ligar quando acabasse, temos que marcar a hora de nos encontrarmos na Lapa.
: - Ué, por que não vamos juntas? Gostei disso não. Nunca chegamos separadas. Me trocou por quem, embuste?
: - Taylor vai também e não vai caber nós cinco dentro do Uber, né Mani? Então você vai com Dinah daí e eu com as duas daqui. – Funguei um pouco, piscando rápido com as lágrimas que se formavam em meus olhos. – Ai, caralho, que ódio!
: - Que foi, porra? Tá chorando por quê?
Eu ri entre lágrimas, com voz de choro.
: - Tô cortando cebola. – Terminei de picar e larguei a faca na pia. – Mas escuta, vamos umas 23:30, quero pegar o samba desde o começo.
: - Jaé! Dinah tá aqui em casa e aí fica mais fácil. Vê se não fica se fodendo com a Jauregui mais velha pra não nos atrasar.
Soltei uma risada alta, lavando bem as mãos com a água morna que saía da torneira.
: - Conhece a famosa "rapidinha"? Então...
: - Ah não, Mila, suas rapidinhas duram umas três gozadas. Assim não dá não, haja paciência e boceta pra aguentar isso.
: - Tchau, Mani! – Eu não conseguia parar de rir. – Me deixe terminar o jantar da minha mulher. Te ligo quando for me arrumar.
: - É tão vagabunda que nem me convida pra comer o rango. Melhor amiga de cu é rola.
: - Vai se foder, meu anjo! Adeus! – Ela soltou uma gargalhada, me fazendo sorrir. – Até mais, te amo!
: - Te amo, bunduda!
Desliguei a chamada e dei um suspiro com um sorriso. Normani era uma alegria imensa pra mim, eu podia estar na merda que bastava ela aparecer e as risadas saiam automaticamente. Nada como uma boa amizade para ter felicidade.
Juntei alguns temperos na panela e liguei o fogo no baixo, me deliciando com o cheirinho do alho e da cebola fritando no azeite. Como era bom aquele aroma, não deve existir nada mais gostoso do que sentí-lo ao cozinhar.
Corri até a sala e coloquei uma playlist de funk antigo para tocar no Spotify, deixando que as vozes de Claudinho & Buchecha invadissem o apartamento. Os vizinhos de Lauren, com certeza, iriam querer me matar.
: - "Olha, eu te amo e quero tanto beijar teu corpo nu... – Entrei de novo na cozinha e tirei a garrafa de vinho das sacolas enquanto cantava. – "não, não é mentira, nem hipocrisia, é amor. Com você tudo fica blue." – Eu fazia caras e bocas, balançando o quadril de um lado para o outro no ritmo da batida. – QUE HINO!
Gritei para o nada, rindo da cara que os vizinhos chatos deveriam estar fazendo. Tem coisa mais insuportável do que gente rica que detesta funk, pagode, forró, por achar que é música de pobre, favelado? Não, não tem. Bando de fodidos.
: - Ai, essa gente vai ter que me engolir, viu filho? – Fui falando com Joker, que me encarava sentado nas patas traseiras, com a língua de fora. – Exausta dessa gente cafona aqui do condomínio da mamãe Lauren. Vamos fazer eles ouvirem o que é bom. Eu quero é caos.
BẠN ĐANG ĐỌC
Águas de Março
FanfictionRio de Janeiro, berço do samba, das poesias de Drummond, da Boemia de Chico Buarque, das noites na Lapa, da Gafieira. Rio de sorrisos, do futebol de areia, da água de coco, da cerveja gelada. Lar dos cariocas, das mulheres perfeitas, dos playboys ma...
31 - Vamos nos permitir - part1.
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