Prólogo

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- Eu tenho que fazer isso mesmo?

- Sim, senhorita D'Cerzar isso faz parte do seu tratamento.

- Hã... O.K.

Essa sou eu, deitada em um divã de couro brilhante, em uma sala de paredes bege - também brilhantes - tentando me abrir com minha mais nova psicóloga, a quarta em dois anos e meio.

Argh, talvez não seja tão ruim assim deixar meu lado psicótico me dominar.

- Sabe, senhora Sandra, esta é a segunda vez que tenho que contar minha historia esse ano, não sei se é mesmo necessário...

- Não importa quantas vezes você contou ou deichou de contar sua historia esse ano, ou em anos passados, o que me importa é que você ainda não contou ela para mim. Para que eu possa ajuda-la, você terá que me ajudar, certo?

- Certo - falei docilmente, mas por dentro meu Eu interior fazia caretas e dava língua para esse psicóloga antipática.

Talvez eles precisassem mesmo me conter.

- Tenho vinte anos, e desde meus oito sofro de depressão pós traumática, tenho síndrome do pânico e ... - cito metodicamente todos meus diagnósticos adiquiridos a partir dos anos.

- Não, não. Tudo isso eu tenho aqui em sua ficha, senhorita, preciso saber detalhes pessoais. - ela fala, me encarando com seus grandes olhos castanhos, através de seus óculos.

- Por acaso não diz ai que meu querido pai se matou quando eu tinha oito anos? Deixando esposa e filhos nas mãos do cruel destino?- falo amarga.

Tento me acalmar, não posso deichar meu "Outro lado" me dominar. Mas seria tão bom!

- Desculpas. As primeiras sessões sempre são as piores. - peço, humilde.

Passo as próximas horas repetindo toda a ladainha alto-depreciativa que contara a todas as outras psicólogas.

Se não fosse pelo meu trabalho... não estaria tentando tanto. Meu trabalho e, a insistêncria de minha irmã Anabel, que me liga todos os dias querendo saber se estou bem.

Acho que ela tem medo de que eu acabe fazendo alguma besteira. Anabel é a mais normal de nós três, as vezes acho que, se nosso pai não tivesse se matado nós seriamos normais, pelo menos um pouco.

Meu irmão Luca não frequenta picicriatras nem psicólogos, como eu, mas arranjou um jeito de lidar com seus problemas.

Ele "pega" mulheres.

Todo dia está com uma diferente, pelo menos quando não está em seu posto de soldado do exército.

Me pergunto como ele passou nos testes neurológicos. Nosso pai literalmente ferrou com nossas vidas, minha irmã é uma obesa compulsiva, que come para superar o passado.

Meu irmão é um machista arrogante, que usa as mulheres como se fossem peças de Vestiaria. E eu, bom, eu sou uma louca que sem remédios posso ser capaz de fazer qualquer coisa inimaginável.

Então, obrigada papai!
Você foi um máximo! - Tenho que dizer, meu outro Eu é um pouco amargo, e por que não seria, não é mesmo?

Por que fadas não existem? Where stories live. Discover now