8 - Uma noite inesquecível?

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— Há vários murais informativos sobre a história da cidade e diferentes tipos de navio e carga que o porto recebe. — Summer indicou um não muito longe e eu tentei decifrar o que estava escrito. Não consegui. — O complexo fica de frente para o mar, como podem imaginar, na extremidade norte do centro. — Era incrível como a garota conseguia lembrar de tudo que tinha para falar, pois eu me perderia em dois segundos. Talvez menos. — E o porto existe desde 1864, quando começou a exportar mourões de cerca para a Austrália. — Ela deu um sorriso característico e eu devolvi. Olha meu país aí! — É muito comum encontrarmos um navio de cruzeiro atracado no pier. — Ao dizer isso, Summer caminhou pelo imenso lugar, chegando ao lugar que mencionara. Eu só conseguia ver o mar. — E, como sempre, só porque quero mostrar, não há nada aqui. — Summer riu sem encarar a filmadora. — Talvez seja pelo horário que escolhi, mas posso dizer que a vista aqui é incrível! Vejam isso! — Aproximei-me para filmar a contemplação da garota e a tal vista. Era realmente muito bonita, apesar de ser apenas um monte de água e um pedaço de terra com pontos brilhantes. Uma vista realmente inspiradora! Imagino que, se eu usasse mais cores em meus desenhos, a imagem à minha frente poderia ser uma verdadeira obra de arte, mesmo com meus traços de cartoon. — Eu gosto muito de vir aqui para observar a vista romântica, ou para comer um lanche no café. — Summer voltou a falar, arrancando-me sutilmente de meus pensamentos. — Eu imagino que essa vista é perfeita para um encontro romântico de um casal não convencional. Faria os dois sentarem no chão para comerem juntos, como em um piquenique. — Maldita palavra! — Ou podem assistir a um filme IMAX, como eu vou fazer daqui a alguns minutos com Star Trek: Sem Fronteiras. — Ela deu um sorriso enorme. — Vou assistir ao meu filme tão esperado com o melhor ator do mundo, Chris Pine, que todos já devem saber que é meu ator favorito. — Mas quem é Chris Pine? Será que é o principal do filme? Não consigo lembrar do rosto através do nome. — Eu sugiro que façam tudo aqui durante a noite, pois a vista é ainda mais maravilhosa. Lembrem de seus personagens sempre entrarem no Canada Place durante a noite! Aposto que será uma noite inesquecível, tanto para os personagens quanto para pessoas reais! — Summer sorriu. — Bem, eu sou a Summer e esse foi mais um vídeo do quadro "Melhor de Vancouver". — Ela já estava finalizando? — Deixarei algumas imagens adicionais no final do vídeo, mas eu só tenho essas coisas para dizer. Espero que tenham gostado do vídeo e até a próxima!

Ela fez sinal de "corta" com a mão e eu parei a filmagem, desligando a filmadora em seguida para evitar que ficasse sem bateria. Observei Summer sentar no chão e abrir sua bolsa para pegar um sanduíche de presunto.

— Você foi muito bem! Não conseguiria me lembrar de falar metade das frases. — Fui sincero em minha observação.

— Eu esqueci de dizer algumas coisas, mas isso acontece bastante. — Deu uma mordida no sanduíche e me ofereceu outro. Aceitei, com a barriga já reclamando por comida.

— Ainda assim eu seria muito pior! Eu congelo diante de câmeras. — Até estremeci ao falar isso, mas resolvi disfarçar ao morder meu sanduíche. Estava bom, apesar de ser algo bem simples. Sentei ao lado da garota, mas não grudando nossos corpos. Deveria ter a distância de uma mochila lotada de coisas entre nós.

— Você não é um cara de ação, não é mesmo? — Summer sorriu e eu concordei.

— Você não tem ideia! — Suspirei, pensando no assunto. — Hoje mesmo eu vi um bêbado e um homem sóbrio com metade de sua altura brigando violentamente no metrô, uma meia hora antes de conhecer Hayden. — Fechei a mão em punho, lembrando da cena que presenciara mais cedo. Observei a linda paisagem diante de mim, tentando me obrigar a ter pensamentos felizes. Funcionou por alguns segundos, pois pensei em como seria maravilhoso desenhar aquilo. Então lembrei que não consigo fazer traços reais e desanimei. — O bêbado estava ofendendo o outro cara, encostando nele vez ou outra, mesmo que seu rival dissesse para não tocar nele. Em um determinado momento o cara sóbrio perdeu a paciência e gritou para que o bêbado não o tocasse e se afastou, mas foi exatamente quando o bêbado deu um soco no pescoço do outro. — Lembrei de como meu sangue esquentou naquele momento. Minha mente gritava por justiça. — Naquele momento os dois começaram a se bater de verdade e eu quis muito separar a briga, ainda mais com a falta de reação de todos os outros no vagão. Mas não fiz nada. Eu simplesmente não consegui agir e me arrependo por isso.

— Então você mais pensa do que age? — Summer indagou, parecendo realmente interessada no que eu estava dizendo. Era a primeira vez que um estranho parecia mesmo se importar com meus assuntos aleatórios.

— E falo sem pensar. Contrastante?

— Um pouco. — Ela sorriu, dando mais a última mordida em seu lanche. Comera bastante enquanto eu falava. Não deixei de olhar a vista enquanto ouvia-a falar: — Isso me lembra Metropolis.

— Do Superman? — Olhei para ela, extremamente confuso. O que a cidade de Superman poderia ter de semelhante com a situação que eu acabara de descrever?

— Não. — Summer fez uma careta estranha ao descartar minha indagação. E depois riu. — Não. Não a Metropolis da DC! — Voltei a comer meu lanche para não tirar mais conclusões precipitadas. — A Metropolis da música de Adam Young.

— Quem? Seu primo? — Mais conclusões precipitadas.

— Não! O cantor famoso! — Ela me olhou como quem diz "você deveria saber".

— Não conheço. — Dei de ombros.

— Adam Young. — Repetiu, mas nada me fez recordar de conhecer um cara com esse nome. — Mais conhecido como Owl City, que é na verdade um projeto musical dele, feito durante as madrugadas de insônia. — Nada. — Owl City! — Ainda um monte de nada. Talvez eu conhecesse, mas não de nome. — Da música Fireflies. — Ela começou a cantarolar a música e eu, por incrível que pareça, reconheci. Ouvir rádio serve para alguma coisa!

— Ah, agora lembrei!

— Graças! Odeio ter que ficar falando assim do Adam para que alguém o reconheça. Sempre esqueço que ninguém sabe o nome real dele. — Ela parecia mesmo chateada com o fato. — Ele é tão genial que para mim é difícil imaginar alguém não conhecendo nenhuma obra de arte dele.

— Vocês têm o mesmo sobrenome. Não são parentes, por acaso? — Brinquei para animar a garota.

— Muito improvável já que eu nasci em Vancouver, no Canadá e ele em Owatonna, Minessota, Estados Unidos. — Suspirou, como se estivesse desejando que houvesse um jeito do cantor ser seu parente. — Ele é meu cantor favorito, sabe? Suas composições são geniais!

— São países vizinhos. Seria pior se tivesse nascido na Austrália, como eu. — Sorri fraco para reconfortá-la. — Agora fiquei curioso. O que tem na Metropolis de Adam Young?

— Bem, eu lembrei mais do garoto do clipe que age muito como você... Ou não age. — Riu fraquinho e eu revirei os olhos, apesar de ter tido vontade de rir também.

— Acho que encontrei meu gêmeo.

— Sabe, agora que falou de Metropolis do Superman você me fez pensar que pode até ter relação... — Summer arregalou os olhos. — Terei que assistir ao clipe novamente, mas esqueci meus fones de ouvido. Terei que fazer isso mais tarde.

— Pode até me mostrar depois. — Levantei. — Acho que meu papel aqui acabou, não é? — Perguntei ao lembrar que a garota mencionara que estava prestes a assistir a um filme.

— Bem, sim. — Ela pareceu hesitar. — Na verdade... — Ih, lá vem bomba! — Eu estava pensando... Bem... Já que meu melhor amigo não saiu comigo porque tinha um encontro marcado com a namorada... E já que eu tenho um ingresso para Star Trek sobrando... — Ela se levantou lentamente e me olhou, parecendo insegura. — Eu estava me perguntado se você, por acaso, não gostaria de assistir ao novo filme de Star Trek comigo. — Ela mordeu o lábio ao finalizar a frase.

Eu pisquei, pensando nos prós e contras. Eu não tinha nada para fazer durante o resto da noite. Meu hotel ficava um pouco longe de onde estávamos, então teria que pegar metrô para chegar até lá. Eu não assistira a nenhum dos novos filmes, apesar de saber um pouco da história. Ela parecia querer realmente companhia. Os dois lados empataram.

— Por que não?

Olá, SummerWhere stories live. Discover now