Por um instante nós três rimos ao mesmo tempo olhando para Toru. Se tivéssemos combinado não teria dado tão certo, mas por isso consegui ver por um breve instante o terror nos olhos de Toru e com isso eu ganhei meu dia! Era um erro tentar zombar de mim quando eu estava irritada, meu mal humor se devia a ter que processar toda aquela porcaria de informação ao mesmo tempo e por mais que eu tivesse vivendo aquilo, era difícil absorver tudo tão facilmente.

E aparentemente minha ironia provinda da irritação estava começando a se espalhar para as pessoas próximas a mim.

Apesar da situação controvérsia Arthur deu um esboço de um sorriso ao ver nossas auras malignas, o que me fez pensar que ao invés de uma pessoa em depressão ele, deveria ser só um sádico mal compreendido.

— Você me parece bem senhorita Bliss — disse Arthur e não pela primeira vez pensei que ele devia ser bem maduro para a idade que aparentava — vou ajuda-la, mas aviso... Não posso dizer seu futuro com a precisão desejada, existem várias variáveis e pessoas cujas as atitudes não posso prever... O futuro e algo que muda constantemente ao invés de algo preciso.

— Pode me chamar de Lizzy — falei para ele — mas... O que exatamente você vai fazer? — perguntei confusa.

— Certo Lizzy — ele disse com uma expressão um pouco triste, aquela melancolia embutida começa a me irritar, já estava ficando com vontade de dar um motivo para ele começar a ficar daquele jeito — eu vou prever seu futuro...

Porque todo mundo de qualquer jeito me irritava? Talvez se eu olhasse no espelho me irritasse comigo mesma também.

— É o poder dele — interrompeu Toru, invocando novamente sua presença ao lugar — Arthur tem um olho de deus. Ele pode prever o futuro de uma pessoa se encostar nela ou em algo que tenha algum traço da pessoa.

Arthur suspirou.

— Não comece a fazer ela ficar confusa Toru — falou ele — você sabe tão bem quanto eu que não é tão simples assim... O futuro e feito por diversas variáveis que não posso prever, existem milhares de futuros diferentes que são alterados por mínimos detalhes. E se for só um objeto da pessoa... É ainda mais difícil de ver alguma coisa... — apesar de tudo ele olhava para mim, como se fosse uma lição particular.

— Entendi... — cocei os olhos como um tique nervoso — ou pelo menos acho que sim... E muita coisa para apenas um dia, não sei dizer mais se entendo ou não. Ah! Droga! — reclamei quando uma das lentes saiu do lugar, elas estavam começando a ficar incomodas pelo uso prolongado — preciso ir logo de qualquer jeito, preciso dos meus óculos, ou não enxergo muita coisa... Essas lentes não vão durar muito. Ou vocês têm uma cura mágica para miopia?

— Você usa lentes? ... — Ciel ergueu uma sobrancelha, mas eu já era imune a piadinha sobre ser míope — isso é meio nojento — ele disse enquanto eu tentava arrumar no meu olho.

Confirmei com a cabeça enquanto ainda tentava arrumar a lente no meu olho.

— Acho melhor nos apressarmos então — disse Arthur estendendo uma mão.

Por um momento fiquei indecisa sobre o que fazer e então depois de finalmente conseguir colocar a maldita lente estendi minha mão para ele, mas hesitei antes de tocar a do rapaz.

— Como... Como você vai fazer isso? — perguntei puxando minha mão de volta, não tinha exatamente uma grande resistência a dor... E no momento estava evitando o máximo possível.

— Não vai doer se é o que quer saber — respondeu Arthur convicto como se lesse minha mente — meu olho... — ele tocou o tapa olho — como Toru disse eu tenho um olho de deus... Apesar de eu achar que e mais um olho demoníaco do que de deus... — ele deu uma risada amarga — quando eu te tocar eu poderei usá-lo para prever o seu futuro.

— Eu posso ver? — perguntei animada, afinal não é todo dia que se pode ver um olho demoníaco. Ou de deus. Ou qualquer coisa que fosse.

Arthur hesitou, parecia numa pequena batalha mental consigo mesmo até finalmente abanar a cabeça e desistir do que quer que estivesse pensando e tirar o tapa olho.

Olhei-o com expectativa e quando ele abriu os olhos não pude deixar de ficar maravilhada, um de seus olhos eram castanhos claro como de uma pessoa normal, mas o outro era diferente, os olhos pareciam em tamanhos desiguais, mas era apenas porque a íris de um era maior do que a do outro, a borda da íris começava com um vermelho profundo, passando como um calidoscópio para reluzir em verde e amarelo, sem nunca deixar o vermelho de lado, sua pupila ela fina e longa como a de um gato.

— Que... — eu gaguejei — que bonito! — não consegui não sorrir, aquele olho era realmente bonito. Pelo menos alguma coisa tinha valido a pena.

Arthur riu, parecia um pouco atônito ao mesmo tempo. Um tipo de risada juvenil que eu não esperava em meio aquela melancolia e seriedade.

— Você é uma garota interessante Elizabeth — ele disse e pegou minha mão, seus olhos pareceram perdidos no vazio por um momento, mas logo mais parecem se focar em mim novamente — creio que você pode ir hoje mesmo — ele olhou para Toru — mas você terá de falar para Sasha criar um túnel bem fundo, perto da superfície eles também estão vigiando, vai ter que quebrar o piso da garagem. Se não, não irão conseguir nem encostar na casa.

— Você viu tudo isso em um instante? — perguntei espantada — quer dizer como... — ele recuou com o que parecia uma súbita dor de cabeça.

— Eu vi algumas formas de futuro diferentes, olhei todos os passos que você poderia tomar e esse era o único que você conseguia entrar sem ser capturada... — ele disse.

— Então você viu vários futuros? ... — falou Eliot parecia tão confuso quanto eu.

— Sim — confirmou Arthur.

Olhei ao redor da sala, Eliot e Ciel pareciam assombrados com esse poder, já Toru parecia um pouco desconfortável, Arthur aparentemente tinha notado os olhares alheios de meus colegas e isso o fez colocar novamente o tapa olho e se fechar novamente em sua reclusão melancólica reservada e desconfortável.

— Ok! Já temos o que precisamos! — disse Toru nos empurrando pela porta — até mais Arth! — ele se despediu e fechou a porta atrás de si.

A porta se fechou com um baque e logo mais fomos abandonados por Toru, restava apenas eu e meus seguidores irritantes que não me deixavam em paz.

— Qual o problema de vocês? — perguntei em quanto andávamos por um dos corredores, aparentemente aquela casa era tão grande quanto um hotel e poderia abrigar dezenas de pessoas, mas as partes principais utilizadas era apenas as da frente — porque agiram tão estranho com o Arthur?

— Ele é assombroso minha dama — respondeu Eliot — alguém que pode prever o futuro... — ele balançou a cabeça — com alguma coisa sua ele pode fazer qualquer coisa, pode prever qualquer coisa que queira... Segredos... Desastres... Ou até mesmo pode ser ele mesmo a provoca-los. Esse é um poder muito raro e temido e eu entendo a razão para tal.

Pensei por um momento, ele tinha razão, fazia sentido o que ele dizia, mas Arthur não parecia ser esse tipo de pessoa, ele nem mesmo parecia ter um servo e parecia ser tão... Solitário... Ele parecia mais novo que eu, mas provavelmente já tinha passado por muito mais, principalmente se todas as pessoas pensassem como Eliot.

— E você? — perguntei a Ciel — o que acha?

— Não tenho uma opinião própria sobre isso, mas acho que não deveria ficar perto dele — respondeu ele.

— Ok papai! — respondi com sarcasmo — entendi, você não quer que eu chegue perto de mais nenhum garoto.

Eliot riu e Ciel apenas resmungou, não entendia o porquê Arthur era tão temido... Ele parecia uma boa pessoa, mas ficar sozinho daquele jeito podia ser incrivelmente incomodo, eu podia ver que ele não gostava e aquela melancolia era dica o bastante. Eu tive Kate quando estava sozinha, ela tinha sido minha amiga mesmo quando eu me afastara de todo mundo e eu sabia o quanto era ruim se sentir sozinho.

Guerras dos Magos Mestiços I - PassadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora