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Arthur era um menino calado. E pelo jeito também solitário.

Era a primeira vez que o via e até agora não tinha entendido o porquê dele se isolar dos outros membros da casa. Era um garoto de uns 15 anos, não era tão alto para a idade, era ruivo e tinha rosto salpicado por diversas sardinhas, tinha um cabelo liso com uma franja que lhe cobria os olhos, tudo nele parecia ser levemente infantil, exceto sua expressão sombria e o tapa olho preto que cobria o olho esquerdo.

— Olá Arth! — Toru o cumprimentou — precisamos de algumas previsões... A nossa nova inquilina e mimada demais para ser contrariada.

— Você quer morrer dragãozinho? — perguntei para ele enquanto o fuzilava com o olhar.

— Ah! Que medo! Que medo! — zombou Toru — sabe quantos séculos de idade eu tenho para ter medo de uma bruxinha novata como você?

— Talvez você nunca tenha conhecido uma que possa chutar sua bunda como eu — eu disse para ele — você aparentemente não sai mudo de todas as formas — dei de ombros.

Toru pareceu ficar revoltado.

— Se eu fosse você pararia com isso Toru — advertiu Arthur — quem sabe no futuro ela pode realmente te matar.

Toru hesitante por um instante como se pudesse realmente estar assustado, mas logo sua expressão foi para uma ironia exagerada disfarçada com uma risada nervosa.

— Pare com isso Arth! Pode realmente me matar do coração um dia — Toru ria novamente como um legitimo palhaço, se aproximou de Arthur, mas o rapaz estreitou os olhos e Toru parou de avançar e mudou de assunto fingindo que não era nada disso que estava tentando fazer nada.

Apesar de toda a conversa informal Arthur não sorriu nenhuma vez, continuou sério escondendo os olhos por trás da franja comprida, ele estava simplesmente sentado na beirada de uma janela de um dos muitos quartos não utilizados, aparentemente toda aquela zombaria não o interessava pois ele apenas olhava para fora de forma apática, então pensei em quando Blake disse que algumas pessoas nunca se recuperam do choque de simplesmente virarem o que era chamados de bruxos.

Perdida em meus pensamentos nem mesmo notei as gracinhas de Toru, apenas ouvi quando ele chamou meu nome para nos apresentar.

— Arth... Essa e Elizabeth Bliss — ele apontou para mim, mas parecia mais uma dispensa — foi uma situação de emergência então ela está sem seus pertences e insiste que ela mesma tem que ir buscar... Blake mandou perguntar se você por acaso não poderia prever o futuro para saber quando será um bom momento para ela ir.

— Sinceramente eu não me importo — disse Arthur, mas seu olhar era quase de pesar — mas você sabe que não posso dizer com certeza o que acontecerá sem ver as outras pessoas... São muitas variáveis... Ela nunca poderá ser 100% segura...

— Sim, sim — respondeu Toru rapidamente balançando as mãos, apensar de tudo ele tinha uma grande quantidade de energia acumulada — eu sei, mas acho que não tem problema. De qualquer forma ela é irritante mesmo, não vai ser uma grande perda — ele riu dando de ombros, parecia apenas uma criança tentando irritar um adulto.

— Acho que não vai ser só o pulguento que irá perder a calda — Eliot comentou atrás de Toru, não tinha sido diretamente para ele, mas vi o dragão ficar rígido por um segundo. Por mais que fosse um fanfarrão ele não era tão forte assim.

— Acho que só vai ter uma pessoa perdendo a cauda — foi a vez de Ciel rosnar — e não vai ser eu.

— Oi — intervi penando em amenizar a situação —achei que quem estivesse sendo ofendida fosse eu. Eu que tenho que ficar irritada, não vocês — olhei para meus servos — e não se preocupem, minhas vinganças sempre são malignas...

Guerras dos Magos Mestiços I - PassadoWhere stories live. Discover now