She keeps me warm

My queens

Há alguns dias Chloe havia instalado um balanço de jardim na varanda. Era branco e confortável. E sempre que precisava pensar, era onde Melanie ficava.

Naquela tarde a menina estava se balançando, perdida em pensamentos. Seus pés flutuavam, e ela ainda não alcançava o chão.

Seus olhos permaneciam fechados, e silenciosamente naquele momento ela fez um pedido.

Chloe a observou através do vidro da porta, e decidiu ir até ela.

A ruiva sentou-se ao lado da filha e nada disse. Tudo que fez foi impulsionar ainda mais o balanço.

- Solte a cabeça pra trás, e continue com os Olhos fechados. - Disse. E Melanie seguiu sua orientação.

Aquilo era quase como voar. E estranhamente, apenas pelo fato de Chloe estar ao seu lado, Melanie sentia uma segurança plena.

- Você acredita em desejos que se realizam, mamãe?

- Sim, acredito.

- Tem algum motivo especial pra isso?

- Tenho. Um motivo forte pra isso.

- E qual é? - A pequena se voltou para a mãe, como se a encarasse, porém manteve os olhos fechados.

- Sua outra mãe. Me apaixonei por ela e mantive isso em segredo durante um tempo. Mas todos os dias eu desejava que ela me amasse de volta. E um dia aconteceu.

Aos 9 anos de idade, Melanie conhecia bem a história de amor de suas mães. E como conhecida. De trás pra frente. Poderia recitá-la nas exatas palavras se quisesse. Mas era sempre diferente toda vez que a ouvia. Porque sempre sentia o amor verdadeiro escorregar em sentenças apaixonadas, que partiam de ambas as partes.

Talvez nunca alcançasse algo parecido. Mas tudo o que faria era desejar. Quem sabe funcionasse para si? E ainda não importa tanto. Era cedo demais para pensar sobre amor romântico.

- Mas por que essa pergunta de repente?

Melanie não gostaria de conversar a respeito. Mas tinha consciência da própria incapacidade em esconder coisas das mães.

Então, tomou um grande gole de fôlego e começou:

- Na semana que vem vamos ter o baile anual.

- Eu ainda não entendo porque fazem essas coisas no ginásio. Três bailes no ensino médio já não estava de bom tamanho? Uh, enfim…o que isso tem a ver com a pergunta que me fez?

- A questão é que tem essa coisa estúpida de dança-pai-e-filha.

Chloe começava a entender onde a filha queria chegar.

- Então desejou ter um pai? - Não estava julgando, fora uma pergunta completamente normal.

- Não! - Negou firmemente. Demonstrando até certa repulsa a essa idéia. - Desejei que alguém colocasse fogo na escola durante o fim de semana.

A ruiva começou a rir.

Foi parando aos poucos e disse:

- Querida, não precisa de tanto radicalismo. Se você quiser ir ao baile, um dos seus avôs pode dançar com você.

- Mas eles moram longe da gente. Vão viajar só pra isso? E quando for a vez da Megan?eles vão estar ainda mais velhos. Idosos não podem viajar tanto.

- Então…isso é um não? Você não quer ir ao baile?

- Eu quero. Mas, eu não me sinto obrigada a seguir a cartilha.