I'm here

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Aubrey levantou, foi até Stacie e a abraçou. Ambas ainda choravam.

A morena sentiu uma dor profunda em sua alma. Era como se parte dela houvesse sido roubada.

E a loira sentia uma dor tão profunda quanto. Stacie havia sido marcada para sempre, por algo que nunca seria esquecido.
De repente, sentiu um pouco da tristeza abandonar seu corpo, dando lugar à raiva.

- Eu estou aqui.  - Disse alisando as costas de Stacie. - Eu te amo.

Minutos mais tarde, quando Stacie estava mais calma, Aubrey entrou de novo no assunto, por sérios motivos.

- Você precisa denunciar. E precisamos ir ao médico.

- Eu sei. - Disse fraco. - Preciso de você. Preciso do seu apoio.

Aubrey dirigiu em silêncio até uma delegacia.  Ela sabia que a pior parte estava por vir. Quando estacionou,  sua mão capturou a da namorada, e ela lhe ofereceu um sorriso de consolo.

Após um longo depoimento, a pior parte estava prestes a se realizar. O exame de corpo de delito.

Stacie se despiu na sala privada e se preparou para momentos de vergonha e dor. Dor emocional.
Aubrey se manteve ao lado dela o tempo todo.

Quando tudo havia sido feito,  a mulher que recolheu  as amostras disse:
- os resultados ficam prontos em algumas horas. Mas pelas marcas já te adianto, você foi mesmo violada. Eu sinto muito.

- Vocês não tem que dar remédios à ela? - Interveio Bree.

- Sim, é isso que faremos agora. Coquetéis anti HIV e uma pílula do dia seguinte.

Horas mais tarde; De volta à casa, Stacie se deitou e pediu que Aubrey deitasse ao lado dela.
As amostras deram positivo para sêmen. E quando ouviu sobre o resultado,  Stacie sentiu culpa,  mesmo sabendo que não devia. Culpa e vergonha a preenchiam agora. Tamanha sua vergonha que pediu para Aubrey não contar nada às outras.

- Você vai se recuperar disso. Eu estou aqui. - A loira apertava forte sua mão.

O motivo tolo da briga fora ciúmes, e neste momento Aubrey se arrependeu de tudo. De ter gritado com Stacie,  de Tê-la chamado de idiota.
Sua falta de controle causou à sua namorada aquela desgraça. E ela nunca se perdoaria por isso.

Duas semanas haviam se passado.
Tudo voltara ao normal.

Exceto pela saúde de Stacie.
Seu corpo rejeitava tudo que tentava comer. E ela vomitava como se estivesse em uma ressaca eterna.

- Sabe que precisa ir ao médico,  não sabe? - Chloe questionou retoricamente.

- É engraçado. Esses foram os primeiros sintomas de quando eu estava grávida da Melanie. - Beca riu. - Mas, não se preocupe com isso. Aubrey não tem como ter feito um bebê em você. - Riu mais um pouco.

Foi então que o mundo de Stacie desmoronou de vez.
Esta era uma possibilidade. Estar grávida.

Mais tarde, quando sua namorada chegou da ioga, Stacie compartilhou sua dúvida.

- Vamos comprar um teste.

Stacie estava tão ansiosa que fez o teste no banheiro da farmacia mesmo. Até porque, as Bellas não podiam saber.

O medo era tanto, que fechou os olhos e pediu para que a loira visse o resultado.

- Você está grávida.

Foram as três palavras mais duras de sua vida. O chão pareceu sumir debaixo de seus pés.
Ela estava grávida de um estranho que a estuprou.
Esperava o bebê fruto de um crápula desconhecido.
Nada daquilo parecia soar bem.
Ela não suportaria.
Não teria aquele bebê.
Não havia como.

Como conseguiria olhar para ele e amá-lo?  Não, ela veria o rosto de seu agressor.

As lágrimas vieram com força total. Stacie deixou-se cair de joelhos no piso frio.
Suas mãos envolvendo o ventre, enquanto seu choro tornava-se cada vez mais audível.

Doía como nunca. Era a dor mais insuportável de todas.
Deixara de acreditar em inferno a partir daquele momento. Este era o verdadeiro inferno.

Aubrey a abraçou, deixando seu vestido ser inundado pelas lágrimas dela.

                                             ***
Stacie segurava firme as mãos de Aubrey. Ela era seu porto-seguro. Havia algo de especial na loira que a tranquilizava, passava segurança.

A morena encarava o relógio,  seus ponteiros se movendo, e ouvir o som lhe deixava mais ansiosa.
Estava contando os minutos para o momento mais decisivo de sua vida.

O momento em que interromperia uma vida em progressão.
Isso seria um ato egoísta? 
Mesmo não pedindo por aquilo, mesmo sendo fruto da maior violência que uma mulher pode sofrer, seria justo o que estava prestes a fazer?

Stacie fora assaltada por um momento de dúvida.
Seus olhos se encheram e ela desabou.

- Eu não posso. Não consigo fazer isso. - Chorava cada vez mais alto. Ela encarou Aubrey com desespero crescente. - Vamos embora!

A loira a abraçou forte.
E aquele gesto fora a confirmação final de que Stacie precisava para ir embora dali. Aquele aperto de alguém que a amava, dizia tudo. Que ela nunca estaria sozinha, não importando a dificuldade que se colocasse em seu caminho.

Stacie estava deitada, encarando o teto e pensando em como seria sua vida futuramente. Tudo que conseguia pensar era que não estava pronta para dizer a ninguém.  Ela Suspirou, viro para o lado e acabou cochilando.

Nos dias que se seguiram, algo engraçado aconteceu à Stacie em todas as manhãs.

Em todas as manhãs,  exatamente as 8h buques de lírios roxos foram entregues  para ela. Vieram sempre com um cartão dizendo "Você é dona de si mesma. Nada de ruim poderá te marcar para sempre, porque você nasceu para brilhar e espalhar alegria por onde andar. Em alguns momentos, a tristeza pode te alcançar,  mas ela nunca conseguirá ficar.
- Ass: Alguém".

Stacie sorriu e cheirou as flores, em todas as sete vezes em que aconteceu. Analisando a situação,  chegou a conclusão de que a pessoa por trás daquilo só podia ser Aubrey.  Pois era a única que sabia sobre o ocorrido.

A morena sorriu amplamente. Colocou as flores em um vaso com água.

Ela caminhou até a sala e viu Beca com Melanie nos braços.

- Eu posso segurá-la?

- Claro. - Beca passou a bebê para os braços de Stacie com todo o cuidado. - Sua afilhada é bem risonha, sabia?

Mel estava sorrindo.

- Onde está Chloe?

- Foi comprar uma pomada especial pra mim.

As sobrancelhas de Stacie se ergueram.
- Por que?

- Estou com os mamilos rachados. Melanie me mordeu algumas vezes, e sabe…mesmo sem dentes ainda machuca. E o próprio movimento de sucção e atrito causa ressecamento e rachaduras. Mas logo passa.

- Ual.

- O que foi?

- Nada, é só que…quando te vi pela primeira vez nunca pensaria te ver nessa situação de mãezona e tal.

- Pois é. As pessoas mudam, ou as vezes nem são 100% do que imaginamos.

- Beca…você acha que eu seria uma boa mãe?

- Claro. Um dia você vai ser uma ótima mãe. Tenho certeza. - Ela sorriu.

De certa forma aquilo confortou Stacie. Ela sentiu verdade nas palavras de Beca, e isso a acalmou.

She keeps me warm Where stories live. Discover now